Depois de embate na Câmara com vereador Luiz Emanuel, Lara Toledo sofreu ataques nas redes sociais
O bate-boca no último dia 21 na Câmara Municipal de Vitória (CMV) ganhou novos desdobramentos no calor da campanha eleitoral. Uma “fake news” começou a circular por grupos com fotos da produtora cultural Lara Toledo, representante da Comissão de Fiscalização da Lei Aldir Blanc, que cobrou na tribuna da Casa agilidade da prefeitura na regulamentação para que os recursos federais destinados ao município pudessem ser liberados para apoio ao setor cultural. Ela foi questionada pelo vereador Luiz Emanuel (Cidadania), líder da prefeitura na CMV, que chegou a dizer que Lara “deveria ficar calada” e atacou o presidente da Casa, Cleber Felix, o Clebinho (DEM), a quem acusou de não ter capacidade para estar no cargo.
A falsa notícia contra Lara, veio com o título “militante pró-maconha é convidada do presidente da Câmara, Clebinho, para fazer propostas”, tendo também uma foto de Clebinho junto ao deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), candidato apoiado pelo presidente da Câmara para prefeitura e que vem trocando farpas desde antes do início da campanha com o também deputado e candidato da situação, Fabrício Gandini (Cidadania). Lara se pronunciou sobre o caso com um vídeo nas redes sociais: “É mentira! Eu estava lá em defesa da cultura, em defesa dos nossos direitos culturais, de um dinheiro que é público, que estava nos cofres públicos desde o dia 17 de setembro”, disse.
A produtora afirmou já ter tomado medidas no âmbito jurídico e ainda identificou e acusou um dos envolvidos em disseminar as fake news em grupos de WhatsApp: Dener Machado de Azeredo, que trabalhou na Câmara entre 2013 e 2019, tendo sido coordenador do programa Fiscaliza Vitória e secretário de gabinete do vereador Vinicius Simões (Cidadania), aliado do prefeito Luciano Rezende. “Não tenho medo. Não vão me calar, não vão me silenciar, e muito menos calar os trabalhadores e trabalhadoras da cultura. ‘Tamo junto’, vamos reverberar isso e dizer que não nos silenciarão , não nos calarão”. Quem também foi flagrado compartilhando o post foi o vereador Max da Mata (Avante), que não é candidato à reeleição, mas atua como coordenador da campanha de Gandini.
Nos últimos dias, Lara Toledo recebeu manifestações de apoio tanto dentro da Câmara, em discurso na tribuna do vereador Roberto Martins (Rede), opositor de Luciano Rezende e também candidato à reeleição, que chamou a postura de Luiz Emanuel de machista. Clebinho fez publicação no mesmo sentido nas redes sociais. O Conselho Municipal de Política Cultural de Vitória considerou a postura de Luiz Emanuel como quebra de decoro parlamentar, de acordo com artigos do Regimento Interno da CMV. “Não é este o comportamento que se espera de um edil eleito para representar a sociedade e os direitos dos cidadãos”.
Além disso, sete organizações ligadas à cultura assinaram uma “Nota de repúdio do setor cultural contra o machismo e a desinformação”, na qual denunciam a deslegitimação da fala de Lara na tentativa de vincular o episódio à disputa político-partidária. As entidades consideraram a postura de Luiz Emanuel como “uma tentativa de silenciar a voz de uma mulher que estava no Plenário, em defesa do setor cultural”.
Sobre o episódio das “fake news”, a nota de repúdio aponta tentativa de desqualificar a trajetória de Lara Toledo no movimento cultural e associá-la a políticos e vereadores. Graduada em Comunicação Social, Lara Toledo atua desde 2013 em coletivos culturais e na produção de filmes, oficinas e festivais, além de ser presidente da Organização dos Cineclubes Capixabas (Occa) e produtora do bloco BatuQdellas.
Artistas cobram regulamentação da Lei Aldir Blanc em Vitória
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