Mesmo tendo sido cassado em 2022, ex-prefeito tem colocado seu nome no mercado eleitoral
Em 2022, Thiago Peçanha foi cassado do cargo de prefeito de Itapemirim pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ficando inelegível por oito anos. Mesmo assim, o ex-chefe do Poder Executivo da cidade do litoral sul do Estado, na época do Republicanos, tem articulado nova candidatura na disputa majoritária das eleições municipais deste ano. A intenção, segundo informações de bastidores, é sustentar a candidatura até o último minuto e depois apoiar alguém de seu grupo.
Para a disputa, ele teria duas opções de siglas: a Rede Sustentabilidade e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), do governador Renato Casagrande. Na Rede, a articulação já está mais adiantada: no último dia 5 de fevereiro, ele se reuniu com os porta-vozes estaduais, Laís Garcia e Macaciel Breda. Além disso, a irmã de Thiago, Luciene Peçanha, assumiu recentemente a tesouraria do diretório municipal do partido junto a diversos aliados do prefeito, em uma nova composição do diretório.
Essa movimentação preocupa bastante os militantes locais do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), com quem a Rede tem uma federação. O Psol tem como pré-candidato a prefeito de Itapemirim o Professor Jésus, mas, caso Peçanha decida se candidatar pela Rede, os socialistas não terão muito poder de fogo para resistir à investida.
Um apoio do Psol a Thiago também está descartado. Como argumento, os psolistas têm ressaltado a própria condenação do ex-prefeito por corrupção eleitoral, além do fato de, durante a pandemia, ele ter distribuído remédios sem evidência científica de efeito contra a Covid-19, como a cloroquina.
O Psol de Itapemirim se preocupa também com a situação jurídica do diretório municipal da Rede, que convive com problemas na prestação de contas eleitorais. As insatisfações com os movimentos da Rede tem sido comunicadas à executiva estadual.
Portas fechadas
Quem também disputa o apoio do PSB e da Rede Sustentabilidade à sua pré-candidatura a prefeito de Itapemirim é Alex Wingler (Podemos), secretário de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim. Entretanto, as articulações de Wingler com as duas siglas perderam força diante da investidas de Thiago Peçanha.
Além disso, existe a possibilidade de o atual prefeito, Doutor Antônio (PP), migrar para o Podemos, o que fecharia os espaços para Wingler. Doutor Antônio tentará a reeleição com o apoio do governador Renato Casagrande.
Outros pré-candidatos
O presidente da Câmara de Vereadores, Paulinho da Graúna, também tem se colocado como pré-candidato a prefeito no município, e pretende migrar do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para o Republicanos. Até o fim do ano passado, ele dialogava com o grupo de Thiago Peçanha.
Outro pré-candidato a prefeito em Itapemirim é o dentista Geninho Bechara, que teve seu nome referendado em um evento do Partido Democrático Trabalhista (PDT) realizado no último dia 23 de janeiro. Novato na política, apesar de ser sobrinho do ex-prefeito Jorge Bechara, já falecido, Geninho filiou-se ao PDT em dezembro de 2023, ganhando de imediato o apoio do Solidariedade. Ele afirma que já visita comunidades e mantém contatos com outras lideranças, a fim de garantir apoios.
Em 2022, o vice-prefeito da chapa cassada de Thiago Peçanha, Niltinho (PSDB), disputou as eleições suplementares, obtendo cerca de 460 votos. Concorreu ainda o prefeito interino, Zé Lima (PDT), que ficou em segundo lugar na votação, com 48,11% dos votos (12.539). Em 2020, Zé Lima havia sido eleito vereador e presidente da Câmara de Itapemirim, mas com a cassação do prefeito e do vice, assumiu as funções.