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Major do ES é indiciado com Bolsonaro e outros 35 por tentativa de golpe de Estado

Angelo Denicoli integrava Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral

A Polícia Federal (PF) indiciou nesta quinta-feira (21) o major da reserva do Exército Angelo Martins Denicoli, residente em Colatina, no noroeste do Espírito Santo, entre os 37 investigados por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo as investigações, ele fazia parte do “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”, sendo acusado de produzir, divulgar e amplificar notícias falsas sobre as eleições. O objetivo seria desacreditar o sistema eleitoral, estimular manifestações em frente a quartéis e criar condições para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Ele também teria armazenado documentos relacionados a essa trama em um serviço de nuvem.

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Além do major Angelo Martins Denicoli, a lista de 37 indiciados pela Polícia Federal por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022 inclui nomes como Bolsonaro, acusado de liderar as ações; Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e seu candidato a vice, Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, vinculado à minuta do golpe encontrada em sua residência.

De acordo com a PF, o grupo atuou de maneira estruturada, com divisão de tarefas, visando impedir a alternância de poder após as eleições presidenciais. O relatório final foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e indica os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Cada um desses crimes pode levar a penas máximas de até 12 anos de prisão.

Os 37 investigados foram organizados pela Polícia Federal em núcleos com funções específicas para viabilizar a tentativa de golpe de Estado em 2022. O Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral atuava disseminando notícias falsas para desacreditar as eleições, enquanto o Núcleo de Incitação Militar buscava engajar membros das Forças Armadas em ações golpistas. Já o Núcleo Jurídico elaborava estratégias legais para tentar justificar a ruptura institucional, e o Núcleo Operacional e de Inteligência Paralela coletava e compartilhava informações sensíveis para apoiar os planos.

As provas contra os indiciados foram coletadas ao longo de dois anos, com base em medidas autorizadas pela Justiça, como quebras de sigilos bancários, telefônicos e telemáticos, além de buscas e apreensões que revelaram documentos e comunicações relacionados ao esquema. Os investigados aparecem vinculados a outros escândalos da gestão Bolsonaro, como o esquema de falsificação de cartões de vacinação e o caso das joias sauditas.

Envolvimento do major

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), Denicoli foi inicialmente implicado no caso em fevereiro de 2024, durante a operação “Tempus Veritatis”. Ele teria articulado ações golpistas, incluindo os ataques registrados em Brasília em 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes. Além disso, o major é acusado de disseminar desinformação contra as medidas sanitárias da pandemia de Covid-19. Em decorrência das investigações, ele foi proibido de manter contato com outros indiciados, teve que entregar seu passaporte às autoridades e está impedido de sair do país.

Pouco após ser alvo da operação, Denicoli foi exonerado do cargo de assessor especial na Companhia de Processamento de Dados de São Paulo (Prodesp). Durante a pandemia de Covid, ele chegou a disseminar desinformação sobre o uso de hidroxicloroquina como tratamento da doença. A exoneração ocorreu durante o feriado de carnaval, conforme comunicado da empresa.

Militares no centro

A lista de indiciados é dominada por militares, muitos dos quais passaram pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), incluindo Bolsonaro. Entre os nomes de maior destaque estão Walter Braga Netto e Augusto Heleno, cogitados para assumir o governo em caso de golpe; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército e Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.

Três militares foram presos nessa terça-feira (19), por planejarem atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes. São eles: o general de Brigada Mário Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, e os majores Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira. Esses indivíduos estavam associados a grupos de extrema direita e ligados às forças especiais do Exército, conhecidos como “comandos de operações especiais”, também chamados de “kids pretos”, que têm uma reputação de militância radical dentro do Exército.

A operação da Polícia Federal que os prendeu foi um desdobramento de investigações sobre a tentativa de golpe de Estado que envolvia também o planejamento de ataques a figuras do governo e do STF. Além dos militares, um policial federal, Wladimir Matos Soares, foi preso na ação.

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