sexta-feira, janeiro 3, 2025
26.6 C
Vitória
sexta-feira, janeiro 3, 2025
sexta-feira, janeiro 3, 2025

Leia Também:

Ferraço terá auxílio de ‘gerente-geral’ no quinto mandato em Cachoeiro

Rumos da prefeitura dependerão da sinergia entre o político experiente e o seu jovem vice-prefeito

Redes Sociais

Theodorico Ferraço, um dos políticos mais experientes em atividade no Espírito Santo, iniciará, em 2025, o quinto mandato à frente da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado. Aos 87 anos, contará bastante com a presença de uma figura muito mais jovem: o vice-prefeito eleito, Júnior Corrêa (Novo), de 28 anos, a quem já indicou como gerente-geral da administração municipal, um novo cargo a ser criado.

A união entre a experiência de quem comandou a prefeitura num passado idealizado e uma jovem estrela política em ascensão parece ter sido o grande apelo da chapa vencedora em Cachoeiro. Mas, embora ambos sejam fiéis representantes dos grupos socioeconômicos mais influentes do município, Theodorico e Júnior têm trajetórias moldadas em contextos bem distintos.

Ferraço exerceu seus primeiros mandatos por antigos partidos de sustentação da ditadura civil-militar (1964-1985). Apesar disso, ele identifica a si mesmo como um político de “centro”. Durante a campanha eleitoral deste ano, relembrou, em postagem nas redes sociais, sua participação ativa na campanha das Diretas Já, em 1984. Então deputado federal, Ferraço foi o único parlamentar governista a discursar no famoso Comício da Candelária, no Rio de Janeiro.

Ferraço conquistou projeção, portanto, num contexto de decadência do autoritarismo do regime militar, do qual soube se desvencilhar para se apresentar como um político pragmático, mantendo diálogo até mesmo com figuras de esquerda.

Já a ascensão política de Júnior Corrêa se dá no mesmo momento em que a extrema direita volta a ganhar força no Brasil. Corrêa, inclusive, já declarou simpatia pelo monarquismo. Logo na primeira disputa eleitoral, em 2020, venceu como o vereador mais votado de Cachoeiro pelo Partido Liberal (PL). No início deste ano, após enfrentamento com o senador Magno Malta, migrou para o Novo, porta-voz da direita ultraliberal brasileira.

Ao longo de 2024, Corrêa também se destacou por aparições bombásticas na imprensa. A primeira delas foi quando anunciou que deixaria a política para se tornar padre. A segunda, quando mudou de ideia e aceitou ser vice de Ferraço.

Neste mês de dezembro, o assunto polêmico da vez foi a questão dos contratos dos servidores temporários de Cachoeiro. Júnior afirmou que servidores efetivos teriam as férias canceladas no início de 2025 e teriam que trabalhar “de manhã, de tarde e noite” para compensar uma baixa de cerca de 4 mil servidores temporários na virada de gestão – situação depois resolvida com uma ação judicial que prorrogou as contratações por mais um mês.

As declarações causaram um silencioso repúdio entre o funcionalismo municipal – que, por sinal, também não teve relação das melhores com a prefeitura nas gestões anteriores de Ferraço, segundo se comenta nos bastidores.

A partir de 2025, reverter ruídos e tocar a administração dependerá muito da sinergia entre a capacidade de articulação interna do ex-deputado e o rosto público da gestão personificado em Júnior Corrêa.

Relação com vereadores

No que diz respeito à relação com a Câmara de Vereadores, a tendência é que a nova gestão não tenha grandes problemas em conseguir apoio. Entre os secretários municipais, estarão presidentes dos dois partidos com maior bancada no parlamento, Fernando Moura (PSDB) e Fabrício do Zumbi (PDT). Somado ao parlamentar do Progressistas (PP), o governo já poderá garantir uma base com nove dos 19 vereadores.

Partidos como Podemos, com três vereadores eleitos, Partido Liberal (PL), com dois, e União Brasil, também com dois, tendem a demostrar apoio à gestão de Ferraço por conta da afinidade ideológica. Resta saber qual será o posicionamento do Partido Socialista Brasileiro (PSB) – sigla do atual prefeito, Victor Coelho -, que conquistou três cadeiras.

Atualmente, os vereadores Alexandre Maitan (União), Léo Cabeça (PSDB) e Rodrigo Sandi (PDT) articulam candidaturas para a Presidência da Câmara.

Secretariado mexe na Câmara

Umas das escolhas de Ferraço para o secretariado terá influência direta na composição da Câmara. A vereadora eleita Renata Fiório (PP) assumirá a pasta da Saúde, apesar de não ter nenhuma experiência prévia em gestão na área.

Ao assumir a secretaria, Renata abrirá espaço para que o produtor agropecuário José Luiz Calegário, o Galo, assuma uma cadeira no parlamento. Primeiro suplente do Progressistas (PP) com apenas 460 votos, Galo foi apoiado nas eleições por Zezé da Cofril, vice-presidente do PP e pai de Júnior Corrêa.

A nova secretária de Cultura e Turismo, Larissa Patrão, é dentista e também não tem experiência prévia na área que comandará. Patrão foi candidata a vereadoras derrotada nas duas últimas eleições, pelo PSB e pelo Novo, respectivamente.

Ferraço também colocará a própria esposa, Norma Ayub, como secretária de Desenvolvimento Social. Ex-prefeita de Itapemirim e ex-deputada federal, Norma comandou a mesma secretaria na última gestão ferracista (2001-2004).

Outros nomes prestigiados por Ferraço incluem aliados de longa data, como Eliseu Vargas, novo secretário de Fazenda, e José Santiago, que estará à frente da pasta de Obras, que também comandou no primeiro mandato de Victor Coelho.

Mais Lidas