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​Deputados mantêm o viés político em debate sobre o uso da hidroxicloroquina

Iriny Lopes (PT) e Hudson Leal (Republicanos) abordaram a guerra bacteriológica entre EUA e China

Do simples farmacêutico do interior, que na falta de médico aponta meios para curar doenças, citado pelo deputado Enivaldo dos Anjos (PSD), até uma complexa guerra bacteriológica entres grandes potências da geopolítica mundial foram temas marcantes da sessão virtual da Assembleia Legislativa desta quarta-feira (15), quando o uso da hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19 foi um dos destaques. 

Como ocorre desde o início da pandemia, o viés político esteve presente às falas dos parlamentares, nas quais sobraram críticas à imprensa e ataques ao “secretário comunista”, uma referência do deputado Carlos Von (Avante) ao médico Nésio Fernandes, que ocupa a pasta da Saúde, responsabilizado por ele pelas mortes de capixabas em decorrência da doença.

Existem prós e contra ao uso do medicamento, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, que impacta a sociedade, alarmada com a ausência de uma política específica e centralizada para combater a pandemia no País. Nessa terça-feira (14), a gestão Bolsonaro completou dois meses sem um ministro da Saúde, pasta que é tocada por um general da ativa, quando são contabilizados quase 80 mil óbitos, mais de dois mil no Espírito Santo. .

Desde o início da pandemia, Carlos Von, pré-candidato a prefeito de Guarapari, defende o uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes com Covid-19. Faz parte de um grupo político alinhado à deputada federal Soraya Manato (PSL), que é médica e segue a linha do presidente.

O deputado Hudson Leal (Republicanos), também pré-candidato, em Vila Velha, discordou de Enivaldo dos Anjos, que achou natural as várias opiniões em diversos países, e apresentou pesquisas atestando a eficácia do medicamento, realizada por cientistas gabaritados, segundo ele. Hudson desmereceu estudos divulgados por cientistas contrários ao uso da hidroxicloroquina, disse que a Organização Mundial da Saúde (OMS) é “um órgão político, que está completamente perdido”, e destacou a “imprensa do mal”, que no seu entendimento veicula desinformação.

O parlamentar não parou por aí: “A China é o grande culpado”, passando a apontar nomes de chineses mortos para não revelar segredos a respeito do surgimento do coronavírus. O assunto é tratado entre as grandes potências, com acusações entre esse país e os Estados Unidos, como parte dos movimentos pelo controle da geopolítica mundial, nos quais os norte-americanos permanecem em desvantagem, de acordo com indicadores especializados.

Já a deputada Iriny Lopes (PT), apesar de concordar de que o surgimento do novo coronavírus ocorreu em laboratório, mostrou-se contrária à colocação de Hudson sobre a China. “A guerra bacteriológica se transformou em uma guerra pela hegemonia e os Estados Unidos querem retornar à hegemonia”, perdida a partir da crise de 2008.

Para Iriny, o debate em torno do uso da hidroxicloroquina foi politizado e afirmou que quem lucra com a venda desse medicamento é Ogari de Castro Pacheco, diretor do laboratório Cristália, eleitor de Jair Bolsonaro e segundo-suplente do líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO). O empresário é cofundador do laboratório e prestigiado pessoalmente pelo presidente.

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