Local é próximo ao muro do Convento da Penha, onde se escondeu o pastor Fabiano Oliveira, que está preso
Dois dias depois da retirada de entulho e de muita sujeira do espaço em frente ao Quartel do 38º Batalhão de Infantaria (38º BI) na Prainha de Vila Velha, grupos de extrema direita que ocupavam ilegalmente o local começaram a reconstruir, nesta quinta-feira (5), o acampamento ao longo do muro do Convento da Penha, ao lado da gruta de Pedro Palácios. Agem em menor número, com o mesmo discurso que pede intervenção das Forças Armadas, guerra ao comunismo e derrubada do governo Lula.
“Pessoal, fui lá na Prainha ver se o desmonte do acampamento golpista tinha ocorrido. Doce ilusão!!!! Diminuiu bastante, mas apenas mudou de lugar. Eles estão reconstruindo o acampamento ao longo do muro do Convento [da Penha], ao lado da gruta de Pedro Palácios. Estão com o mesmo discurso…. que as Forças Armadas vão destituir o governo. Gente, se o Exército não for tirá-los, eles não vão sair”.
O relato é de uma moradora das proximidades do acampamento, temendo o que poderá vir a ocorrer. Ela permanece no anonimato, atitude justificada depois da agressão a equipes de jornalistas, nesta terça-feira, e do alvoroço nesta quarta-feira diante da presença de outra equipe de TV. Os profissionais de imprensa cobriam a ação de limpeza da Prainha, quando foram ameaçados e impedidos de captar imagens, na presença de agentes da Guarda Municipal de Vila Velha.
No local, que serviu de esconderijo para o presidente do movimento golpista “Soberanos da Pátria”, Fabiano Oliveira, que se apresenta como pastor evangélico, 10 barracas já tinham sido montadas na manhã desta quarta-feira, maiores do que as utilizadas no primeiro acampamento da Prainha. Na parte da tarde, o número já era bem maior e a movimentação de pessoas chamava a atenção.
Grupos terroristas
A reconstrução do acampamento em Vila Velha ocorre quando chega ao público reportagem do jornalista paulistano Joaquim de Carvalho, publicada com exclusividade na TV247, na quarta-feira (4), na qual é mostrado um áudio com uma das organizadoras de um movimento terrorista para provocar o caos social no país, que inclui vários estados, inclusive o Espírito Santo. Na gravação, a informante, de nome Cássia, conta que existem financiadores para bancar o custo de ônibus a Brasília, esperando levar à capital federal de dois a três milhões de pessoas.
Os terroristas pretendem impedir a venda de combustíveis nos postos e de alimentos, nos supermercados, a fim de provocar tumulto e, desse modo, forçar a intervenção das Forças Armadas para conter o caos e derrubar o governo, segundo a bolsonarista diz na gravação. Ela fala coisas desconexas, comum nas cenas de delírios registradas em acampamentos bolsonsristas. Diz que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, irá acabar com s moeda Real, haverá legalização do aborto e que o Brasil será uma Venezuela, mas revela que o movimento é bancado por financiadores.
A reportagem revela que no Espírito Santo, como em outros estados, existem grupos organizados, com telefone de contato e rotas de trajeto até Brasília, para ir apanhando manifestantes pela estrada.
O autointitulado pastor Fabiano Oliveira foi preso pela Polícia Federal em 19 de dezembro de 2022, juntando-se ao vereador de Vitória Armando Fontoura, o Armandinho (Podemos), e ao jornalista Jackson Rangel, no inquérito para apurar atos antidemocráticos, instaurado pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.