A aclamação do prefeito de Linhares, Guerino Zanon (PMDB), em chapa únca, na nova direção da Associação dos Municípios do Estado (Amunes), com a participação de 64 prefeitos do Estado, foi uma demonstração de força do Palácio Anchieta que conseguiu desmobilizar, por pressão, a chapa adversária encabeçada pelo prefeito de Viana Gilson Daniel (PV). Mas, como nem sempre quantidade significa qualidade, a situação não é tão confortável para o governador quanto parece.
Isso porque, das 13 ausências registradas (Ponto Belo não é associado), as que mais se destacam são as dos prefeitos da Grande Vitória e de Cachoeiro de Itapemirim, cidade polo do sul do Estado. À exceção do prefeito de Cariacica, Juninho (PPS), que compõe à chapa única, os demais prefeitos da Grande Vitória não se envolveram na votação do peemedebista.
Gilson Daniel não compareceu à aclamação de Zanon por motivos óbvios. Nessa terça-feira (28), o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), que compunha a chapa de Gilson Daniel, até compareceu à eleição da Amunes, mas chegou após a aclamação. Ele recusou um cargo oferecido por Zanon para compor a direção da entidade.
O prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB), estava inadimplente com a entidade e não esboçou empenho em regularizar a situação para ter o direito de votar. No evento em Brasília, na terça-feira passada (21), ele foi um dos que apareceram na fotografia ao lado do presidente Michel Temer, da senadora Rose de Freitas (PMDB), de Audifax Barcelos e do então candidato a presidente da Amunes, Gilson Daniel.
Já o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), que em nenhum momento se envolveu na disputa — inclusive não compareceu ao encontro com Temer —, também não foi à aclamação de Zanon, alegando que como se tratava de chapa única, não seria necessário votar.
As ausências na aclamação do candidato palaciano da Amunes se repetiram pela manhã no evento com o governador Paulo Hartung (PMDB) no Palácio Anchieta, para o lançamento do Pacto pela Aprendizagem (Paes). Embora 56 prefeitos tenham comparecido ao encontro, os prefeitos da Grande Vitória, exceção de Juninho, também não estiveram presentes na solenidade.
Com mais de 60% da população do Estado, incluindo o maior colégio eleitoral (Vila Velha) e o município mais populoso (Serra), o governador tem razão para se preocupar com a falta de controle político sobre esses prefeitos. Em 2014, quando disputou o governo contra o então governador Renato Casagrande (PSB) e, apesar de ter vencido no primeiro turno, no geral, perdeu na Grande Vitória.
Com o início das movimentações para 2018 e a crise na segurança pública afetando sua popularidade, o afastamento dos prefeitos da região metropolitana pode prejudicar as articulações do governador.