Militância empunha bandeira de Lula e Casagrande para barrar o crescimento do palanque bolsonarista no Estado
Uma mudança no perfil do governo a partir de 2023. Essa é a perspectiva gerada nos compromissos assumidos pelo governador Renato Casagrande (PSB), candidato à reeleição, com setores relevantes na área social e que leva a militância do PT e de outros partidos de esquerda a absorver ações de campanha e contra o adversário, Carlos Manato (PL), representante do bolsonarismo no Estado.
O governador assinou o Pacto pelo Espírito Santo do Amanhã, nesse sábado (15), organizado pelas entidades sociais do Fórum Igrejas e Sociedade em Ação, e o documento “Demandas Negras Estruturantes para Equidade Racial e Combate ao Racismo no Estado do Espírito Santo”. A militância entende que a eleição de Lula à Presidência da República é prioridade e passou a trabalhar mais ativamente nesse segundo turno para ampliar a votação de Casagrande, apesar de ainda haver resquícios de insatisfação entre ativistas.
Esse cenário é consequência do isolamento imposto pelo governador ao PT e à campanha do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas, e de Casagrande ainda declarar que terá diálogo com qualquer dos candidatos que for eleito presidente.
As propostas contidas nos compromissos assumidos, neste segundo turno, se inseridas no programa de governo registrado na Justiça Eleitoral, mudarão o modelo de gestão adotado nos dois mandatos do atual governador e colocarão setores considerados apêndices na atual administração entre as prioridades. Casagrande mantém entendimento com outros setores, entre eles servidores públicos, com destaque para professores e profissionais da área de segurança pública.
O advogado André Moreira, ligado ao movimento negro e aos direitos humanos e futuro vereador de Vitória pelo Psol, acha que esse apoio surge no momento em que, numa condição extremamente grave, o governador passa a fazer política. “Pela primeira vez, em 20 anos, o diálogo om o povo está aberto, por meio dos movimentos sociais”, diz, e acrescenta: “A expectativa é que a política de coalizão, feita em gabinetes, se transforme em projetos”.
O médico Vitor Buaiz, primeiro governador do Espírito Santo eleito pelo PT, em 1994, e atualmente um dos ativistas de sua categoria profissional na campanha do segundo turno, aponta que “a eleição do ex-presidente Lula para um novo mandato, apoiado por uma coligação de 11 partidos do campo democrático, significa a reabertura do diálogo entre governo e os vários setores da sociedade para o tratamento das sequelas deixadas por um governo autocrático, que disseminou a intolerância entre os brasileiros”.
Ele é um dos participantes da agenda “Reage Brasil”, mobilização que vem sendo realizada em vários pontos da Grande Vitória, com a participação de diferentes categorias profissionais, estudantes e professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), empenhados em eleger Lula e Casagrande.
Nesta terça-feira (18), foram realizadas ações como panfletagens, oficinas e passagens em salas “para eleger Lula e Casagrande e derrotar o bolsonarismo”. As ações fazem parte da mobilização nacional convocada após anúncio de novos cortes nas instituições federais, pelo Ministério da Educação (MEC), que envolve também outros setores e categorias.
Para o escritor e ativista Perly Cipriano, do PT, a barreira decorrente do isolamento do partido nas articulações políticas passam para outro plano, bem abaixo da importância representada, para o Estado e o Brasil, da eleição do presidente Lula e de Casagrande, essenciais para contrapor o crescimento do bolsonarismo. “Os compromissos assumidos pelo governador terão que se transformar em ações concretas de governo”, acentua Perly.
O pacto traz 13 propostas, entre elas a garantia do enfrentamento às desigualdades social e regional; dos direitos humanos; priorização do orçamento público no campo social; combate à miséria e à fome; ampliação dos serviços do sistema de saúde, educação e assistência social; implementação de uma política de prevenção às violências e de segurança cidadã; e reforma dos sistemas penitenciário e socioeducativo.
E ainda programas de igualdade e oportunidades igualitárias para meninas e mulheres; implementação das ações constantes do Plano Estadual de Enfrentamento à LGBTfobia; implementação do Plano Estadual de Políticas para as juventudes; implementação do Programa Estadual de Direitos Humanos e do Plano Estadual de Educação em Direitos Humanos; garantia irrestrita à liberdade religiosa; defesa dos direitos dos povos originários; compromisso com a pauta ambiental; e construção e implementação do Plano Estadual para Equidade Racial e combate ao racismo.