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Em voo solo, Amaro confunde mercado político para 2018

O deputado Amaro Neto (SD) deu um nó na classe política ao declarar que seria o “vice dos sonhos” do governador Paulo Hartung (PMDB). Isso porque, a expectativa é de que ele dispute o Senado como candidato da Assembleia. Um grupo de 20 deputados estaduais chegou a lançar um projeto de debate, mirando o palanque do colega na disputa para 2018. Mas depois do “lançamento” esfuziante da candidatura, o projeto esfriou e hoje não há mais certeza, por parte dos parlamentares, sobre os caminhos políticos de Amaro.
 
Seu breve mas poderoso currículo na política põe Amaro entre os players da disputa de 2018. O apresentador de TV foi o deputado estadual mais votado na eleição de 2014 e por muito pouco não bateu Luciano Rezende (PPS) na disputa pela Prefeitura de Vitória em 2016. O retrospecto impressionante dá confiança a Amaro, que se sente confortável para deixar a dúvida no mercado político. Ele tanto pode concorre ao Senado como compor chapa como vice de Hartung.
 
Na Assembleia, a impressão é de que o movimento dos parlamentares de agosto para cá, mês de “lançamento” da candidatura de Amaro ao Senado, não evoluiu. A expectativa dos deputados era a de rodar o Estado com o colega, debatendo o projeto nas bases. Tudo isso de carona no prestígio do parlamentar, que é hoje uma das lideranças políticas mais populares não por causa de seu desempenho na Assembleia, mas graças à audiência conquistada no seu popularesco programa de TV. Abandonados pelo Palácio Anchieta, os deputados veem a aposta em Amaro escorrer pelos dedos.
 
Os deputados começam a entender que o projeto político de Amaro tem um voo solo, não garantindo musculatura para quem o acompanha. Já na disputa ao Senado, a entrada do deputado na disputa é um fantasma que vem acompanhando os dois titulares das vagas em jogo no próximo ano, que buscam a reeleição: Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB). 
 
Após oito anos de mandato os senadores sofrem com o que o mercado político chama de “fadiga de material”. Uma nova figura política no cenário poderia ameaçar as reeleições de Magno Malta e Ricardo Ferraço. Além de Amaro, também são cotados para a disputa o deputado estadual Sergio Majeski (PSDB) e o ex-governador Renato Casagrande (PSB), que também se mostram competitivos para a disputa. 
 
Mas ao apontar a possibilidade de compor uma chapa na vice do governador Paulo Hartung, Amaro abre espaço para uma acomodação dos senadores. Se ficar fora da disputa, Amaro deixa um importante capital de votos que seria disputado entre Magno e Ricardo. O problema é que nem Amaro, nem Renato Casagrande e nem Sergio Majeski confirmam por enquanto qual caminho seguirão na disputa do ano que vem. 
 
Se o primeiro pode ser candidato a vice, os outros dois podem disputar o governo do Estado ou amarrar uma chapa de oposição ao palanque palaciano. Todas essas incertezas aumentam a inconsistência no campo a ser definido na disputa ao Senado. 
 
Por isso, os dois senadores fazem movimentos diferentes na busca de aumentar suas visibilidades e musculaturas políticas para 2018. Magno Malta tem seguido a linha conservadora, pegando carona em polêmicas nacionais para atrair o público mais suscetível a questões subjetivas. Já o senador Ricardo Ferraço protagonizou esta semana um episódio arriscado, licenciando-se do mandato, como forma de protesto contra a decisão do Senado em devolver o mandato ao senador Aécio Neves. 
 
Com a manobra, além de se colocar como um catalizador das inconformidades do eleitor com a decisão, Ricardo Ferraço pode ficar fora da votação mais polêmica do ano: a reforma da Previdência. Seria uma estratégia para não acumular mais impopularidade, já que o senador teria saído com a imagem desgastada após exercer protagonismo na reforma trabalhista.

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