Deputada Iriny Lopes questiona medidas de abertura do comércio antes da curva descendente da pandemia
No dia em que o governador Renato Casagrande (PSB) anunciou um “Plano de Convivência”, que busca maior fiscalização e uma gradual reabertura do comércio de forma alternada, a deputada estadual Iriny Lopes (PT) publicou uma nota crítica à medida, questionando: “Estamos preparados para nos transformar em Manaus?”.
Iriny pediu que a medida seja revista e lembrou que o Estado registrou até sexta-feira (8) mais de 4 mil casos e 165 mortes e considerou a taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) com uma margem pequena para atender os casos mais graves. A taxa está em 62,9% no Estado e 69% na Grande Vitória, segundo os últimos dados.
Ela lembrou de casos em que a reabertura ou manutenção do funcionamento do comércio foi seguido de um crescimento significativo no número de casos de contágio por Covid-19, desde o emblemático caso da Itália até o do município capixaba de Bom Jesus do Norte, lembrando também de Santa Catarina e Manaus, capital brasileira que vem sendo uma das mais afetadas pela crise na saúde pública e no disparar da mortalidade.
“Em vários países do mundo, governos têm considerado que as restrições de mobilidade só podem ser relaxadas sem risco para o sistema de saúde se o número de reprodução estiver abaixo de um, como na Alemanha, entre outros”, questionou Iriny Lopes.
Para se chegar a esse indicador, complementou a deputada, “é preciso garantir a testagem junto à população. Significa dizer que estamos muito longe do indicador que nos dê segurança para reabertura do comércio, sem que isso represente aumento surpreendente de infectados, do colapso do sistema de saúde e de mortos”, considerou.
Iriny lembrou que uma pesquisa feita pelo Imperial College de Londres e divulgada no final de abril apontou o Brasil como o país com maior taxa de contágio entre 48 países pesquisados. “Quanto mais alto, maior a velocidade de transmissão, e maior o risco de uma possível sobrecarga no sistema de saúde”.
A situação difícil para o empresariado por conta dos impactos da pandemia também foi destacada pela deputada, cobrando do Estado maior pressão junto ao governo federal para aprovação, no Congresso Nacional, de medidas em tramitação e que podem amenizar a situação para este segmento.
“Não há salvação para a economia com milhares de pessoas infectadas e mortas. Primeiro, é preciso garantir a vida. Esperamos que o governador reveja a decisão de reabertura do comércio e o faça quando a curva de contaminação estiver descendente”, reforçou.