“Se Ricardo não se indispuser contra as fraudes cometidas por Rose de Freitas, pela inobservância das normas regimentais, tampouco não se pronunciar contra o desvio de recursos do Fundo Partidário, vai encontrar muita resistência dentro do partido”. O alerta ao novo presidente estadual do MDB, vice-governador Ricardo Ferraço, é do movimento União & Ação, que reúne emedebistas históricos.
O vice-governador assumiu a presidência do MDB estadual nessa segunda-feira (16), depois de articulações no Espírito Santo e Brasília, visando pacificar a crise entre os grupos da ex-senadora Rose de Freitas e do ex-deputado federal Lelo Coimbra. A comissão, registrada na Justiça Eleitoral nessa quarta (18), terá 90 dias para eleger a o diretório estadual e a comissão executiva.
“Ainda não houve pacificação, pois nenhuma ação foi implementada pelo Ricardo. Fato é que a própria constituição da comissão provisória já evidencia o primeiro desgaste com a nomeação de não filiada e, ainda, filha do prefeito de Aracruz”, afirma o grupo de insatisfeitos.
Em setembro passado, o movimento União & Ação protocolou a chapa encabeçada pelo ex-deputado Lelo Coimbra, forçando a realização da eleição para o comando do partido, que terminou empatada com a chapa Reconstrução, de Rose, que vinha protelando a convenção, conseguindo manter-se na função além do prazo regimental, por mais de um ano.
Nessa sexta-feira (20), um grupo de integrantes do movimento questionou a nomeação de Jeesala Mayer Coutinho, filha do prefeito de Aracruz, Luiz Cláudio Coutinho, o Dr. Coutinho, do Cidadania, e lembrou práticas da ex-presidente da comissão provisória, Rose, denunciada por atividades irregulares, que inclui uma notícia-crime transformada em inquérito policial.
“O MDB são os filiados e estes não aceitam mais os desmandos e atitudes antidemocráticas de Rose de Freitas”, destacam membros do movimento, em texto a que Século Diário teve acesso. “Denunciamos reiterada vezes a terceirização do partido pelos prefeitos municipais. Ora, a nomeação da filha do prefeito de Aracruz, a nomeação da esposa do prefeito de Conceição da Barra, há de se pressupor que tudo continua como dantes”.
Eles consideram as medidas “completamente desnecessárias e conduzidas por Rose de Freitas” e apontam que a nova direção deveria “prestigiar a suplente de senadora Ana Tongo, entre outras figuras femininas do partido”.
Destacam que os demais integrantes da comissão provisória “são prefeitos, todos eles envolvidos com suas próprias eleições e projetos pessoais. Não sobra ninguém para pensar o partido”, enfatizam. A comissão tem, além de Ricardo Ferraço na presidência, os prefeitos de Cariacica, Euclério Sampaio, e Guerino Balestrassi, de Colatina. Lelo e Rose figuram como membros, com reduzidos poderes decisórios.
O grupo recorda que a notícia-crime foi convertida em inquérito policial (IPL n° 20230064636), presidido pelo delegado Fernando Amorim. “Quando há a instauração de inquérito, conforme o caso, significa que a notícia do crime foi admitida. A conclusão do inquérito pode conduzir ao indiciamento dos investigados, seguindo ao Ministério Público para a instauração da ação penal”, explica o texto.
Eles “exigem o cumprimento do estatuto, para que não filiados não ocupem cargos no partido, seja na comissão provisória, diretório ou executiva; que as diretrizes para as eleições municipais sejam fixadas; as impugnações não sejam engavetadas; e as reivindicações sejam ouvidas, que todos os filiados tenham voz e direito ao voto. Em resumo, preceitos elementares que foram ignorados”.
Século Diário manteve contato com Ricardo Ferraço para se manifestar sobre o assunto, sem êxito. “Estou numa reunião e não consigo falar agora. Podemos falar mais tarde?, respondeu o presidente do MDB. Mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.