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‘Discussão’ faz prefeito de Jerônimo Monteiro pedir desocupação da Câmara

Segundo o presidente da Casa, Sérgio Fonseca prometeu retirar solicitação feita na semana passada

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“Eu sempre fui muito amigo do prefeito”, afirma o presidente da Câmara de Jerônimo Monteiro, no sul do Estado, Wagner Ribeiro Masioli (PSB). “Ele veio alterado conversar comigo. Eu também já estava muito nervoso e acabei discutindo. Ele quis mostrar poder e pediu o espaço da Câmara”, relata.

Ou seja, uma “pequena discussão” foi o motivo de o prefeito Sérgio Fonseca (PSD) ter solicitado a desocupação do espaço da Câmara de Vereadores, por meio de um ofício encaminhado na última sexta-feira (16). Segundo Wagner, que diz que o motivo da briga foi “bobo”, Fonseca prometeu retirar a solicitação, o que ainda não ocorreu.

Três dias depois do ofício de desocupação, na sessão ordinária dessa segunda-feira (19), os vereadores aprovaram a abertura de uma Comissão Processante (CP) e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o chefe do Poder Executivo.

A Câmara funciona no segundo andar do prédio da administração municipal, e a prefeitura alegou, na ocasião, que necessita do espaço, tendo em vista que paga aluguel de outros lugares onde funcionam unidades administrativas. Foram dados 30 dias para a desocupação.

Na sessão de segunda, pronunciando-se sobre a situação, o presidente da Câmara afirmou que, em dezembro, já havia comunicado o desejo de sair do prédio, e os vereadores estavam analisando imóveis. Inclusive, há um terreno doado no passado pela prefeitura à Câmara para a construção de uma sede própria.

Porém, os vereadores não obtiveram sucesso até o momento na escolha de um imóvel, e a construção de um novo prédio custaria em torno de R$ 2 milhões. Apesar dessas negociações, a decisão mais recente da prefeitura não foi debatida com antecedência com os parlamentares, segundo o presidente.

“Como presidente, eu fiquei extremamente chateado. Porque diversas vezes eu subi ao palanque do chefe do Poder Executivo, e o prefeito falou que esta Câmara é uma Câmara parceira. Aí eu chego aqui na Câmara e nós estamos sendo despejados com prazo de 30 dias. Não se faz isso com um amigo, com um parceiro. Mandando a gente embora, está mandando o povo embora. Se a gente tiver que sair, quem vai perder é o povo, porque quem elegeu os vereadores foi o povo”, protestou Wagner.

“Até onde eu sei, esse prédio tem mais de 30 anos, e até agora, pelo que eu sei, não aumentou a prefeitura a ponto de ter que tirar a Câmara. Por que o alvo seria a Câmara? Hoje eu tenho 15 funcionários na Câmara. E se eu tiver que alugar um cômodo pequeno e precisar mandar 15 funcionários embora? Eu acho que, pelo fato de a gente ser tão parceiro e tão amigo, não custaria nada ter o diálogo”, completou.

“É muito chato a forma como está sendo feito. Mas eu sempre disse nessa Casa de Leis: a Câmara jamais deveria ser em cima da prefeitura. Nós somos um poder independente. Presidente [Wagner], pode contar com a gente: vamos sair daqui!”, opinou o vereador Thiago Bernardo de Souza (PP) durante a sessão.

Processos

A Comissão Processante se refere a uma possível quebra de decoro do prefeito, devido à sua condenação por furto de energia. O Ministério Público do Espírito (MPES) denunciou Fonseca após a EDP verificar que ele utilizava um “by pass” em sua propriedade rural para obter eletricidade fora do medidor oficial.

Sérgio Fonseca foi condenado, em primeira instância, a um ano de prisão em regime aberto e dez dias de multa, mas a pena foi convertida no pagamento de um salário mínimo. A sentença proferida pelo juiz Fernando Antônio Lira Rangel é do dia 8 de agosto de 2023, mas ganhou os holofotes neste mês de fevereiro.

Já a CPI é para apurar possível irregularidade na distribuição de materiais de construção, implicando diretamente o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Obras Públicas e Transportes, José Valério Binoti Netto, apontado como um pré-candidato a prefeito.

Os materiais, que visam repor perdas de moradores por conta de uma chuva de granizo ocorrida em 2021, estariam alocados em um local chamado de “barracão”, sob a responsabilidade da secretaria, e há apontamentos sobre falta de critérios na distribuição dos materiais.

Os dois casos tiveram como ponto de partida publicações nas redes sociais do ex-vereador Mitter Mayer (PP), ferrenho opositor de Sérgio Fonseca em seu primeiro mandato, de 2017 a 2020.

Século Diário entrou em contato com o gabinete da Prefeitura de Jerônimo Monteiro, mas foi informado de que o contato deveria ser veio via assessoria de imprensa, que não deu retorno.

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