Pastor Fabiano Oliveira participava de atos antidemocráticos em outras capitais do País, como São Paulo
“Soberanos da Pátria”, nome do movimento bolsonarista de extrema direita com ligações de âmbito nacional, do qual o pastor Fabiano Oliveira, residente no Espírito Santo, é apresentado como presidente nacional, é de “extrema direita nacional, vinculada à extrema direita internacional articulada, e realiza encontros e troca experiências e know-how”, na opinião do cientista político Deivison Souza Cruz.
O pastor é alvo de mandado de prisão da Polícia Federal (PF) no Espírito Santo, na operação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em atendimento a representação da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado (PGJ-ES).
A ação foi realizada em Vitória, Vila Velha, Serra, Guarapari, na região metropolitana, e Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, e inclui a prisão do vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), futuro presidente da Câmara, e do empresário Max Pitangui (PTB), que anda não se entregou. Os deputados bolsonaristas Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL) estão entre os alvos da operação e já usam tornozeleira eletrônica.
É na condição de presidente do grupo que o pastor se apresenta e, por conta desse título, ele tem participado de atos em outras capitais, como em São Paulo, na manifestação bolsonarista de 25 de novembro deste ano, e funciona, também, como militante de bloqueios de rodovias e de vias públicas urbanas. Em vídeos, às vezes, ele aparece com empresários e políticos, mas é apenas para concordar com a mensagem transmitida.
O cumprimento do mandado de prisão contra o pastor, expedido na última quinta-feira (15), provocou tumulto nessa sexta-feira (16) entre seus seguidores, no espaço em frente ao 38º Batalhão de Infantaria, na Prainha, em Vila Velha, gerando dúvida relacionada se a prisão ocorreu.
Para alguns apoiadores do movimento extremista, o pastor está preso; para outros, ele conseguiu escapar, apesar do cerco de agentes da Polícia Federal em frente ao 38º BI. As autoridades policiais mantêm sigilo, mas a realidade é que Fabiano Oliveira esteve desde a quinta-feira (15), quando a operação PF foi deflagrada, e também na sexta-feira, no mesmo espaço que ocupa, juntamente com vários seguidores em frente ao quartel.
Gravou inclusive vídeos desafiando as autoridades, nos quais afirma estar na luta contra o comunismo, na mesma linha adotada por vários outros grupos espalhados no país, que, como afirmam especialistas, fazem parte de um movimento internacional extrema direita.
Ligações
Para o cientista político Deivison Souza Cruz, os movimentos que tomaram impulso no governo Bolsonaro (PL) não são fatos isolados. Ele aponta que seus integrantes “usam manuais de operação e propaganda no sentido de desestabilização das democracias e técnicas e táticas de propaganda e articulação social”.
A ação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que visa reprimir a disseminação de fake news e ações extremistas para garantir a tranquilidade no país e a posse do presidente eleito, Lula (PT), e do vice, Geraldo Alckmin (PSB), em 1º de janeiro, mira uma “rede nacionalizada, com líderes e responsabilidades definidas”, segundo Deivison.
A rede de fake news antidemocrática deriva da própria rede eleitoral bolsonarista”, acrescenta Deivison, e aponta o grupo “Soberano Brasil” como um movimento que “tem várias bandeiras, mas, no geral, conversa lá na ponta, por meio de clubes privados, militares, Brasil Paralelo e grupos monarquistas. Há dezenas ou centenas de células autônomas, porém os líderes trabalham em rede”.
Nas redes sociais, o pastor aparece em diversos vídeos incentivando desobediência às instituições democráticas, dentro das mesmas linhas de conteúdos postados em redes e ações de grupos ações adotadas por grupos que atuam o Brasil, com ligações com a extrema direita internacional.
Levantamento de especialistas publicado em veículos de imprensa internacional, entre eles a BBC, da Inglaterra, aponta que em todo o mundo há o crescimento desse “terrorismo doméstico”. “Os chamados cidadãos soberanos acreditam que são imunes às regras do governo e, em alguns casos enfrentam violentamente a polícia”, como ocorreu em Brasília na última segunda-feira (12), dia da diplomação do presidente Lula.