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‘Hoje sepultamos parte da história do Espírito Santo’, diz padre Kelder

Atuação do ativista Lula Rocha no cenário político e social capixaba foi destacada em seu sepultamento

A manhã desta sexta-feira (12) foi marcada pelo sepultamento do militante dos direitos humanos e do Movimento Negro, Lula Rocha, falecido nessa quinta-feira (11), aos 36 anos. Com ele, afirmou o padre Kelder Brandão, que celebrou as exéquias, foi sepultada “parte da história do Espírito Santo, do povo capixaba, da política de nosso Estado, dos movimentos sociais”.

Foto: Elaine Dal Gobbo

A afirmação do sacerdote foi comprovada na diversidade de bandeiras evidenciadas pelas pessoas que compareceram ao cemitério Parque da Paz, em Cariacica, e pelas homenagens. Nas camisas, nas coroas de flores, nomes de sindicatos das mais diversas categorias, centrais sindicais, além do Círculo Palmarino, Movimento Negro, partidos políticos, rede de cursinhos populares AfirmAção, mandatos parlamentares, Movimento de Mães Contra a Violência, entre tantos outros que contaram com a contribuição de Lula.

Lula Rocha. Créditos: Facebook

Lula teve trajetória destacada na luta social desde muito jovem, tendo sido líder do Fórum Estadual da Juventude Negra (Fejunes), que contribuiu para denunciar o extermínio de jovens negros no Espírito Santo e visibilizar as pautas relacionadas com a juventude capixaba. Foi um dos fundadores do Círculo Palmarino e atuava também na Coalização Negra por Direitos, entidades nacionais do movimento negro, além participar do bloco AfroKizomba, principal expressão da cultura negra no carnaval de Vitória, e da escola de samba Unidos da Piedade.

Liderança popular, chegou a ser candidato a vereador em Cariacica pelo PCdoB, mas nos últimos anos vinha militando ativamente no Psol, onde se configurava como uma das principais lideranças a nível estadual. Atuou também pela Pastoral Operária e integrava atualmente a coordenação do Fórum Igreja e Sociedade em Ação, que articulava movimentos socais e Igreja Católica. Ainda era coordenador do maior cursinho popular do Espírito Santo, a Rede Afirmação, que conta com diversos núcleos na Grande Vitória, com objetivo de contribuir para inserir jovens das periferias nas universidades.

Porta Estandarte do Bloco AfroKizomba. Foto: Redes Sociais

No momento da partida, a recordação da chegada. A coordenadora do Centro de Estudos Bíblicos do Espírito Santo (Cebi), Rosa Miranda, lembrou o dia 17 de janeiro de 1985. “Estávamos na reunião do Conselhos de Periferias, quando Isaías Santana [pai de Lula Rocha, militante dos direitos humanos] chegou e falou: ‘meu filho nasceu! Vai se chamar Luiz Inácio, igual o Lula, que está lutando pela gente'”, disse, referindo-se ao ex-presidente, que, na época, era uma das maiores lideranças sindicais do país.

Foi nesse meio de atuação com os movimentos populares que Lula Rocha cresceu, e isso também foi resgatado em seu sepultamento. “Ele foi crescendo, aprendendo ao logo da vida. Acho que o corpo dele não suportou mais. Ele precisou transcender a essa existência, a essa realidade. Nosso mundo ficou pequeno demais para seus sonhos, seus ideais, seus objetivos”, ressaltou Kelder.

O sacerdote destacou ainda, que Lula Rocha encarnou a história e a luta do povo “ao longo de uma vida breve, mas construtiva, proveitosa, em que não vivia para si mesmo, mas pela coletividade”. Ele ensinou, como destacou Kelder, que “vale a pena acreditar na humanidade e nos processos históricos”.


Partiu Lula Rocha, lutador imprescindível

Ativista do movimento negro e dos direitos humanos, o capixaba de 36 anos faleceu nesta quinta-feira


https://www.seculodiario.com.br/politica/partiu-lula-rocha-lutador-imprescindivel

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