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Mortos pela ditadura terão memorial na usina onde corpos foram cremados

Perly Cipriano, escritor e ex-preso político, organiza caravana para participar da instalação, em Campos (RJ)

Na usina de cana-de-açúcar Cambaíba, em Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, onde foram cremados vários corpos de militantes políticos assassinados pela ditadura militar de 1964, será erguido um memorial pelos mortos e desaparecidos nos 21 anos em que durou o regime. O evento será realizado no próximo dia 6 de dezembro, com a participação de amigos e parentes das vítimas, representantes do governo federal, partidos políticos, movimentos sociais e grupos de ativistas pela democracia.

O Espírito Santo será representado por uma caravana de 40 pessoas, organizada pelo escritor e ex-preso político Perly Cipriano. Em 2009, como subsecretário de Direitos Humanos na segunda gestão do presidente Lula, ele fez os primeiros contatos do ex-delegado Cláudio Guerra, do Dops no Estado, com os jornalistas Rogério Medeiros e Marcello Neto, que ouviram do policial a confissão sobre a incineração dos corpos nos fornos da usina, operação conduzida por ele a mando das forças repressoras.

A história é contada no livro Memórias de uma Guerra Suja, de autoria dos dois jornalistas. O ex-delegado, hoje pastor evangélico, revela outros fatos da ditadura, além da incineração dos corpos na usina, como o atentado a bomba no Riocentro, o acidente que matou a estilista Zuzu Angel, e o planejamento da morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury e do jornalista Alexandre Baumgarten.

“Pela primeira vez, a gente vai fazer o memorial naquele local e associar a ditadura cívico-militar com o nazismo, pela cremação dos corpos das vítimas”, aponta Perly Cipriano, acrescentando que no memorial haverá exposições permanentes de fotos, filmes e textos sobre o período da ditadura, como forma de lembrar os mortos e desaparecidos.

Perly informa que no evento haverá o tombamento do local, cujo entorno hoje é do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e a instalação do memorial, com a presença do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida; do dirigente do PT, João Pedro Stedile; do escritor Leonardo Boff e, ainda sem confirmação, do ministro da Justiça, Flávio Dino.

Caravanas de outras cidades se organizam, inclusive de Natal, capital do Rio Grande do Norte, organizada por familiares do ex-deputado Luiz Maranhão – irmão do ex-prefeito Djalma Maranhão -, assassinado na ditadura. 

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