Atual legislatura não tem mulheres e é majoritariamente conservadora; ativista trans e professora estão no cenário
A atual legislatura da Câmara de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo, não tem nenhuma mulher e os parlamentares têm perfil majoritariamente conservador. Diante disso, pré-candidaturas de esquerda do município já se articulam para tentar reverter esse quadro nas eleições municipais de 2024.
Dentre os vereadores atuais, o mais identificado com o campo progressista é o professor de História Diogo Lube (PP), que deverá tentar a reeleição. Lube ocupa a liderança de governo do prefeito Victor Coelho (PSB), tendo inclusive defendido a gestão no recente episódio dos estudantes sem ar- condicionado, que remete à disputa à prefeitura do próximo ano.
Na última sessão da Câmara, realizada na semana passada, ele criticou o vereador Léo Camargo (PL), aliado do pré-candidato do PL, o também vereador Júnior Corrêa (PL), por filmar crianças em sua denúncia da situação do calor extremo numa escola, o que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e afirmou que o caso será apurado pela Comissão de Educação.
Entretanto, Diogo Lube é criticado nos bastidores por ter um posicionamento titubeante frente as pautas conservadoras defendidas por seus colegas vereadores. Não ajuda muito o fato de ser filiado, atualmente, no Partido Progressistas (PP), o mesmo do deputado Arthur Lira (AL), presidente da Câmara Federal e líder do centrão. Lube, aliás, recebeu apenas 795 votos nas eleições de 2020, e só se reelegeu graças à votação da coligação partidária.
Das pré-candidaturas de esquerda que pretendem ocupar uma cadeira da Câmara pela primeira vez, uma das principais apostas é a ativista trans Agatha Benks (Psol), uma das diretoras da União das Esquerdas Sul Capixaba (Uesc) em Cachoeiro e assessora da deputada estadual Camila Valadão (Psol). Tanto por sua militância quanto pelo simbolismo de ter um corpo trans na Câmara, sua candidatura é bastante desejada no campo progressista.
Dentro do PT, uma das pré-candidatas que tem se articulado é a professora e pedagoga Jéssica Grillo, militante da União Cachoeirense de Mulheres (UCM) e do Movimento Negro Unificado (MNU). Com a renovação do diretório do partido em outubro deste ano, Jéssica passou a ocupar a Secretaria de Formação.
O PT também aposta que o Partido Verde (PV), com quem forma a Federação Brasil da Esperança junto com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), possa ajudar a alcançar uma votação mais expressiva, tendo em vista que seus candidatos foram bem votados nas últimas eleições.
Dentro do PV, o ex-vereador Edisson Fassarella, que atualmente é coordenador de um espaço cultural da Prefeitura de Cachoeiro, tem planos de tentar uma volta à Câmara.
Na eleição majoritária, o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) busca se posicionar como o candidato do campo progressista à Prefeitura de Cachoeiro, inclusive tentando atrair o Psol e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) do prefeito Victor Coelho e do governador Renato Casagrande. Porém, uma eventual unificação da esquerda ainda não se apresenta no horizonte eleitoral.
O próximo prefeito de Cachoeiro também poderá sair diretamente da Câmara, uma que vez que o vereador de extrema-direita Júnior Corrêa (PL) é um dos pré-candidatos mais cotados. Ele concorreu a deputado federal em 2022 e conseguiu mais de 37 mil votados, tornando-se primeiro suplente.
Ainda na direita, o bloco formado por três pré-candidatos a prefeito – os deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Bruno Resende (União) e o secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos) – seguem dialogando com lideranças políticas estaduais. Allan Ferreira, vale destacar, foi vereador de Cachoeiro até o ano passado.
Já o prefeito Victor Coelho tem trabalhado na a pré-candidatura de sua secretária municipal, Lorena Vasques, que acumula as pastas de Obras e Manutenção e Serviços, com grande visibilidade. Vasques tem aparecido com frequência em eventos oficiais, com o intuito de se tornar mais conhecida. A ideia é que ela se filie ao PSB para tentar se tornar a primeira mulher a ocupar o maior cargo do poder executivo municipal.