A reunião faz parte da Coalizão Governadores pelo Clima que, em abril último, enviou uma carta ao presidente Joe Biden, com vistas a fortalecer a agenda ambiental. A intenção é criar um “Consórcio de Mudanças Climáticas” para administrar o fundo, que poderá receber investimentos de países e entidades que lutam pela preservação do meio ambiente. O encontro faz parte de um ciclo de reuniões que serão realizadas com outros países, como a China, a União Europeia e outras organizações internacionais, como o R20, liderado pelo ex-governador da California, Arnold Schwarzenegger.
Atual articulador da Coalização, Casagrande ressaltou, em pronunciamento após a reunião, sua antiga militância na área ambiental e climática e formação como engenheiro florestal. “Nós não podemos substituir o governo federal, que tem um papel protagonista nesse tema, mas os governadores também podem e devem ter um papel, assim como os prefeitos e a sociedade”.
As ações que os estados desejam implementar estão voltadas a temáticas como redução de emissões de carbono, sequestro de carbono, reflorestamento, gestão integrada de bacias hidrográficas, bioeconomia, energia renovável e obras de contenção.
“Precisamos estancar a elevação da temperatura. O que se deseja desse acordo internacional é que a temperatura média do planeta não cresça mais que 1,5ºC, que já causa muitos problemas. Nós já crescemos 1,2ºC, desde o final do século XIX. Quanto maior esse crescimento, mais problemas acontecem”, explicou.
O caminho, reafirmou, é transformar hábitos. “Temos que mudar muito nossa forma de consumir, nossas fontes de energia, temos que reflorestar, preservar as florestas…independentemente da posição política, de esquerda, direita ou de centro. Precisamos preservar o equilíbrio do planeta”, conclamou.
Governança
O governador capixaba citou a posição manifestada por John Kerry em relação à participação do governo federal brasileiro em reuniões anteriores. O secretário dos Estados Unidos, relatou Casagrande, afirmou que espera projetos concretos que mostrem a viabilidade do Brasil alcançar a meta de carbono zero até 2050, conforme se comprometeu o presidente Jair Bolsonaro há alguns meses em reunião da Cúpula do Clima. “Compromissos são bons, mas eles [Biden e Kerry] querem ver projetos sendo construído para alcançá-los”.
Países da Europa, como Noruega e Alemanha, complementou Casagrande, também já demonstraram preocupação com a falta de ações concretas por parte do Brasil para sanar problemas ambientais relacionados aos incêndios e desmatamentos ocorridos em 2020 e 2021, na Amazônia e no Pantanal.
Por isso, afirmou, a Coalizão de Governadores é muito bem recebida por esses países, como uma alternativa para fazer com que o país atinja as metas e compromissos internacionais relacionados às mudanças climáticas. “Estamos propondo um modelo de governança que será constituído por uma assembleia geral e um fundo com recursos internos e externos. Um país de dimensão continental exige governança inovadora, com fundo único. Os governadores poderão cumprir um papel importante, assim como os governadores americanos cumpriram há alguns anos”.
Também participaram da reunião os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), representante do Sudeste; do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), da região Sul; do Pará, Helder Barbalho (MDB), do norte; do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), do Centro-Oeste; do Piauí, Wellington Dias (PT), pelo Nordeste; e do Maranhão, Flávio Dino (PSB), pelo Consórcio da Amazônia.