Desde antes do processo eleitoral começar, o ex-secretário de Educação do governo Paulo Hartung (PMDB), Haroldo Correa Rocha, se colocou como o interlocutor do grupo, com uma movimentação no sentido de desconstruir o governo de Renato Casagrande com um discurso de que o socialista é mau gestor. Mas nessa segunda-feira (24), o Palácio Anchieta reagiu e mostrou a fragilidade do coordenador da equipe de Hartung.
Haroldo foi um dos economistas responsáveis pelo relatório sobre as finanças do Estado, que serviu de subsídio para a formulação do discurso propagado por Hartung na eleição, de que o Estado estaria “quebrado”. Passada a eleição, Haroldo continua dando o mesmo tom como interlocutor do grupo de Hartung.
O peemedebista esteve na Assembleia Legislativa pouco antes da prestação de contas do secretário de Fazenda do Estado, Maurício Duque prestar contas à Comissão de Finanças. Com a justificativa de entregar à Assembleia um relatório sobre a situação financeira do Estado, o coordenador da equipe de Hartung preparou um cenário pessimista, criando um clima desfavorável para o secretário, que foi sabatinado pelos aliados do governador eleito com um viés político.
O que o grupo de Hartung não esperava era a reação do governo. Duque apresentou uma serie de acusações que colocaram Haroldo em uma situação desconfortável. Duque citou a compra de um terreno em Vila Velha, no valor de R$ 655 mil pela Secretaria de Educação para a construção de uma escola em uma área de alagado.
Ele disse ainda que Haroldo, que foi secretário de Educação no governo passado, deixou um rombo no orçamento da pasta. Foram mais de R$ 40 milhões entre o que foi deixado no orçamento e o que foi contratado para 2011. Também afirmou que havia um déficit de 70 mil carteiras nas escolas do Estado quando o atual governo assumiu.
As acusações surtiram efeito, já que a resposta de Haroldo sobre as acusações não foram substanciais. Quanto à área, disse que os alagamentos são um problema no município, que o déficit de carteiras é “risível” e que o rombo não é verdade, que deixou R$ 55 milhões líquidos.
Durante a prestação, Duque questionou os números apresentados por Haroldo e disse que o governo deixará recursos em caixa e reafirmou o discurso do Palácio Anchieta de que o governo sucessor está construindo um cenário de adversidade econômica para justificar a não execução das promessas de campanha.
O embate entre os interlocutores dos dois governos vem gerando nos meios políticos uma insegurança sobre o real cenário político do Estado. Mas a impressão dos meios políticos é de que discussão vá além do comparativo de dados sobre a situação financeira do Estado e passa por um “terceiro turno” das eleições.
O governador que chega tenta desidratar seu antecessor para diminuir as expectativas do eleitor e evitar que ele mantenha um capital político para um futuro embate, enquanto o governador atual tenta blindar seu governo contra-atacando as acusações do sucessor.