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‘Greve é o último instrumento, mas é legítima’

Carlão, do Sindicato dos Bancários, contesta projeto que inclui serviços bancários como essenciais

O Projeto de Lei (PL) 817/22, que propõe alteração da Lei de Greve, incluindo os serviços bancários como essenciais, seria votado nesta quarta-feira (14) na Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados, mas foi retirado de pauta, podendo voltar a qualquer momento. A proposta tem sido criticada pela categoria, que a considera um cerceamento ao direito de greve, uma forma de beneficiar os banqueiros e causar prejuízos para os bancários e a população.

“Greve é o último instrumento, mas é legítima”, defende o diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Espírito Santo (Sindibancários-ES), Carlos Pereira de Araújo, o Carlão.

A tramitação do PL, que é de autoria do deputado federal Kim Kataguiri (União-SP), é em caráter conclusivo, não sendo necessário ser submetido ao Plenário. Caso seja aprovado na Comissão, o próximo e último passo será a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Carlão defende que o trabalho bancário é importante, mas não tem caráter imprescindível. Ele destaca que com as inovações tecnológicas, boa parte dos clientes faz transações bancárias por aplicativos ou outros recursos.

Para ele o projeto vem ao encontro da necessidade de os banqueiros intensificarem ainda mais o processo de retirada de direitos dos trabalhadores e da população, pois as greves da categoria também têm um caráter social, uma vez que entre as pautas sempre estão ações como a redução das taxas de juros e criação de linhas de crédito para pequenos e médios empresários.

A categoria bancária tem uma tradição de décadas em todo o território nacional na realização anual de greves, que foi interrompida em 2016. Desde então, os trabalhadores não mais aderiram ao movimento. Carlão afirma que há um conjunto de fatores que explicam essa situação. Um deles é que os bancários têm conseguido repor a inflação nas negociações. Outro é o grande número de demissões nas agências, as ameaças de mais demissões e o alto índice de desemprego.
O medo de ser dispensado pela empresa e ter que encarar um mercado onde conseguir uma nova colocação tem sido cada vez mais difícil faz com que os trabalhadores se sintam temerosos de fazer greve e sofrer retaliações, afirma. Essa realidade, de acordo com Carlão, é reflexo de uma série de retirada de direitos implementadas desde o governo Temer (MDB). Uma delas, a reforma Trabalhista, pode ser revogada no governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que essa foi uma de suas propostas.
A revogação, acredita Carlão, pode fazer com que não somente bancários, mas trabalhadores em geral, sintam mais liberdade para debater questões relacionadas ao mundo do trabalho e passem a ter maior equilíbrio na relação patrão e empregado, podendo culminar em mais ações de mobilizações, como as greves.

O sindicalista destaca como uma das iniciativas que aumentaram o desequilíbrio nessa relação o fato de que, ao mover ação judicial contra a empresa, caso a Justiça não dê ganho de causa ao trabalhador, ele tem que arcar com os honorários advocatícios pagos pelo patrão, conforme previsto na reforma Trabalhista.

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