Ele prossegue destacando que “a literatura já demonstrou fartamente que a remuneração tem impacto direto no aproveitamento mais assertivo dos servidores, desenvolvimento de competências necessárias, melhoria da motivação e produtividade, sentimento de equidade e valorização profissional, diminuição do absenteísmo e da rotatividade de pessoas, retenção de colaboradores considerados talentos na organização, clima organizacional mais favorável e auxílio na construção e na implementação das políticas”.
Eliane recorda que existe uma mesa de negociação com os servidores, para tratar de suas reivindicações, mas que ela se reuniu somente duas vezes, evidenciando a falta de diálogo da gestão municipal com os trabalhadores. Na mesma sessão dessa quarta-feira também foi aprovado, por unanimidade, o PL 001/2022, “que trata da concessão de revisão geral anual para os servidores públicos municipais de Colatina, inclusive da Autarquia Sanear [Serviço Colatinense de Saneamento Ambiental]”.
A proposta prevê uma revisão geral anual no índice de 6%, a partir de primeiro de fevereiro, “para todos os servidores públicos municipais, ativos, pensionistas e comissionados, servidores do quadro do Poder Legislativo, Prefeito, Vice-Prefeito Municipal e Vereadores inclusive da Autarquia Sanear”. O diretor jurídico do sindicato, Décio Rezende, destaca que os servidores tiveram, somente em 2021, 17% de perdas inflacionárias, ou seja, os 6% não cobrem nem metade da perda do ano anterior, sendo inclusive, menor do que o reajuste do salário mínimo, que foi de cerca de 10%.
O diretor do Sispmc informa que os trabalhadores estão sem reajuste desde 2017, primeiro ano da gestão do então prefeito Sérgio Meneguelli. O dirigente sindical questiona ainda o fato de que reivindicações antigas dos trabalhadores foram ignoradas, como o adicional por tempo de serviço para os estatutários e a equiparação da gratificação dos secretários escolares celetistas com a dos estatutários.
Décio recorda que, no início de sua gestão, o prefeito se comprometeu com os trabalhadores a atender essas reivindicações assim que a Lei Complementar 173/2020, de autoria do governo Bolsonaro (sem partido), perdesse sua vigência. Essa lei vigorou até 31 de dezembro de 2021 e proibia reajustes e concessão de benefício para servidores.
Eliane afirma que o sindicato contatou a Câmara nessa segunda-feira (3) para saber se haveria sessão nesta semana, mas foi informado que não, tendo ciência, no dia posterior, da sessão da quarta-feira e suas pautas. Para evitar a aprovação do projeto, o Sispmc divulgou uma carta aberta aos vereadores, na qual afirma acreditar que “um serviço público, gratuito e de qualidade, capaz de atender as demandas da população, só é conquistado através de investimentos na estrutura física e em pessoal”, e que “somente servidores valorizados são capazes de realizar um atendimento de qualidade”.
A entidade destaca que os servidores de Colatina estão há 20 anos sem uma política de valorização, com anos de arrocho salarial, perdas salariais e com um Plano de Cargos e Salários na “UTI”. O sindicato salienta que a Prefeitura irá fechar o mês com 40% de gasto de pessoal, havendo, portanto, “margem significativa para avançar no índice de reajuste e na garantia de direitos”, entretanto, o aumento do salário dos secretários causará “impacto significativo na folha de pagamento”, trazendo impedimentos no avanço dos direitos dos trabalhadores.