A deputada estadual Iriny Lopes (PT) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) planeja dar um golpe institucional para manter-se no poder e cometeu “crime de responsabilidade, previsto na Constituição”, ao repassar e endossar o ato contra o Congresso Nacional. “Nossa resposta deve ser nas ruas, com um grande movimento popular pela democracia. Não vamos cair na armadilha de quem planeja o retorno da ditadura militar desde antes das eleições”, acrescentou.
A afirmativa da parlamentar, divulgada em rede social, contesta Bolsonaro por ter conclamado, em vídeo, a população para um ato a favor do governo e dos militares e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), a ser realizado no próximo dia 15.
A mensagem presidencial provocou reação imediata de lideranças políticas e de várias instituições e entidades representativas da sociedade civil.
Diante dessa situação, Bolsonaro recuou e tentou minimizar os efeitos negativos de sua fala, mas, para Iriny Lopes, “não foi um ato impensado, mas meticulosamente calculado, para gerar um possível pedido de impeachment, confronto social que justificasse o 'fechamento' das instituições”.
A deputada acha que “ainda que queira alegar que repassou o vídeo em sua rede particular do WhatsApp, ele é figura pública, presidente da República, e qualquer manifestação sua atentando contra as instituições não se enquadra na esfera privativa”.
Iriny comenta a fala do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que também foi às redes sociais para esclarecer o caso: depois de afirmar que o “Executivo não poderia ficar refém do Parlamento e que por ele daria um “fod…” [palavrão que o desqualifica para o cargo] não foi 'vazada' gratuitamente”.
Tudo foi considerado bem planejado, inclusive o repasse do vídeo por WhatsApp, confirmado a jornalistas pelo amigo do presidente, o ex-deputado Alberto Fraga. “Sim, Bolsonaro quer o golpe, provocando o Congresso Nacional. Nossa resposta deve ser nas ruas, com um grande movimento popular pela democracia”, convocou Iriny.
O presidente Jair Bolsonaro disparou nessa terça-feira (25) do próprio celular, pelo WhatsApp, um vídeo com uma convocação para as manifestações de 15 de março organizadas por movimentos de extrema direita para defender o governo e protestar contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A gravação, em tom dramático, mostra a facada que Bolsonaro recebeu em Juiz de Fora, Minas Gerais, para dizer que ele “quase morreu” para proteger o país e, agora, precisa que as pessoas vão às ruas para defendê-lo.