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Médicos apontam viés político e repudiam pesquisa sobre vacina de crianças

Para Rui Perini, pesquisa segue viés negacionista defendido por Bolsonaro, CFM e Conselho Regional de Medicina

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“É um absurdo, que extrapola as funções do Conselho Federal de Medicina [CFM], com viés político, fomentado na gestão do ex-presidente Bolsonaro, que deve ser responsabilizado por pelo menos 300 mil das mais de 700 mil mortes por Covid”. Assim, o médico Rui Perini, da representação no Espírito Santo da Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia (ABMMD), se manifestou a respeito da pesquisa de opinião formatada pelo CFM junto à classe médica, relacionada à obrigatoriedade da vacinação, especialmente em crianças.

Nesta segunda-feira (15), a ABMMD e outras entidades médicas divulgaram nota de repúdio ao posicionamento do CFM, encaminhada, também, ao Conselho Regional de Medicina (CRM), para “expressar seu repúdio à iniciativa da atual gestão do Conselho Federal de Medicina de promover uma descabida pesquisa de opinião para médicos acerca da vacina de Covid- 19”. A nota é parte da campanha cujo mote é “Vacina não é questão de opinião! É questão de: Evidência científica, Prevenção, Saúde Pública, Não à consulta realizada pelo CFM! Vacinas salvam vidas!”.

Assinam a nota, além da ABMMD, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), Frente pela Vida, Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP) e Coletivo Rebento. “Sob o pretexto de ‘entender a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid- 19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses’, o CFM elenca perguntas contraproducentes e de caráter claramente enviesado”, aponta o texto.

Para Rui Perini, o posicionamento do CFM segue a visão negacionista de Bolsonaro, acolhida pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), que “congrega com essa política obscurantista”. Destaca que medicina não atua segundo opinião e, sim, de acordo com a ciência, ressaltando a nota. “A pesquisa parece não ter outro propósito senão o de alimentar uma falsa controvérsia em torno da vacina para Covid- 19, fundada em puro negacionismo médico-científico e teorias da conspiração”.

A vacina foi incorporada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao calendário vacinal da criança, baseado em decisão da Câmara Técnica Assessora em Imunização (CTAI) do Ministério da Saúde. Aponta o texto que se trata de “um órgão técnico, composto por especialistas, que analisam de forma sistemática e transparente os dados de segurança, imunogenicidade, eficácia e farmacovigilância antes de emitir suas recomendações”.

No caso da vacina de Covid- 19, prossegue, “foi bem demonstrado que os benefícios suplantam quaisquer riscos, inclusive para a faixa etária em questão. Fomentar questionamentos em torno da obrigatoriedade de quaisquer vacinas do PNI, além de não ser ético, contraria o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual as vacinas do PNI são obrigatórias, sendo um direito básico da criança e um dever do Estado”.

As entidades afirmam que esperavam, ao contrário dessa posição, que “o CFM cumprisse o papel de reforçar junto à sociedade as recomendações das entidades técnicas e científicas, entre as quais as sociedades médicas, em um contexto de múltiplos esforços coordenados para retomar as altas taxas de vacinação no Brasil”. Portanto, segue o texto, “consideramos desproposital falar em ‘direito’ dos pais ou responsáveis, tampouco em ‘autonomia médica’, como induz a tal pesquisa de opinião, quando o que está em jogo é o direito da criança à proteção conferida pelas vacinas. E quem compete atestá-las são as autoridades sanitárias”.

O documento indaga ainda qual o uso que “fará o CFM do resultado de sua tendenciosa pesquisa? O potencial uso de ‘dados’ para questionar a política pública e a ciência a partir de crenças pessoais e pesquisas de opinião não tem lastro no melhor interesse social e é irresponsável”.

Na conclusão, a nota enfatiza: “Esperamos, por fim, que o CFM retome seu relevante papel de zelar pelas boas práticas médicas, atuar em prol da Saúde e da Medicina, pautado pela Ciência, e que abandone, de uma vez por todas, pautas negacionistas que tanto mal fizeram à população brasileira nos anos recentes”.

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