A cada sessão na Assembleia Legislativa fica mais evidente a falta de controle do Executivo nas matérias que tem interesse. Nesta segunda-feira (23), os deputados da Mesa Diretora ignoraram a recomendação do líder do governo na Assembleia, Gildevan Fernandes (PV), em um projeto que proíbe a retenção ou apreensão de veículo em decorrência da não comprovação do pagamento do IPVA.
O projeto tramitava na Comissão de Justiça, quando o presidente do colegiado, deputado Rodrigo Coelho (PT), que já havia extrapolado o prazo regimental – o pedido para a análise foi em 11 de março passado –, pediu mais tempo para analisar o Código Nacional de Trânsito. O presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), consultou então os membros da Mesa Diretora, autora do projeto.
O primeiro secretário, Enivaldo dos Anjos (PSD), se colocou contrário à concessão de mais prazo, pois o deputado do PT já teria tempo suficiente para fazer a análise.
O líder do governo veio então em socorro ao petista, afirmando que era necessário mais tempo para adequar à matéria. A mensagem palaciana, incutida na fala de Gildevan, porém, não foi acatada pelos deputados. O segundo secretário da Mesa, Cacau Lorenzoni (PP), também se posicionou contrário a conceder mais tempo para a Comissão de Justiça, assim como Ferraço.
Diante da pressão da Mesa, o parecer da Comissão de Justiça foi pela aprovação da constitucionalidade da matéria. Depois da votação na comissão, Gildevan foi à tribuna para mais uma vez defender a cautela na aprovação da matéria, que pode gerar perda de receita para o Estado.
O episódio mostra que o clima na Casa não é favorável ao governo, na figura do líder, nem do secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Roberto (PMDB). O jeito incisivo do peemedebista, que foi chamado de líder informal do governo Paulo Hartung no período da transição, não tem agradado os deputados. Isso porque o diálogo teria cessado com o início do novo governo.
O líder, segundo alguns deputados, têm se limitado a indicar a votação de acordo com o interesse do governo, mas não tem conversado com os deputados. Tido como a voz de Paulo Hartung na Assembleia, não tem conseguido fazer a defesa do governo sem atritos com o plenário.