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Inteligência Artificial causará impacto em campanhas já nas próximas eleições

Cientista político Darlan Campos acredita que a IA amplia o alcance das fake news, que ainda são um desafio

O que poderá mudar nas campanhas eleitorais a partir das 2024 com o uso da Inteligência Artificial (IA) e de que forma irá impactar a abordagem da comunicação no contexto político? Para o consultor em marketing, escritor e professor Darlan Campos, “novas tecnologias e ferramentas sempre trazem abordagens novas na comunicação política, e já vão estar inseridas na eleição de 2024”.

Nos meios jurídicos e políticos, há o temor, manifestado em estudos e projetos de lei, sobre o universo de notícias falsas – as fake news – com a IA. Para Darlan Campos, a “IA traz um novo panorama para essa questão. As fake news não são um fenômeno novo e o advento de cada tecnologia vai dando uma capacidade delas alcançarem cada vez mais gente e de forma mais assertiva. Esse fenômeno é um grande desafio, seja com a IA ou sem ela”.

Preparando-se para lançar, em outubro próximo, seu quarto livro, Planejamento e Estratégia de Campanha Eleitoral, Darlan, que é diretor executivo da República Marketing Político, diz que a IA, assim como qualquer ferramenta de comunicação, “é um meio e não um fim em si”.

Ele complementa: “Logo, na história da comunicação política, toda vez que a gente tem um incremento de novas tecnologias, que vão trazer novas perspectivas de uso pela política, isso traz novos contornos. Então, com certeza, a Inteligência Artificial vai causar um impacto, assim como vai causar impacto na sociedade como um todo, como já está sendo previsto por muitos estudiosos. Às vezes com supervalorização, especialmente no curto prazo”.

Apesar dos avanços tecnológicos, Darlan faz uma ressalva: “Quando a gente fala em IA, não é algo novo, mas teve um boom nos últimos meses, inclusive aflorando outras perspectivas e ferramentas”, comenta, e aponta: “Então, edição de vídeos, de áudio, de imagem, de texto, as potencialidades são diretamente proporcionais às possibilidades que as próprias ferramentas geram”.

O professor acredita que haverá um incremento, de fato, do uso da IA e um impacto, mesmo que pequeno, dentro das campanhas eleitorais. “Vale lembrar que se gente separar as diferentes campanhas que existem pelo Brasil, pegando aí as 96 cidades que têm acima de 200 mil eleitores, que vão ter segundo turno, essas vão ter campanhas mais estruturadas financeiramente. Permitem equipes de marketing e comunicação mais robustas e um grau de especialização e um potencial maior do uso de ferramentas”.

Em contrapartida, pontua, “na imensa maioria dos municípios brasileiros, estamos falando de até 15 mil habitantes, ou seja, onde vão ter campanhas muito modestas. O grau de impacto, nesses locais, tende a ser menor”.

Ao abordar a questão da empregabilidade, Darlan ressalta que, “assim como a profissão do jornalista não vai ser extirpada devido ao surgimento do chat GPT4 [novo modelo de linguagem da IA para produção de textos com até 25 mil palavras], também as novas tecnologias não vão suplantar a perspectiva da organização, da análise crítica, logo isso vai ser complementado”.

“O que a gente consegue, a partir dessas ferramentas, é ter novas formas de abordagens, tanto de análise de dados quanto de produção de materiais, e isso traz aspectos positivos. Mas de forma nenhuma vai suplantar a presença desses profissionais. Talvez o que vá fazer é exigir uma capacidade de se atualizar e, compreendendo essas ferramentas, colocar isso em prática em estratégias de uma campanha eleitoral”.

Dessa forma, ele não vê, “pelo menos no curto prazo, pensando nas eleições de 2024, impacto na perspectiva de empregabilidade. Acredito que vamos ter no futuro, mas em 2024 e 2026, não vejo grandes problemas, não”.

O que é a IA

Uma busca em sites de inovação e tecnologia faz surgir com facilidade informações sobre a IA, que, como afirma Darlan Campos, não é nova. Surgiu em meados do Século XX e ganhou essa denominação em 1956, na conferência de Dartmouth, nos Estados Unidos, do cientista John McCarthy, um dos idealizadores do conceito, que a definiu como “fazer a máquina comportar-se de tal forma que seja chamada inteligente caso fosse este o comportamento de um ser humano”.

A partir dos assistentes de voz aos chatbots de atendimento, passando pela automação em grandes indústrias, a IA revela a todo instante novos potenciais e formas de auxiliar o ser humano nas mais diferentes áreas.

Já nos anos 1960, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos iniciou suas primeiras pesquisas, que consistiam em treinar um computador para emular raciocínios humanos básicos.

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