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Movimento evangélico forma barreira a terrorismo religioso

Pastor Ariovaldo Ramos, criador da Frente Evangélica pelo Estado de Direito, aponta Jair Bolsonaro como “um ser maligno”

O “terrorismo religioso”, disseminado em redes sociais e por meio de pregações de grupo de pastores ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), vem encontrando barreira na Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, criada pelo pastor Ariovaldo Ramos, de São Paulo, que, com base na Bíblia, aponta Bolsonaro como “uma espécie de anticristo, enviado do Diabo”. A ação, que está espalhada em todo o país, inclui religiosos do Espírito Santo e ganha mais força nessa semana que antecede as eleições de domingo (2). 

A três dias da votação, grupos evangélicos massificam a divulgação da carta “Somos um pela democracia, somos todos pelo Brasil”, já com milhares de assinaturas, e participam do movimento “vira voto”, que visa garantir a vitória de Lula (PT) no primeiro turno. A carta destaca: “Lamentamos profundamente que a política esteja contaminando esta fé com a mentira, as fake news, os discursos raivosos e um autoritarismo que não tem nada a ver com a mensagem libertadora de Cristo”.

Em Vitória, o evangélico J.B., que prefere não revelar o nome, temendo retaliação, mudou o voto após receber esclarecimento sobre informações falsas divulgadas no meio. “Agora, meu voto é do Lula”, diz, confiante de que não está fazendo nada de errado ou contrário aos ensinamentos bíblicos. J. B. lembra que pregações de pastores apontam Lula como consagrado ao Diabo e que, se eleito, vai fechar igrejas e obrigar as mulheres a abortar.

São informações mentirosas que circulam no meio evangélico e impactam pessoas de todas as classes sociais, sem exceção. J.B. foi alcançado por grupos de evangélicos mais esclarecidos quanto aos ensinamentos de Jesus e os projetos do ex-presidente Lula, que destaca o amor ao próximo, a generosidade e a não violência.

A campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, com forte base de apoio entre esse público, investe nas mensagens falsas desde a campanha de 2018 e, com essa prática, consegue manter os cerca de 30% de aceitação, conforme revelados nas pesquisas de opinião. Michele Bolsonaro, esposa do presidente, e da ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, lideram essa “guerra do bem contra o mal”, amparadas por grandes congregações deste ano.

Os evangélicos recordam que foi Lula quem sancionou, no seu governo, a lei criando a “Marcha para Jesus”, transformada por Jair Bolsonaro em palanque político, e, também, a lei garantindo a liberdade religiosa. A “guerra” contras as religiões de matriz africana se deve à “estrutura social racista do Brasil, que estabelece barreiras de preconceito que vem dos pretos e pobres”.

Mensagem

A carta “Somos um pela democracia, somos todos pelo Brasil” afirma: “Nesse momento atual, de muitos desafios para o nosso país, como a fome, o desemprego e subemprego que causam sofrimento a tantas famílias; nesse tempo de tantas divisões e conflitos entre muitos lares e igrejas; e de muitas mentiras que circulam em redes sociais, nos unimos a irmãos e irmãs – cristãos de diversas igrejas em todas as partes do Brasil para juntar nossas forças, orar e agir em defesa do bem estar para todos, da democracia brasileira, do processo eleitoral e do respeito ao resultado das urnas”.

“Passados mais de 200 anos da chegada dos primeiros protestantes em nossa terra, percebemos que temos nos distanciado dos valores humanos e evangélicos que eles nos deixaram, ideias de liberdade, democracia e dignidade humana”, reforça outro trecho. E prossegue: “Trazendo na bagagem a fé evangélica, eles não vieram para promover ódio e intolerância religiosa. Tinham a esperança de ajudar a construir um país abençoado, onde pessoas diversas pudessem conviver em paz”.

“Lamentamos profundamente que a política esteja contaminando esta fé com a mentira, as fake news, os discursos raivosos e um autoritarismo que não tem nada a ver com a mensagem libertadora de Cristo. Oramos por nosso país e clamamos a Deus por democracia, direitos, justiça e paz. Somos um pela democracia, porque somos um pelo pão, pela verdade, pelo respeito, pela justiça, pela paz”.

Outro trecho destaca a questão da fome: “Somos um pelo pão de cada dia. Oramos e defendemos que os mais pobres do Brasil deixem de passar fome e tenham alimento digno, pois Deus é amor e nos ensina a compartilhar e amar o bem comum. (Mateus 6.11; Marcos 6.30-37; 2 Coríntios 8.14, 15; 1 João 3.16, 17)”.

O restante da carta enfatiza pontos essenciais para a reconstrução do país. “Somos um pela verdade e contra notícias falsas e discurso agressivo que tem dividido famílias e separado amigos e irmãos. Oramos pelo seguimento à orientação dos apóstolos de não se deixar levar pela “esperteza dos homens que induzem ao erro. Antes, seguindo a verdade em amor” (Efésios 4.14-16).

Somos um pelo respeito. Defendemos e oramos por diálogo sem ódio e sem violência, mas com coragem de manifestar o amor mesmo quando discordamos, lembrando sempre do mandamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (João 13.34). 

Somos um pela justiça. Defendemos as instituições democráticas que, mesmo imperfeitas, garantem nossos direitos. Oramos para que seus princípios sejam respeitados, seguindo a orientação bíblica de ‘Dar a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”. (Mateus 22.21; 5.20; 6.33). 

Somos um pela paz. Defendemos e oramos por eleições pacíficas, sem armas e ameaças. Pois ‘a mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz”. (Romanos 8.6; 12.17-21). Como Jesus nos fez um, sejamos um pelos princípios que ele nos ensinou a amar. Que Deus abençoe o nosso país, para que “a justiça corra como um rio perene” (Amós 5.24)”. 

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