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Lideranças evangélicas divulgam propostas em defesa dos direitos humanos

Promover espaços nas comunidades de fé evangélica que popularizem narrativas favoráveis da relação entre fé e direitos humanos e viabilizar movimentos que se organizam para discutir e defender essa pauta fazem parte das propostas do I Workshop Evangelho e Justiça: Enfrentando as violências e Promoção da Vida, divulgadas nesta quinta-feira (19) por um grupo de lideranças evangélicas capixabas, preocupadas com a “onda de obscurantismo” que tomou conta do País. 

“É preciso que a sociedade tome conhecimento de que no meio evangélico no Espírito Santo existem pessoas que pensam diferente”, ressalta o pastor Kenner Terra, um dos organizadores do Fórum Evangelho e Justiça, criado a partir do diálogo entre representantes de igrejas evangélicas da Grande Vitória, a fim de refletir a relação entre fé e espaço público, reconhecendo a existência e origem do Estado Democrático de Direito. Entre os temas abordados no evento, demandas sociais, feminicídio e relações históricas entre direitos humanos e doutrina bíblica, criando um clima de lutar contra a omissão diante das constantes violações aos direitos humanos. 

As propostas vêm ao público no momento em que o presidente Jair Bolsonaro faz mais um aceno ao eleitorado evangélico, em um culto realizado nessa terça-feira (17) no Palácio do Planalto, com a presença de lideranças de todo o País. Seu objetivo é montar uma rede nacional para colher assinaturas e, assim, atender exigência legal para viabilizar o Aliança pelo Brasil, o partido político que pretende criar. 

O governo Bolsonaro é questionado por entidades de direitos humanos e setores políticos, do Brasil e do exterior por desrespeito aos direitos humanos, estimulando a violência, como destaca comunicado da Anistia Internacional: “Algumas das medidas adotadas ou propostas por este governo podem elevar o risco de homicídios por armas de fogo; legitimam uma política de segurança pública baseada no uso da força letal; violam os direitos de povos indígenas e quilombolas; baseiam a política de drogas em práticas punitivas e ineficazes; e negam o direito à verdade, justiça e reparação para as vítimas do regime militar”.

Neste sábado (21), lideranças evangélicas capixabas estarão reunidas na Igreja Âncora, na avenida República, Centro de Vitória, a partir das 10 horas, para discutir o detalhamento da pauta a ser desenvolvida em 2020, que destaca “as ideias básicas dos direitos humanos e que a preocupação com o bem-estar social estão historicamente relacionadas ao protestantismo e, antes disso, à tradição bíblica. O fórum foi construído para visibilizar e fomentar a relação entre esses temas e a fé evangélica”.

Entre os temas das propostas, a utilização de “mecanismos e ferramentas para mobilizar vozes de dentro do movimento evangélico preocupadas com a relação entre justiça e aos direitos humanos; contribuir com a ampliação de informações sobre o papel da igreja junta às redes de políticas públicas”. 

Nesta rede, segundo os organizadores, a igreja é incluída por fazer parte da sociedade civil organizada e, nesse entendimento, exerce seu papel em articulação, promovendo o bem comum, a fim de tornar acessível às igrejas as políticas sociais adotadas pelo Brasil. 

As propostas indicam, também, a necessidade de contribuir com as igrejas na identificação e no reconhecimento das demandas sociais da comunidade/sociedade a fim de somar às demais instituições da Rede na luta por defesa, proteção e garantia dos direitos humanos.

Sinalizam ainda mecanismos para “ajudar as igrejas a perceberem suas demandas locais, a fim de somarem às demais instituições que lutam por direitos e provocar discussão nas comunidades evangélicas e articular ações de enfrentamento”. 

O I Workshop do Fórum contou também com a participação do secretário de Direitos Humanos de Vitória, Bruno Toledo, e do pastor Usiel Carneiro, além de Claudia Garcia, Meyrieli de Carvalho Silva e Hugo Fernandez.

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