Dupla bolsonarista insistiu no jargão de campanha que, sem fundamento, espalha entre os evangélicos a inexistente “ameaça comunista”
Estrela da campanha do marido no segundo turno, Michele Bolsonaro entrou no palco do lounge do aeroporto de Vitória, nesta sexta-feira (21), carregando uma criança no colo e acompanhada de duas outras – “as princesas” -, sob fortes aplausos e gritos de “Michele, Michele…”, que ecoavam da plateia formada por mulheres, a maioria vestida de verde e amarelo. Ao fundo, um grande cartaz estampava o patrocínio do evento – “Mulheres com Bolsonaro”, usado, também, para reforçar a campanha de Manato (PL) no Espírito Santo.
Michele enfatizou, como sempre faz, sem qualquer fundamento, a guerra contra o comunismo, apesar de não existir nenhuma ameaça nesse sentido no Brasil, e disse que o governo de Jair Bolsonaro (PL) luta pela família. A ex-ministra e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves (PL), chamou o PT de “partido das trevas” e foi nessa mesma linha, que embasa milhões de notícias falsas pelas redes sociais e é alvo de processos na Justiça.
Escaladas pela campanha bolsonarista na linha de frente do segundo turno eleitoral, as duas são protagonistas da “guerra espiritual” com a qual o grupo pretende derrotar o ex-presidente Lula (PT), em âmbito nacional, e Renato Casagrande (PSB) no Espírito Santo, e em outros estados. Jargões relacionados à “guerra do bem contra o mal” e outros de cunho religioso fizeram a marca do encontro.
Michele e Damares ganharam maior visibilidade depois que veio ao público, domingo passado (16), o caso envolvendo meninas venezuelanas por conta de um vídeo do presidente Bolsonaro insinuando que elas seriam prostitutas, agravada com a fala dele de “pintou um clima”, referindo-se a uma das meninas, de cerca de 14 anos.
Nessa segunda-feira (17), Michele e Damares se encontraram com as famílias das meninas, em Brasília, para “pedir desculpas” e acertar o desgaste provocado pela fala do presidente, principalmente, por relacioná-lo à pedofilia. Nessa quinta-feira (20), as famílias venezuelanas exigiram, publicamente, uma retratação pública. Na área judicial, a ocorrência gerou pedidos de proteção de outras medidas contra o presidente da República, gerando desgaste eleitoral.
No encontro no aeroporto de Vitória, destacavam-se na primeira fila da plateia, o candidato ao governo Manato, com a mulher, deputada federal Soraya (PTB), que não conseguiu se reeleger; o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), derrotado na corrida ao Senado; o ex-candidato ao governo Guerino Zanon (PSD); e ainda o deputado federal eleito Gilvam da Federal (PL) e o senador eleito, Magno Malta (PL), entre outros destaques da direita e da extrema direita no Estado.