Parlamentar queria que suplente assumisse, mas isso só pode acontecer se ele renunciar ao cargo
“Rezo pelo melhor de Cachoeiro, vou continuar com o meu mandato e rezo por vocês também. Boa sorte a todos que vão participar da eleição”.
O tom da fala de Júnior Corrêa (PL) denuncia sua preferência pela vocação religiosa, mas ele continuará como vereador de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, até o final do mandato. Quando anunciou que deixaria a carreira política para se tornar padre, na semana passada, afirmou também que se licenciaria do cargo para que o seu suplente assumisse. Em sessão ordinária da Câmara Municipal, realizada nessa terça-feira (20), voltou atrás nessa última decisão.
“De fato, eu pensei, naquele momento, em me licenciar para que o meu suplente pudesse assumir, já que eu não vou seguir a carreira política. Para que ele pudesse trabalhar e contribuir com o município através de um mandato. Mas, como eu vi que havia impeditivo por conta do Regimento Interno, e pensando também nos 2.519 votos que eu tive, eu então decidi, conversando com o senhor [presidente da Câmara, Brás Zagotto, Podemos], permanecer até o final do ano”, justificou.
O Regimento Interno aponta que o vereador pode se licenciar por interesses particulares, mas, “por prazo nunca superior a 120 dias por sessão legislativa”, conforme o artigo 170. Já o artigo 173 estabelece que “o suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura na função de secretário municipal ou de licença superior a 120 dias”. Assim, o suplente de Júnior só assumiria se ele renunciasse ao cargo.
Ou seja, apesar do anunciado desinteresse em seguir na política, Júnior Corrêa ainda manifesta apego à vaga que ocupa desde 2021, após ter sido eleito como o vereador mais votado em 2020. Ele também deverá atuar na campanha eleitoral deste ano.
Tão logo o vereador de extrema direita comunicou sua desistência da candidatura a prefeito de Cachoeiro, o diretório municipal do Partido Liberal (PL) se apressou em marcar uma “superlive” no Instagram, nesta quinta-feira (22), às 19h30, para anunciar seu novo pré-candidato na disputa majoritária. Os participantes serão o deputado estadual Callegari, que assumiu a presidência do diretório no lugar de Júnior, e o vereador Léo Camargo, que deverá ser o escolhido para a missão.
Léo Camargo vinha se organizando para tentar a reeleição como vereador, apesar de ter sido instigado pelo senador Magno Malta (PL) a disputar a pré-candidatura a prefeito com Júnior. Vale destacar que Corrêa opinou, durante o seu anúncio da semana passada, que não considera Camargo preparado para a disputa majoritária no momento, apesar de não ter nada contra seu colega na Câmara de Vereadores.
Disputa embaralhada
A desistência daquele que era considerado o favorito na disputa à Prefeitura de Cachoeiro embaralhou novamente o cenário pré-eleitoral da cidade. Nesse contexto, o nome de alguém até então não cogitado, como o da ex-deputada e ex-prefeita de Itapemirim, Norma Ayub (PP), mulher do deputado estadual e quatro vezes prefeito cachoeirense Theodorico Ferraço (PP), começou a ser lançado no mercado eleitoral.
No último sábado, foi a vez de o Podemos oficializar o deputado estadual Allan Ferreira como pré-candidato a prefeito de Cachoeiro. Entretanto, tudo dependerá da negociação com os também pré-candidatos aliados Diego Libardi (secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, do Republicanos), Bruno Resende (deputado estadual, do União) e Márcia Bezerra (ex-secretária de Desenvolvimento Social de Cachoeiro, do PRD).
Na esquerda, a Federação Brasil da Esperança (PCdoB, PV e PT) deverá referendar o ex-prefeito Carlos Casteglione (PT) como seu candidato na disputa majoritária de outubro, em uma plenária marcada para o próximo dia 1º de março, na Câmara de Vereadores. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) chegou a manifestar desejo de apresentar um pré-candidato, mas Casteglione tem sido apontado como nome de consenso.
O empresário Wesley Corrêa (Rede), que é próximo do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cachoeiro (Sindipúblicos), também lançou pré-candidatura no início deste mês de fevereiro, mas a federação formada por Rede Sustentabilidade e Partido Socialismo e Liberdade (Psol) negocia uma chapa com Carlos Casteglione.
Atualmente, a pré-candidatura que representa o grupo do prefeito Victor Coelho (PSB) é a da secretária municipal de Obras e Manutenção e Serviços, Lorena Vasques (PSB). Coelho é o principal aliado de Renato Casagrande no sul do Estado, mas todos os outros pré-candidatos – com exceção do PL – apoiam o governador e disputam a sua preferência.