Mobilização vai acionar tanto Evair de Melo, que integra comissão onde tramita o PL, como demais membros da bancada capixaba
Com a emissão de parecer favorável à aprovação do Projeto de Lei 2104/2011 na Comissão de Finanças e Tributação, por parte do relator, o deputado federal Elias Vaz (PSB), filhos separados dos pais com hanseníase em todo o Brasil se mobilizam para pressionar os parlamentares para que defendam a proposta. No Espírito Santo, a reivindicação será feita não somente a Evair de Melo (PP), que faz parte da comissão, mas também aos demais deputados da bancada capixaba, conforme relata o presidente da Associação dos Ex-Internos do Preventório Alzira Bley, Heraldo José Pereira.
O projeto, de autoria de Diego Andrade (PR/MG), prevê uma pensão vitalícia de cerca de R$ 1,6 mil para os filhos separados dos pais com hanseníase. O valor tem como parâmetro a Lei nº 11.520, oriunda da Medida Provisória (MP) 373/2007, que instituiu esse benefício aos pais que foram submetidos ao isolamento e internação compulsórios em hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986. Além da pensão, essas pessoas conquistaram uma indenização no valor de R$ 100 mil.
Na justificativa do Projeto de Lei 2104/2011, é destacado que a maioria dos pacientes dos hospitais colônia foi “capturada” na juventude. “Muitos se casaram e tiveram filhos durante o período de internação. Os filhos, ao nascer, eram imediatamente separados dos pais e levados para instituições denominadas ‘preventórios’. Na maioria dos casos, não tinham quase nenhum contato com os pais”, destaca a proposta.
O documento prossegue afirmando que “a disciplina nos preventórios era extremamente rígida, com aplicação habitual de castigos físicos desmesurados”. Além disso, “as crianças eram induzidas a esquecerem de seus pais, porquanto a hanseníase era considerada uma ‘mancha’ na família”.
No Estado, uma das muitas crianças separadas de seus pais, a aposentada Maria Augusta Abreu, recorda que, ao visitar seus familiares, um portão sempre os separava, impedindo qualquer tipo de contato físico. A aposentada ficou no Alzira Bley até os 17 anos, em 1961, quando se casou.