Representatividade aumenta lentamente, mas ainda distante dos 52% do eleitorado feminino
No Estado que menos elegeu prefeitas em todo o Brasil nas disputas municipais de 2024, as mulheres também serão minoria nas câmaras de vereadores dos nove municípios capixabas com mais de 100 mil habitantes: Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Guarapari, São Mateus e Colatina (em ordem decrescente de população). Apesar de um aumento de 1,2% em representatividade de gênero, com 18 mulheres eleitas nesse domingo (6) nessas cidades, três a mais do que em 2020, elas representam apenas 10,65% do total de 169 cadeiras, um índice inferior à média nacional de 18,24% de mulheres entre os vereadores eleitos.
Proporcionalmente, o crescimento da representatividade feminina nos municípios mais populosos do Estado ultrapassou o aumento do número de vagas para vereadores em relação ao pleito anterior. As câmaras municipais de Vitória e Vila Velha saltaram de 15 para 21 e 17 para 21 cadeiras, o que representou 10 vagas a mais que o total de 159 cadeiras em 2020.
A Capital capixaba elegeu duas mulheres entre 15 vereadores em 2020, Karla Coser (PT) e Camila Valadão (Psol), na época a mais votada, com 5,6 mil votos. Com a eleição de Camila à Assembleia Legislativa, Karla passou a ser a única voz feminina. Agora, a representatividade para três eleitas este ano, com a reeleição de Karla Coser (PT) como a mais votada, com 7,2 mil votos, e a chegada de duas novas vereadoras, Ana Paula Rocha (Psol), com 2,6 mil, e Mara Maroca (PP), com, 2,3 mil. Todas se declaram pretas ou pardas, e duas estão no campo de oposição ao prefeito reeleito, Lorenzo Pazolini (Republicanos): Karla e Ana Paula Rocha
Vila Velha também cresceu em representatividade na câmara, com a reeleição de Patrícia Crizanto (PSB), mulher mais votada para vereadora, com 3,6 mil votos, e a eleição de Carol Caldeira (DC), parda, com 2 mil votos, para o seu primeiro mandato.
Entre as 18 vereadoras eleitas nos municípios com mais de 100 mil habitantes no Estados, 11 exercerão o primeiro mandato: Ana Paula Rocha (Psol) e Mara Maroca (PP), em Vitória; Carol Caldeira (DC), em Vila Velha; Açucena (PT), em Cariacica; Andréa Duarte (PP), na Serra; Tainá Coutinho (PRD), em Guarapari; Renata Fiório (PP), em Cachoeiro de Itapemirim; Professora Kelley Bonicenha (PSDB) e Pâmela Maia (MDB), em Linhares; Professora Valdirene (PT), em São Mateus; e Lunanda Vago (Republicanos), em Colatina.
As vereadoras reeleitas, além de Karla e Patrícia Crizanto, foram Raphaela Moraes, que deixou a Rede para ingressar no PP, na Serra; Sabrina Astori (PSB), Kamilla Rocha (Mobiliza) e Rosana Pinheiro (PSD), em Guarapari; e Isamara da Farmácia (União), em São Mateus.
A proporção de brancas e negras eleitas foi de 1:1. Ana Paula Rocha (Psol), Açucena (PT), Professora Valdirene (PT) e Patrícia Crizanto se declaram pretas;, Mara Maroca (PP), Carol Caldeira (DC), Tainá Coutinho (PRD), Karla Coser (PT) e Isamara da Farmácia (União) se declaram pardas.
O partido com mais mulheres eleitas nos municípios capixabas mais populosos foi o PP, com quatro vereadoras, seguido pelo PT, que perdeu uma cadeira na Serra, com a saída de Elcimara Loureiro (PT), em 12ª suplente, com 2 mil, manteve Karla Coser em Vitória e conquistou uma vaga em Cariacica e em São Mateus, com Acuçena e Professora Valdirene.
De acordo com dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres correspondem a aproximadamente 52% do eleitorado tanto no território capixaba como no Brasil. As candidaturas femininas representaram apenas 32% entre as registradas em todo o Espírito Santo, com 3,2 mil mulheres frente a 6,7 mil homens. As mulheres negras totalizam 1,8 mil e as não negras 1,3 mil.
Candidatas à prefeitura
Entre os 18 municípios capixabas que tiveram candidaturas de mulheres para prefeitura neste ano, cinco estão entre os mais populosos, mas nenhuma se elegeu. Vitória, com Camila Valadão (Psol); Cariacica, com Célia Tavares (PT); Cachoeiro de Itapemirim, com Lorena Vasques (PSB); Colatina, com Renata Marquesine (Psol); e São Mateus, com Professora Zenilza Pauli (PT).
Apenas duas candidatas conquistaram os cargos de prefeita para 2025, ambas ligadas a partidos de centro direita e em municípios predominantemente rurais, Ana Malacarne (MDB), em São Domingos do Norte, no noroeste, e Iracy Baltar (PODEMOS), em Montanha, norte do Estado. O Espírito Santo se destacou negativamente com o pior percentual de candidatas eleitas para prefeituras em todo Brasil, com apenas 2,63% dos cargos ocupados por mulheres
Cenário nacional
No Brasil, o número de mulheres eleitas para as câmaras municipais cresceu 13% entre as eleições de 2020 e 2024, de acordo com dados do TSE. Em 2020, 9,3 mil mulheres ocuparam 16,13% das 58 mil vagas de vereador. Agora, em 2024, o número aumentou para 10,6 mil mulheres, ocupando 18,24% das 58,3 mil cadeiras disponíveis. Esse aumento representa 1,2 mil vereadoras a mais em todo o país. No entanto, mesmo com esse crescimento, o número de mulheres eleitas ainda está abaixo da proporção de mulheres eleitoras, que representam 52,4% dos brasileiros votantes.