O ex-diretor de Controle Interno da Câmara da Serra, Flávio Serri, está proibido de se aproximar do prédio da instituição a partir desta terça-feira (23), para garantir a integridade física da testemunha Raphaella Serri em processo judicial no qual ele está envolvido.
A decisão é da juíza Letícia Maria Saúde, da 2ª Vara Criminal da Serra, inserida no processo que investiga prática de extorsão (rachid) envolvendo ele e a presidente afastada da Casa, Neidia Maura Pimentel, ambos do PSD. Serri terá que se manter afastado pelo menos 500 metros do prédio da Câmara.
De acordo com denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Flávio Serri tenta pressionar a testemunha, que é sua prima, a se retratar das declarações que fizera contra ele e Neidia Maura no processo que motivou o afastamento de ambos da direção da Câmara da Serra.
O MP afirma que “mesmo em curso da investigação criminal, por diversas vezes procurou intimidar a testemunha”. A denúncia pediu também a prisão preventiva de Flávio Serri, o que foi negado pela juíza.
O ex-diretor e Neidia respondem na Justiça por crimes de peculato, concussão e associação criminosa para a prática de “rachid” e “funcionários fantasma”. Eles foram afastados de suas funções em março deste ano, assumindo a presidência o vereador Rodrigo Caldeira (Rede), que ocupava a vice-pesidência.
O processo judicial está em andamento na 5ª Vara da Fazenda Estadual, Municipal, Registros Públicos, Meio Ambiente e Saúde, a partir de denúncia do Ministério Público, e é resultado do inquérito policial desenvolvido na Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (Decap).
Na conclusão das investigações, a delegada Maria Denise de Carvalho indicia Neida e Flávio. No mesmo expediente, ela denuncia pelo mesmo crime Douglas Caldeira de Freitas, Vitor Ugo Pimentel Castelllo, Edilaura Edilene da Silva e Lara Maria Magalhães.
Segundo o inquérito, Neidia e Flávio, com a cumplicidade dos outros envolvidos, iniciaram, em 2015 um esquema de desvio de verbas por meio da indicação para contratação de funcionários por empresas prestadoras de serviços à Câmara a fim de que eles se filiassem ou desenvolvessem trabalhos em benefício do Partido Social Democrata (PSD).
Mais denúncia
No mês passado, Caldeira também registrou Boletim de Ocorrência na Polícia Civil por se sentir ameaçado pelo ex-diretor de Controle Interno da Câmara.
Na queixa, o vereador explica que recebeu ameaças de Flávio depois que assumiu o comando do legislativo municipal, em decorrência das duas decisões da Justiça que afastaram Neidia. O atual presidente relatou, na ocasião, que recebeu mensagens via WhatsApp afirmando: “ Hoje começa amigo”, “Acredito que sua noite de sono não será muito boa hoje, pode acreditar”.
Segundo ele, a partir do recebimento dessas mensagens, observou um veículo de marca Voyage, de cor branca, com insufilm escuro, parado em frente à sua residência.
Caldeira denunciou que um irmão dele também viu o veículo, com motor ligado, mas não foi possível anotar a placa. Ele declarou que teme por sua segurança e de seus familiares.