Na noite da última segunda-feira (18), um petit comitê tucano se reuniu para discutir os nomes interessados em comandar a estadual do partido. O prefeito de Vila Velha Max Filho e o vice-governador César Colnago disseram ao presidente da legenda, Jarbas de Assis, que querem disputar a convenção do dia 11 de novembro. O senador Ricardo Ferraço, que também estava na reunião, avisou que não tem interesse em comandar o partido. Após o encontro, Jarbas defendeu uma candidatura de consenso que possa acomodar Max e Colnago.
Apesar do clima de harmonia propalado pelo atual presidente, algumas lideranças políticas entendem que Colnago representaria a manutenção da aliança com o governador Paulo Hartung (PMDB); já Max traria mais independência à legenda e, consequentemente, aumentaria as chances de o partido lançar candidatura própria ao Senado e ao governo. Mas alguns tucanos apostam numa terceira via que garanta o afastamento do Palácio Anchieta.
Neste sentido, ganha força dentro do partido a entrada do ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas no processo interno pelo comando da legenda. O secretário Nacional de Desenvolvimento Urbano do Ministério das Cidades traria uma candidatura anti-Hartung para a disputa e quebraria um caminho de consenso entre Max e Colnago.
Esse grupo que quer Luiz Paulo na disputa, teme que a harmonização entre Colnago e Max mantenha o partido dentro do projeto de Hartung. Isso porque, Max tem uma ótima relação com Colnago, seu padrinho político no PSDB. Quando deixou o PDT, na época em que sofria embargo do Palácio Anchieta, Max não teve dificuldade de encontrar uma sigla para abrigá-lo, e Colnago estendeu a mão, abrindo as portas do PSDB para o prefeito de Vila Velha. Essa relação torna insegura para parte dos tucanos a expectativa de que Max venha a endurecer a disputa com o vice-governador.
A movimentação que envolve o comando do partido no Estado segue dois caminhos: o primeiro é interno, com a preocupação em manter o legado da atual gestão, que organizou o partido no Estado e fortalecer as lideranças internas. Outra preocupação é externa, e tem relação com o cenário político do Estado, sobretudo com a disputa eleitoral de 2018.
O governo do Estado tem interesse na eleição de Colnago para conseguir o controle do partido. Para isso, estaria oferecendo a manutenção dele como candidato a vice na chapa de Hartung em 2018. Essa estratégia esbarra, porém, no código de ética do Estado que impede que membros do alto escalão do governo assumam presidências de partido. Embora, o grupo de Colnago defenda que a regra só valeria para os secretários, a resolução não especifica isso e há uma apreensão interna de que possa haver uma manobra para abrir uma brecha que permita a disputa do vice.
Já o grupo que defende a candidatura de Max Filho, entende que o partido não pode permanecer a reboque dos interesses eleitorais do governador Paulo Hartung, já que em 2016 essa relação não trouxe ganhos para o PSDB. Ao contrário, lideranças históricas do partido, como Ricardo Santos e Willian Galvão, foram exonerados do Bandes por Hartung.
Para os interlocutores, a entrada de Luiz Paulo Vellozo Lucas na disputa traria uma expectativa de embate duro pelo comando do partido, com o peso político que o grupo anti-Hartung precisa para garantir o controle da legenda e o comando do processo eleitoral para o próximo ano. Entre os principais trunfos a serem discutidos no processo eleitoral está o nome do deputado estadual Sergio Majeski, que teria musculatura política, inclusive, para protagonizar um palanque ao governo do Estado como oposição a Paulo Hartung.