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???Grupo de Guerino e Leonardo se perpetua no poder há 16 anos???

Rogério Medeiros e Renata Oliveira
Fotos: Leonardo Sá / Porã
 
O PMDB de Colatina cansou de ser coadjuvante e garante que vai disputar a eleição para a prefeitura no ano que vem. E não vai sozinho, está articulando um leque de alianças com outras siglas para a disputa. À frente deste processo está o presidente do partido no município, João Meneghelli, ou melhor, o Joãozinho Meneghelli
 
Filho do ex-deputado estadual João Meneghelli, ele mostra que tem a política no sangue e vai conduzir o partido em busca do protagonismo no processo eleitoral. O PMDB apoiou as últimas administrações, mas para Meneghelli, a fórmula que mantém o grupo do ex-prefeito Guerino Balestrassi (PSDB)  no poder esgotou. É contra Balestrassi que o grupo vai para a disputa.

Ao lado do PMDB, que ainda vai  escolher o candidato, estão o deputado federal Paulo Foletto (PSB) e o deputado estadual Josias Da Vitória (PDT), além do PPS. 

Século Diário – João Meneghelli, presidente do PMDB de Colatina, filho do saudoso ex-deputado estadual João Meneghelli. Como foi parar no PMDB?

 
João Meneghelli A ligação política com a cidade. O PMDB vinha no poder há vários anos. Da relação com algumas pessoas, acabei entrando no partido. Foi um evento que teve em Colatina em 1996, com Roberto Requião e a turma toda do PMDB. Meu pai era até da Arena, era oposição ao PMDB. Mas acho que o partido está indo bem, tanto que é o maior partido do País hoje. 
 
– E como o PMDB vai na eleição de 2016, depois de tanto tempo de governo de um grupo político que começou em 2000, com Guerino Balestrassi no PSB, e duas eleições de Leonardo Deptulski, do PT? 
 
– Acho que o PMDB tem que ter candidato a prefeito. Não só em Colatina, mas no máximo de cidades no Estado e no País. Em Colatina temos vários nomes para ser candidato pelo partido. Na última eleição, o partido apoiou o prefeito Leonardo, mas não teve nenhum nome de expressão na administração. Mas apoiou. Leonardo fez uma administração boa, com várias obras. Mas a tendência é a de o PMDB ter um candidato. 
 
– O PMDB apoiou Leonardo Deptuski no primeiro mandato…
 
– No primeiro e no segundo. 
 
– Em Colatina há uma rivalidade muito grande entre os grupos do ex-prefeito Guerino Balestrassi e do deputado federal Paulo Foletto. Como o PMDB vai entrar nesta disputa? Como terceira via?
 
– Não, acho que já existe uma via aí. O PMDB esteve na vitória das duas últimas administrações e Foletto foi adversário da administração. O PMDB tem o vice-prefeito, Alecio Sesana, que poderá ser candidato, e tem o ex-deputado federal Marcelino Fraga, que pode ser candidato também. Ou algum outro nome. O PMDB vem conversando com outros partidos e poderá formar uma frente para entrar na eleição. Mas a tendência é o PMDB ter candidato. 
 
– O ex-deputado federal Marcelino Fraga é o que tem maior expressão política neste cenário?
 
– Sim, ou o vice-prefeito. 
 
– E o vereador Sérgio Meneguelli? Ele teve uma votação expressiva para deputado estadual na última eleição. 
 
– Ele se colocou como candidato a deputado. Tem a posição de apoiar o candidato do partido. Se ele quiser, tem direito. E se quiser, o PMDB vai para a convenção. 
 
– Não pesam restrições à candidatura de Marcelino Fraga?
 
– Não vejo restrições, mas tem de ser uma coisa democrática. Vamos para a convenção e colocar os nomes.

 
– Mas quem tem a maioria no PMDB de Colatina?
 
– Hoje quem tem a maioria é Marcelino Fraga. Mas o PMDB está aberto, não vai impor a candidatura dele. Estamos conversando sobre a candidatura dele com o PMDB e outros partidos. 
 
– Com quais partidos estão conversando?
 
– Com o PPS, o PDT, do deputado Da Vitória; o próprio PSB, do deputado Paulo Foletto. Estamos conversando sobre uma união na candidatura. 
 
– Então, se houver essa união na candidatura, o adversário previsto …
 
– É o Guerino. 
 
– E como vê a candidatura de Guerino Balestrassi?
 
– O Guerino é governista. Está no governo. Quando disputou pela primeira vez,  foi um nome diferente que apareceu. A duas administrações anteriores foram de dois médicos  e ele acabou se sobressaindo. Mas a administração posterior foi superior a dele e a tendência é de que as próximas também sejam. 
 
– Na relação de partidos com os quais o PMDB está conversando, não foi incluído o PT, que vocês apoiaram. Está pesado carregar o PT?
 
– Acho que está acabando o momento do PT em Colatina. Está na hora de surgirem outros partidos, outros nomes. O PMDB se inclui agora. O PT está passando por um desgaste em nível nacional. 
 
– Mas não é só o desgaste nacional. O prefeito está desgastado neste segundo mandato…
 
– Está desgastado. Leonardo Deptulski nasceu a partir do grupo de Guerino Balestrassi e a tendência é de o PSDB ficar com o PT. O PMDB não poderá ficar com o PT, mesmo tendo apoiado na última eleição, acho que o PMDB precisa de outro leque de apoios.
 
– E fora deste leque aí, há alguma novidade no cenário político de Colatina? Alguma liderança nova? Cirilo de Tarso (PCdoB), talvez?
 
– Cirilo de Tarso teve uma boa expressão na última eleição, já falou em alguns lugares que é candidato. É um nome novo também, é importante. Tem de ser testado, já que não teve um mandato eletivo ainda. Temos que aguardar aí. 

– O que se percebe é que a movimentação dos partidos tem como foco o enfrentamento ao Guerino Balestrassi, que até que se coloque outro candidato, é a figura política com mais expressão no município. 

 
– A gente não deve pensar no Guerino. Ele mora em Vitória, há vários anos que mora em Vitória, saiu da cidade, perdeu um pouco da liderança na cidade. Além disso, o eleitor procura hoje pessoas que não sejam políticos profissionais. Guerino saiu da prefeitura, mas se manteve no poder. Foi atuar como presidente do Bandes [Banco de Desenvolvimento do Estado] e agora está no governo. Acho que político não deve ser profissional. Acho que o povo procura por algo diferente. Quem não está na política tem mais chances do que os que se perpetuam no poder. 
 
– O cenário político de Colatina perdeu uma importante liderança política, que foi o bispo da cidade, Dom Décio, que se afastou das funções da Igreja por problemas de saúde e acabou se afastando também do cenário político. Como fica essa lacuna e como isso influencia no processo eleitoral do ano que vem?
 
– Dom Décio sempre apoiou o outro lado. Agora chegou um novo bispo na cidade e Dom Décio perdeu um pouco sua força política. Ele, inclusive, era contestado por vários religiosos, porque preferia até a política à religião. Acho que ele está fora do processo. Embora há quem diga que ele possa até se candidatar. Mas ele também não está na cidade, está em Ibiraçu. 
 
– Isso acaba enfraquecendo o grupo de Guerino Balestrassi
 
– Acho que sim. Mas o bispo tinha oposição dentro da própria Igreja. O padre de São Silvano, que é o maior bairro do município, fazia oposição a Dom Décio. 
 
– Como foi entendida na cidade essa renúncia do bispo?
 
– Ninguém comentou muito isso, pelo menos não abertamente, mas a renúncia surpreendeu muita gente. 

– E o que a cidade fala? Qual o sentimento hoje em Colatina em relação ao processo eleitoral?

 
– É o sentimento de ter uma nova liderança política na cidade. Alguém que vá ser diferente de tudo o que está aí. O grupo de Guerino e Leonardo se perpetua no poder há 16 anos. Então, a tendência é que o PMDB venha a lançar uma liderança diferente e tenha sucesso nas eleições.  
 
– Outra liderança do município que merece menção é o atual presidente estadual do PT, o ex-deputado Genivaldo Lievore. Influencia no processo eleitoral?
 
– Ele pode ser candidato também, pelo PT. Vamos respeitar, é uma pessoa digna também e tem todo direito de disputar, mas não acho que ele vá largar a presidência do PT para disputar a eleição de prefeito em Colatina, em um processo que promete ser tão acirrado. Ele tem um perfil mais do legislativo. É uma figura que nós respeitamos na cidade. Faz uma política de boa vizinhança. 
 
– Mas não é um candidato esperado para Colatina…
 
– Eu acho que não. Genivaldo, por ser do PT, está desgastado também. 
 
– Então o PT deve apoiar Guerino Balestrassi?
 
– A não ser que Genivaldo seja candidato. Mas tem muita chance de o PT apoiar Guerino Balestrassi. E aí teremos uma situação de o PT apoiando o PSDB. 
 
– Acredita que é possível fazer uma aliança ampla para a disputa eleitoral?
 
– Sim, porque os interesses se convergem. O PDT não tem interesse em disputar a eleição, já que Da Vitória é deputado estadual, Foletto é deputado federal, o PPS também tem interesse na aliança. Acho que é possível. 
 
– O ex-secretário de Saúde do Estado, Tadeu Marino, também estaria falando em disputar a eleição e ele é do PSB..
 
– Tadeu também está distante da cidade. Mora na Grande Vitória. Tanto ele quanto Guerino moram longe da cidade há vários anos. As pessoas preferem quem está no dia a dia da cidade, quem tem mais contato com o eleitor. Acho que eles perderam muita força política na cidade. Se morassem lá, eu diria que Tadeu teria chances, mas hoje, não vejo ele com vontade de ser candidato, não. 
 
– Até aqui parece que Marcelino Fraga é o melhor candidato que o PMDB de Colatina tem para a disputa. 
 
– Ele se colocou como candidato, mas o momento é de analisar o cenário e respeitar os outros que querem participar do processo político. Vamos ver o que vai acontecer. Não podemos ter uma continuidade da eleição de Guerino. Acho que o momento que município vive é outro, assim como o País. O município avançou muito no último governo estadual, descentralizou as coisas da Grande Vitória. 
 
– Se refere ao governo Renato Casagrande [PSB]?
 
– Sim. Acho que ajudou muito Colatina, levou muitas indústrias para lá, deu muito apoio, estava muito presente na cidade. Todo mês estava presente. E é o que a gente espera do novo governador, que se faça presente na cidade. 
 
– Há uma insegurança política muito grande neste momento em que se discute a reforma política, porque não se sabe como será o processo eleitoral do ano que vem. Como o partido está vendo isso?
 
– É muito importante acabar com a reeleição nos cargos executivos, como também não acho que político deve repetir muito mandato. Quem repete muito mandato acaba sofrendo desgaste. 

 
– Uma das possibilidades é a de se estender os mandatos por mais dois anos. Mas há uma insatisfação muito grande da população com quem está no poder e o prefeito é o agente do Executivo mais próximo do eleitor. Acha que a população aguentará mais dois anos desses prefeitos que estão aí?
 
– O desgaste é geral, no País inteiro. Seria importe que a lei já valesse para o próximo ano. Como falei, acho que político não deve ser profissional. 
 
– Mas o que é melhor, estender este mandato por dois anos ou ter eleição no ano que vem e o prefeito ficar só dois anos?
 
– Ter eleição no ano que vem. O país precisa de dar uma sacudida e ter coisas novas na política. 
 
– Colatina sempre teve uma presença muito forte na vida política do Estado…
 
– Sim, com senadores, governadores, deputados federais e estaduais.
 
– E qual será a bandeira levada pelo PMDB para a eleição do próximo ano?
 
– O tema da educação é o mais importante do momento político do País e isso vem sendo discutido pelo partido também em nível nacional. Colatina, assim como São Mateus, já passou da hora de ter uma extensão da universidade federal. Os novos políticos devem discutir isso. Eu não quero mais ser candidato, quero ajudar dentro do partido, mas acho que os candidatos têm que discutir a possibilidade de levar uma universidade para dentro de Colatina. 
 
– Com anda a economia de Colatina? Há uma indústria de vestuário muito forte na região, se mantém forte?
 
– Economicamente, caiu muito neste setor de confecção, da mesma forma que no setor cafeeiro. Já teve um polo madeireiro no passado, mas também não tem mais tanta força. Colatina já foi mais conhecida, mesmo pelo setor de confecção. 
 
 – E o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Marcos Guerra é de lá…
 
– Sim. Ele é do setor de confecção, mas também está bastante afastado da região. Recentemente houve uma 'aberturinha' com a fábrica de medicamentos, o polo industrial, em Barbados. Está mudando o ciclo econômico da cidade. 
 
– Como você situa Colatina dentro da região noroeste?
 
– Continua sendo a cidade mais importante da região. A cidade recebeu muito investimento no último governo. Acho que Colatina nunca recebeu tanto investimento como no último governo e isso mudou o rumo econômico da cidade. Mesmo com uma crise econômica no País, mas Colatina, no contexto geral, conseguiu fazer muitas obras, chegaram muitos programas sociais do governo federal para Colatina. Isso foi importante para a cidade.
 
– Na chuva de dezembro de 2013, Colatina foi um dos municípios mais afetados e há muita reclamação de que os recursos não chegaram até hoje. Isso pode influenciar na eleição do próximo ano?
 
– Acho que não. A Justiça tem cobrado da prefeitura, está punindo a prefeitura, do prefeito. Houve uma CPI na época. Mas acho que o povo esqueceu isso. O que o povo quer novidade na política e novos investimentos para a cidade. A população quer benefícios e isso vem com educação, por isso falo em trazer a universidade para Colatina. 
 
– Então, podemos ter PMDB, que pode ser Marcelino Fraga ou o vice-prefeito; Guerino Balestrassi, com certeza; e Genivaldo Lievore, embora não se saiba se ele deixará o PT estadual para disputar. Tem o Cirilo de Tarso, que também tem condições…
 
– Mas vamos conversar também. Podemos estar juntos.
 
– Estão mirando no Guerino Balestrassi e buscando forças para enfrentá-lo.
 
– Não, estamos fazendo uma união de partidos. Mas entendo que o novo candidato do PMDB tem que ter novas propostas. Guerino representa o passado, tanto que nem está mais no município, mudou de Colatina, há vários anos. 

 

– Mas Marcelino Fraga não é exatamente uma novidade, não é?
 
– É, mas a gente também não vai empurrar ele goela abaixo. Temos outros nomes a serem colocados. Vamos aguardar para saber quem vai ser o candidato do PMDB. O importante é que o PMDB terá um candidato.
 
– E o governador vai para qual palanque? Ele é do PMDB, mas é aliado do Guerino Balestrassi?
 
– Acho que o governo estadual não influencia o processo eleitoral em Colatina. A cidade não aceita essa influência, como também não aceita um deputado federal ser candidato. 
 
– Esse é o grande problema de Foletto, não é?
 
– Esse é o problema de Colatina. Acho que quanto ao governo, poucos foram os governadores que apoiaram candidatos e tiveram sucesso. 
 
– Tanto que o próprio Paulo Hartung já perdeu eleição lá, quando Foletto disputou…
 
– Pois é. Perdeu a eleição.
 
– A relação entre Balestrassi e Deptulski persiste? 
 
– O que a gente ouve é que Balestrassi tem até simulado umas confusões com a municipalidade para tentar se afastar do PT. Mas não tem como tirar isso dele. Respeito a candidatura dele. 
 
– Como secretário de Ciência e Tecnologia, ele levou alguma coisa para Colatina?
 
– Até agora não levou nada para Colatina, através da secretaria. Como colatinense, espero que chegue alguma coisa. 

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