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Hartung usa discussão sobre incentivos fiscais para se reaproximar de Ricardo Ferraço

Na última quarta-feira (28), o deputado Theodorico Ferraço (DEM) abriu fogo da tribuna da Assembleia contra o governador Paulo Hartung (PMDB). O decano não pôs freios na língua: “Hartung continua o mesmo: enganando, tripudiando e passando por cima de todos”. Foram mais de 13 minutos exclusivamente dedicados a críticas ao governador. Não bastasse a saraivada de tiros de Ferraço, horas depois, na Câmara, foi a vez de a deputada federal Norma Ayub (DEM) completar o serviço iniciado pelo marido, ao fazer novos disparos contra o governador. 
 
 
Nesta segunda-feira (3), ou seja, quatro dias depois dos ataques do casal Ferraço, o senador Ricardo Ferraço (PSDB), que andava meio afastado de Hartung, foi o convidado de honra do governador na reunião com a elite do empresariado capixaba no Palácio Anchieta. O senador apontou os prejuízos que o Projeto de Lei 54/2015, que foi proposto pelo Senado, mas que sofreu modificações na Câmara, pode causar a alguns setores empresariais do Espírito Santo. 
 
O secretário da Fazenda, Bruno Funchal, com o aval do governo do Estado, é favor da proposta. “A convalidação de todos os incentivos fiscais passados impede que eles sejam contestados na Justiça. Isso confere mais segurança jurídica aos contratos já firmados”, afirmou o secretário. 
 
Hartung conduziu a reunião sempre tentando valorizar a presença de Ricardo, alertando aos empresários que o senador está acompanhando de perto o projeto. “Para evoluirmos do que foi aprovado na Câmara para o que foi aprovado no Senado no início da tramitação, temos que articular para criar essa condição para o senador Ricardo Ferraço, que é relator do PL, poder apresentar relatoria que está desenvolvendo. O país precisa que cada um de nós exerça sua liderança”.
 
Ricardo Ferraço aproveitou a bola levantada pelo governador para mostrar serviço aos empresários, especialmente aos atacadistas. “No caso do setor atacadista, 90% de suas operações são interestaduais. Perder esse benefício certamente significará a migração dessas empresas, que geram cerca de 30 mil postos de trabalho no Estado. Trabalhei no Senado para assumir essa relatoria, mas precisaremos de mobilização para que essas mudanças não signifiquem prejuízos e perdas de investimentos para o Espírito Santo”, disse.
 
As discussões sobre o PL ainda estão longe de um consenso entre as duas Casas, mas a participação de Ricardo, na sequencia dos ataques do casal Ferraço, é um sinal de que Hartung acusou o golpe. Essa investida para se aproximar do senador do PSDB pode ser uma estratégia do governador para tentar neutralizar, ou ao menos amenizar, as críticas do decano da Assembleia. 
 
Se a estratégia da reunião ocorrida pela manhã no Palácio era essa, os efeitos ainda não puderam ser percebidos à tarde, na sessão da Assembleia. Na primeira intervenção que fez na sessão, Theodorico Ferraço atacou novamente Hartung. Sobre a polêmica em torno da retirada de trabalhadores dos terminais do Transcol, o deputado disparou: “O governo precisa criar vergonha na cara e parar de desempregar quem está trabalhando”, criticou Theodorico Ferraço.

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