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Evangélicos conservadores rejeitam Casagrande devido ao apoio do PT

Carlos Manato e Erick Musso disputam a preferência de instituições evangélicas na corrida ao governo

Leonardo Sá

A aliança do PT com o PSB no Espírito Santo, que deverá ser formalizada neste final de semana com a suspensão da pré-candidatura ao governo do senador Fabiano Contarato (PT), gera rejeição à reeleição do governador Renato Casagrande no meio mais conservador de igrejas evangélicas. É o que observam lideranças religiosas que atuam nos bastidores políticos, ao apontarem divisão entre as pré-candidaturas do ex-deputado federal Carlos Manato (PL) e do deputado Erick Musso (Republicanos).

Após reunião das cúpulas nacionais do PT e PSB nessa terça-feira (5), setores evangélicos alinhados mais à direita ampliaram a movimentação no sentido de construir uma aliança entre o PL, coordenado no Estado pelo ex-senador Magno Malta, que tenta retornar ao cargo, e o Republicanos, com o objetivo de esvaziar a campanha de Manato.

” A igreja não caminha onde o PT estiver”, afirma membro da Assembleia de Deus, uma das mais conservadoras, alinhada ao presidente Jair Bolsonaro. O principal motivo é o presidente nacional da instituição, José Wellington Junior, denunciado pelo PT na Justiça Eleitoral, em abril deste ano, por ter realizado um chamado culto em Cuiabá, em tom de campanha eleitoral, com a presença do presidente, em desobediência à legislação.

Nesta quarta-feira (6), o deputado Erick Musso divulgou material de propaganda eleitoral com declarações de José Wellington, que pede que “evangélicos capixabas voltem seus olhares a Erick Musso”. Em vídeo, o dirigente religioso diz que “Deus tem um projeto na vida do deputado (…)”, seguindo a linha adotada por outros pastores para “abençoar” políticos, como acontece costumeiramente com Jair Bolsonaro, que, desse modo, mantém um base que alcança cerca de 30% do eleitorado.

A movimentação constrói uma lógica pela qual Magno Malta seria o candidato ao Senado na chapa de Erick, ao invés do pastor Nelson Junior, estreante na política que tenta se firmar a partir da popularidade alcançada por meio do projeto “Eu resolvi esperar”, que prega a abstinência sexual entre os jovens. A finalidade, segundo os estrategistas, é reunir “forças da direita conservadora para derrotar Renato Casagrande”, desidratando, de outro lado, a candidatura de Manato, que atua no mesmo campo bolsonarista.

Ao saber da declaração de apoio a Erick, Manato questionou: “A Cadeeso daqui já declarou apoio a ele. Se fizerem, Deus o abençoe” e acrescenta que sua caminhada eleitoral “está ótima, com muitos eventos”. Nesta quinta-feira (7), os membros da Comissão Política dessa instituição se reunirão para deliberar sobre a campanha eleitoral. Na pauta, além dos candidatos ao governo, Erick e Manato, os nomes que disputarão o Senado com o apoio da instituição, Magno Malta ou Nelson Junior.

O presidente da comissão, pastor Rafael Ferreira (PSC), pré-candidato a deputado estadual, prefere não falar sobre o assunto, mas destaca que, apesar do apoio do dirigente nacional, nenhum pastor – referindo-se à declaração de José Wellington – determina em quem o fiel deve votar. “É apenas uma orientação e não uma determinação”, diz. A Cadeeso reúne cerca de 300 igrejas e cinco mil pastores Espírito Santo.

“Bolsonaro pratica um comportamento contrário aos ensinamentos de bíblicos”, comenta um membro de igreja evangélica, e ressalta que, apesar desse quadro, há “uma parte do rebanho que, por ser desinformada, acredita que ele é enviado por Deus, o que é uma grande mentira, espalhada por religiosos, inclusive pastores”.

As declarações de apoio do pastor José Wellington Junior repercutiram no meio evangélico e, principalmente, nas instituições no Estado ligadas à Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), que ele preside, inclusive na maior de todas, a Convenção das Assembleias de Deus do Espírito Santo e Outros (Cadeeso). 

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