Lelo Coimbra, por ser da Comissão Executiva, foi o único filiado do Estado apto a votar na disputa
Somente na próxima semana é que a Nacional do MDB irá analisar a crise do partido no Estado gerada por divergências entre grupos do ex-deputado federal Lelo Coimbra e da ex-senadora Rose de Freitas, que ocorrem desde 2019 e resultaram no encolhimento do partido no Estado. O assunto já deveria ter sido discutido, mas por conta da reeleição do deputado federal Baleia Rossi, de São Paulo, nesta quinta-feira (5), foi adiado.
Baleia foi reeleito em chapa única para a direção nacional do partido, por mais dois anos de mandato, com apenas um voto do Espírito Santo, do ex-deputado Lelo Coimbra. “Votei como membro do diretório. A Rose não faz parte, pois entrou depois que o diretório nacional estava constituído”, explica Lelo, acrescentando que no Estado não houve eleição de delegados.
O MDB capixaba está sem comando desde 22 de setembro, quando ocorreu empate na votação para a nova Executiva e encerrou-se o mandato de Rose na comissão provisória. Os filiados aguardam a indicação de um nome para presidir outra comissão provisória e, em até 90 dias, eleger a Executiva e a Comissão de Ética.
Na lista de nomes, consta o do vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB). A filiação era dada como certa em julho deste ano, mas deve ser definida depois das eleições municipais.
Ferraço deve assumir o governo antes das eleições gerais, de 2026, para tentar a reeleição. Antes, necessita avaliar o cenário depois da votação de 2024, a partir do resultado de cada um de seus correligionários. Em Vitória, o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) se movimenta para entrar na disputa à prefeitura, estimulado pelo vice-governador, o que estaria impedindo que Ricardo aceite o convite já formulado por Baleia Rossi, com o apoio dos dois lados divergentes, Lelo e Rose.
“O que espero é o reconhecimento de que houve uma convenção empatada no Espírito Santo”, afirma Lelo, e destaca: “Rose somente conseguiu empatar por fraude na constituição de diretórios e na pressão do governo em seu favor. O que for tratado, que seja discutido com nossa participação”.
Já o advogado emedebista Sirlei de Almeida, ao analisar o quadro, desabafa: “Infelizmente, não participamos da votação na convenção nacional, posto que esquecido, o partido não consegue nem mesmo que o estatuto seja respeitado. Não suportamos mais tanto descaso”. Ele lembra a permanência da ex-senadora à frente do MDB por mais tempo do que o permitido e reitera irregularidades.
“Desde a nomeação de Rose – em 2021 -, que o MDB no Espírito Santo e o MDB nacional vêm desrespeitando o estatuto. Não existe uma ata, uma deliberação colegiada, uma reunião dos demais membros da comissão provisória, todas as impugnações engavetadas. O devido processo legal completamente ignorado e envolvido pela arbitrariedade, sem o mínimo resquício de democracia”, diz.
Sirlei aponta que a Nacional “se omite apesar do conhecimento dos problemas, promove renovações de mandato não previstas em estatuto, sem justificativas e antecipação de quotas do Fundo Partidário, sem razoabilidade para tanto, não instaura qualquer procedimento mesmo diante da comunicação de notícia-crime por desvios de recursos”.
O MDB nacional é comandado desde 2019 pelo deputado federal Baleia Rossi (SP), que conduzirá a legenda por mais dois anos. Já em 2021 e 2022, ele foi reconduzido ao cargo pela executiva nacional da sigla. Neste ano, o deputado voltou a ser submetido à convenção, que é a maior instância decisória do partido.
Apenas uma chapa foi considerada apta para concorrer ao comando e diretorias, conforme o estatuto da legenda, no caso, a “60 anos de democracia”, com a participação de nomes como a ministra Simone Tebet, Renan Calheiros, Renan Calheiros Filho, Flaviano Melo, Isnaldo Bulhões, Rafael Brito, Paulo Dantas, Eduardo Braga e Sandra Braga. Também integram a chapa Acácio Flavacho, Francisca Favacho, Alex Futuca, Ibanês Rocha, Jose Sarney, Roseana Sarney, Jader Barbalho, Jader Barbalho Filho, Elcione Barbalho e Helder Barbalho.