A se confirmar a candidatura do governador Paulo Hartung (MDB) à reeleição, como tudo indica, a campanha eleitoral deste ano será polarizada entre ele e o ex-governador Renato Casagrande (PSB), já que a terceira postulante à vaga, a senadora Rose de Freitas (Podemos), entra para garantir o segundo turno.
Embora com as mesmas bases de sustentação, fincadas em círculos empresariais, os dois pré-candidatos apresentaram, até agora, discursos diferenciados. Enquanto Casagrande se direciona, prioritariamente, às comunidades de periferia, Hartung investe com mais força nos núcleos urbanos e concentração de poder.
Em recentes pronunciamentos, eles deixaram essas características bem claras: Hartung, no encontro do Instituto dos Executivos Financeiros (Ibef), realizado em Pedra Azul, Domingos Martins, e Casagrande em encontro de comunidades de Riviera da Barra, município de Vila Velha.
Com o objetivo de ouvir as comunidades e as lideranças de cada município capixaba sobre as principais demandas e necessidades, acontece em todo o Espírito Santo o “Conversa de Futuro”, realizado pela Fundação João Mangabeira em parceria com os diretórios municipais do PSB.
Nesses encontros, o ex-governador aborda temas que tocam mais diretamente o dia a dia das comunidades, fala em calçamento de rua, limpeza pública, programas de saúde e outros relacionados às necessidades sociais. Em Riviera da Barra, Casagrande defendeu a reativação de programas sociais e a continuidade de obras de seu governo.
Já Paulo Hartung mantém o mesmo diapasão, mais distanciado do cotidiano. Em encontro promovido pelo Instituto de Executivos Financeiros, o governador defendeu a necessidade de uma agenda política para o País e condenou o populismo latino-americano.
Durante o evento, ele ainda fez uma análise da recente história econômica do Estado durante o período de crise socioeconômica nacional e disse que o Brasil caminhava em uma direção equivocada e que, novamente, o Espírito Santo flertava com a desorganização. “Corrigimos a rota. Fizemos o mais complexo ajuste das contas públicas. Tivemos que viver com incompreensões, mas valeu a pena”.
São dois projetos opostos, embora carreguem a mesma base de sustentação: um mais popular, priorizando as políticas sociais. Outro com visível e estreita ligação com as camadas da sociedade que já exercem o domínio social e político, privilegiando as regras do mercado.