Vandinho Leite emendou: “nesse quesito, eu prefiro fazer como Bolsonaro fazia – não conheço nada de economia”
O deputado Vandinho Leite (PSDB) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (13), para defender a política dos juros altos do Banco Central, de 13,75% ao ano, a mais elevada do mundo, e afirmar que o presidente Lula não deveria se meter com a economia. Ao abordar um tema nacional, como ele ressaltou, o parlamentar fez comparações com períodos anteriores e acentuou que existe “uma guerra de narrativas entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto”.
“A minha fala não tem nenhum viés ideológico, até porque o ex-presidente Donald Trump também tinha essa mania de interferir no banco central americano, também conhecido ou chamado de FED [Federal Reserve System]. Uma parte muito pequena da população acompanha ciclos econômicos, a economia, mas os juros nada mais é (sic) um remédio amargo para conter a inflação”, disse o deputado.
A polêmica surgiu no último dia 19, quando o presidente Lula, em entrevista à imprensa, questionou a eficácia da independência do Banco Central e sua importância para a economia brasileira. Ele disse que “nesse país se brigou muito para ter um Banco Central independente achando que iria melhorar o quê? Eu posso te dizer com a minha experiência. É uma bobagem achar que um presidente de um Banco Central independente vai fazer mais do que fez o Banco Central quando o presidente é quem indicava. Eu duvido que esse presidente do Banco Central seja mais independente do que foi o [Henrique] Meirelles”.
Para Vandinho, “todo o mundo está aumentando a taxa de juros”, mas não informou que as praticadas no Brasil atualmente são as mais altas, destacando que, no seu entender, “político, presidente, não deveriam se meter nessa parte da economia, ao ponto de interferir, pois isso nunca deu certo em lugar nenhum do planeta”.
Acrescentou o parlamentar que a “inflação é lá o aumento do preço da carne, do arroz, do feijão, da gasolina e os juros nada mais é (sic) a taxa que mede…os financiamentos, ou seja, se uma pessoa, uma empresa, precisa fazer um financiamento, a taxa de juros contém o crescimento dos países com o objetivo de conter a inflação”. Deixou de comentar que o Banco Central não deve cuidar, segundo as regras estabelecidas, apenas da inflação. Sob sua responsabilidade estão, também, o disciplinamento do sistema financeiro e os meios para garantir geração de emprego, pontos que foram esquecidos na gestão Bolsonaro.
Para o professor Guilherme Henrique Pereira, doutor em economia, “a historinha’ que contam é que, aumentando a taxa de juros, os produtos ficam mais caros, portanto, a demanda por bens diminui. Ora, a inflação é dada pela variação dos preços dos bens de consumo. Será que alguém deixará de consumir alimentos porque a taxa de juros aumentou alguns décimos por ano? Deixará de consumir outros bens por que a prestação aumentou alguns centavos?”.
“A observação da nossa realidade indica que esta ‘historinha’ não tem fundamento. Ter por aqui a taxa mais alta de juros da maioria dos países pode atrair capitais especulativos, isso poderá ter efeitos sobre o câmbio e barateamento (para o brasileiro) dos produtos importados, aí sim pode ter muitas consequências sobre a economia”, acentua o professor. .
Vandinho disse que Bolsonaro “fez bem – em não interferir -, porque política econômica é uma coisa que precisa andar com autonomia perante os governos. Trump errava e Lula está errando muito. Nesse quesito eu prefiro fazer como Bolsonaro fazia – não conheço nada de economia”.