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Ferraço é eleito em Cachoeiro com vice-prefeito ‘gerente-geral’

Deputado estadual confirma favoritismo e será prefeito pela quinta vez, aos 86 anos

O deputado estadual Theodorico Ferraço (PP) confirmou o favoritismo na votação deste domingo (6) e se elegeu para o quinto mandato como prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, com forte apoio do setor empresarial. Ele obteve 42,81% dos votos válidos, contra 23,09% de Léo Camargo (PL), 19,38% de Diego Libardi (Republicanos), 11,27% de Lorena Vasques e 3,46% de Carlos Casteglione (PT).

Ferraço, que encerrou o seu último mandato como prefeito em 2004, acompanhou a apuração da votação em um sítio no bairro Aeroporto, junto com o seu vice, o vereador Júnior Corrêa (Novo), familiares e apoiadores. Em entrevista coletiva logo após o resultado final, afirmou que dará o cargo de “gerente-geral” ao seu vice.

“Eu vou convidá-lo para a gente fazer um projeto e criar um cargo de ‘gerente-geral’. Isto é, o vice-prefeito não será apenas cargo decorativo. Em muitos lugares, a população não sabe nem quem é o vice-prefeito. Aqui, o vice vai ter mão e braços junto com o prefeito. Mesmo porque, vão existir muitos momentos em que ele vai ter de assumir o poder. Como a gente vai atrás de recursos, atrás de dinheiro, nós vamos fazer o possível para que ele participe totalmente da administração. E nós vamos escancarar as portas para o governo estadual e governo federal”, afirmou.

Ferraço comentou também que “até o presidente Bolsonaro se meteu na eleição em Cachoeiro”, e que uma das primeiras ações será estudar a situação financeira do município.

“Posso garantir que os primeiros atos nossos serão de economia total. A ideia é não nomear 50% dos cargos em comissão e cuidar do problema dos professores, que vão ser exonerados agora no final do ano. E nós teremos que cuidar dos colégios e das crianças fazendo concurso imediato de professores e respeitar os demais concursos”, comentou.

Theodorico Ferraço e Júnior Corrêa protagonizaram uma das maiores reviravoltas de pré-campanha este ano. Em fevereiro, Corrêa, então especulado como favorito para a eleição majoritária, anunciou que desistiria da política para se tornar padre. Alguns meses depois, o deputado estadual confirmou que estaria na disputa, tendo como vice o próprio vereador de extrema direita, que mudou de ideia e decidiu adiar o chamado religioso.

Sempre pontuando na frente nas pesquisas e com idade avançada, Ferraço evitou embates diretos com os adversários, inclusive faltando a debates, e foi pouco visto em atividades de corpo a corpo com eleitores. Essa atitude aumentou a suspeita de que o verdadeiro cabeça da chapa era Júnior, e não o deputado.

O atual prefeito, Victor Coelho (PSB), entrou com seu “tanque de guerra” na disputa eleitoral para defender seu legado de quase oito anos e apoiar Lorena Vasques, que foi secretária municipal em sua gestão.

Em vídeo publicado nas redes sociais na última sexta-feira (4), Coelho relembrou a decisão de Júnior Corrêa de se afastar da política e questionou se “ele estava sendo honesto”, afirmando ainda que Theodorico Ferraço “não tem condições físicas” de administrar e deverá “terceirizar” a gestão para Corrêa.

Mas não foi o suficiente para impedir a derrota de Lorena. Uma pesquisa de intenção de voto do Ipec, publicada pela Rede Gazeta em setembro, apontava que mais de 60% de quem dizia ter votado em Victor Coelho em 2020 passou a apoiar Ferraço.

A ideia da chapa ferracista, de juntar uma figura mais velha e com alta popularidade (Ferraço), com uma jovem liderança em ascensão (Corrêa), parece ter colado, independentemente das tortuosas articulações que resultaram nesse cenário.

Após votação na manhã deste domingo, Ferraço falou em “passar a borracha nos ataques” e “união”. Nesse momento, as batalhas acabaram, a guerra terminou, agora a única guerra que existe é em favor de Cachoeiro de Itapemirim. A gente pretende que todos se unam neste momento que é histórico para nós”, comentou.

Ferraço não foi apoioado diretamente pelo governador Renato Casagrande (PSB), que pediu voto para Lorena Vasques. Mas o seu filho é o vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), que participou ativamente da campanha.

Progressistas em baixa

É sintomático que os dois últimos colocados nas eleições representem os grupos que comandaram a Prefeitura de Cachoeiro nos últimos 16 anos. Carlos Casteglione, especialmente, não teve sucesso na defesa de seu legado como prefeito (2009-2016), ficando em último lugar. Daqui para a frente, a esquerda terá que repensar estratégias para superar o conservadorismo no município e investir na renovação de lideranças.

Em contraponto, Léo Camargo ficará sem o mandato como vereador, mas ficou em segundo lugar numa disputa difícil, com votação suficiente para pensar em novos voos. Já Diego Libardi, que foi lançado na política pelo próprio Ferraço, com quem rompeu, teve mais votos do que em 2020, mas ficou uma posição abaixo, sendo superado por Camargo – o “bolsorismo-raiz” prevaleceu sobre o “conservadorismo com discurso moderado”.

Libardi foi o escolhido para disputar a eleição majoritária dentro do “grupo dos três”, o qual compôs junto com os deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Dr. Bruno Rezende (União). Ele teve a maior coligação partidária e o maior tempo de propaganda eleitoral, mas não conseguiu fazer a campanha decolar.

Oito novos vereadores

Na Câmara de Vereadores de Cachoeiro, das 19 cadeiras, oito terão novos ocupantes. Vale ressaltar que Léo Camargo e Júnior Corrêa não disputaram a eleição proporcional este ano, o que já deixava duas vagas em aberto. Além dos dois, ficarão de fora na próxima legislatura Mestre Gelinho (PL), Professor Diogo Lube (PDT), Ely Escarpini (PSDB), Osmar Chupeta (Republicanos), Paulo Grola (Podemos) e Ary Corrêa (Republicanos).

Se Lorena Vasques ficou em penúltimo na eleição majoritária, na disputa proporcional, a coligação governista foi a que teve melhor desempenho. O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que teve o vereador mais votado (Vandinho da Padaria, reeleito) e o Partido Democrático Trabalhista (PDT) garantiram quatro cadeiras cada um. O Partido Socialista Brasileiro (PSB), sigla de Lorena e do atual prefeito, conseguiu eleger três vereadores.

Da coligação de Diego Libardi, o Podemos conseguiu eleger três parlamentares – incluindo o atual presidente da Câmara, Brás Zagotto -, e o União Brasil, dois. O Partido Liberal (PL), de Léo Camargo, também ficou com duas cadeiras – em uma delas a ser ocupada por Coronel Fabrício, que chegou a ser especulado na eleição majoritária.

A coligação de Ferraço elegeu a única mulher entre os vereadores, Renata Fiório (PP), que retorna após uma legislatura fora da Câmara Municipal. Na pré-campanha, os ferracistas também tiveram articulações com o PSDB.

A coligação de Carlos Casteglione foi a única que não conseguiu eleger vereadores. O mais bem votado foi Romário Alto União (PV), com 948 votos. Com um dos maiores volumes de recursos de campanha entre todos os candidatos, Eliz Altoé (PT) obteve 644 votos.

Confira a lista completa de vereadores eleitos:

Vandinho da Padaria (PSDB) – 2.449 votos (reeleito)

Creone da Farmácia (PL) – 2.224 votos

Léo Cabeça (PSDB) – 2.112 votos (reeleito)

Marcelinho Fávero (União) – 1.790 votos (reeleito)

Brás Zagotto é Bom (Podemos) – 1.698 votos (reeleito)

Coronel Fabrício (PL) – 1.696 votos

Ramon Silveira (PSDB) – 1.694 votos

João Machado (PDT) – 1.577 votos

Maitan (União) – 1.511 votos (reeleito)

Renata Fiório (PP) – 1.460 votos

Paulinho Careca (Podemos) – 1.436 votos (reeleito)

Pastor Delandi Macedo (PSDB) – 1.419 votos (reeleito)

Arildo Boleba (PDT) – 1.415 votos (reeleito)

Alexandre de Itaóca (PSB) – 1.413 votos (reeleito)

Marcos Coelho (PSB) – 1.315 votos

Sandro Irmão (PDT) – 1.296 votos (reeleito)

Rodrigo Sandi (PDT) – 1.294 votos (reeleito)

Thiago Neves (PSB) – 1.276 votos

Vitor Azevedo (Podemos) – 1.083 votos

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