Uma multidão tomou parte da avenida Fernando Ferrari e toda a extensão da Reta da Penha
As cores partidárias não contaram muito nas manifestações que pediram o impeachment de Jair Bolsonaro e protestaram contra o negacionismo, a inflação e o desemprego, fatores geradores de fome e miséria no País. Eram 15h15 deste sábado (2), quando a multidão concentrada em frente ao Teatro Universitário, no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Vitória, com grande participação da juventude, ouviu a ordem vinda do carro de som da Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Companheirada’, vamos nos organizar para tomar as ruas e gritar fora Bolsonaro!”.
Começava a passeata/carreata, que se prolongou até as 17h45, em meio a samba e palavras de ordem pelo impeachment, a corrupção e a volta de direitos sequestrados. Ao passar na sede da Petrobras, que é objeto da política da privatização, os manifestantes estenderam uma faixa com os dizeres: “O Brasil não se entrega”.
Com bandeiras, cartazes, faixas e estandarte de partidos políticos e movimentos sociais, o protesto encheu parte das avenidas Fernando Ferrari e Reta da Penha, cobrindo uma extensão que vai desde a saída Ufes até o início da avenida César Hilal, em frente à Secretaria de Estado da Educação (Sedu), onde ocorreu a dispersão. Em todo o trajeto, não houve problemas, exceção de alguns motociclistas que quiseram invadir cruzamentos, sendo impedidos pelo pessoal encarregado pela segurança, em sua totalidade jovens do movimento estudantil.
“Estou aqui lutando pelo meu futuro”, explicou Maria Alice Ribeiro, aluna do curso de Física do Instituto Federal de Educação (Ifes). Ao participar do ato, ela também contribui para fortalecer as pressões, necessárias para tirar “Bolsonaro genocida” do poder, argumenta a jovem, em tom de voz acima do normal para se fazer ouvir.
Centenas de pessoas começaram a formar grupos desde às 13 horas na concentração em frente ao Teatro da Ufes que antecedeu a passeata/carreata que superlotou a Reta da Penha.
Partidos políticos com ideologias conflitantes, alguns que não participaram de atos anteriores, iniciados em maio, se uniram no protesto, resultante de articulações entre o PT, Psol PSB, PCB, PDT, UP, Rede e PCdoB, que, nessa sexta-feira (1) divulgaram manifesto convocatório para o ato.
“Reafirmamos a luta conda Bolsonaro, seu governo e suas políticas neoliberais, vinculando sempre a luta pelo impeachment à luta pelos direitos do povo brasileiro”, diz o comunicado. Confirmado pelo presidente da executiva estadual do PSB, partido do governador Renato Casagrande, Alberto Gavini esteve presente no protesto como uma comitiva numerosa, que, no entanto, não incluía nenhum dono de mandato eletivo.
“Vamos caminhar juntos no fora Bolsonaro”, disse, deixando sem respostas a pergunta sobre articulações para a eleição de 2022, nas quais o PSB estadual aparece como empecilho, pelo viés traçado no Espírito Santo e em mais três estados, de formar uma frente partidária contra Bolsonaro em nível nacional, sem a chamada terceira via, para disputar a Presidência da República, saída pela direita defendida por Casagrande.
O Unidade Popular (UP), o mais novo partido de esquerda do Brasil, em formação no Espírito Santo, participou visando divulgar a sigla por meio da distribuição de panfletos. O partido promete uma luta sem trégua contra “aquele que enriquece a partir da exploração do povo trabalhador”.
O grupo de torcedores portava faixa e uma grande bandeira do clube. Apesar de não representarem a Desportiva, estavam ali como um recorte da torcida para protestar contra o governo Bolsonaro.