Região terá 6% de mulheres no comando de prefeituras e 14% nas câmaras municipais
A representatividade de gênero na política do norte e noroeste do Espírito se manterá, a partir de 2025, abaixo da média nacional, assim como em 2020. Apenas duas mulheres foram eleitas prefeitas na região, sendo as únicas a vencerem disputas majoritárias no Estado com o menor percentual de mulheres eleitas no Brasil: Iracy Baltar, em Montanha, e Ana Malacarne (MDB), reeleita em São Domingos do Norte.
O percentual de mulheres eleitas para prefeitas nessas regiões foi de 6,45%, superior à média estadual de 2,63%, mas ainda distante da média nacional de 13,2% e, sobretudo, da representatividade feminina no eleitorado, que é de 52%, tanto no Brasil quanto no Espírito Santo.
Além de Ana Malacarne e Iracy Baltar, seis mulheres concorreram ao cargo: Fernanda Milanese (Podemos), em Boa Esperança; Renata Marquesine (Psol), em Colatina; Geralda (Psol), em Conceição da Barra; Tia Laureci Gigante do Norte (PL), em Ecoporanga; Professora Zenilza Pauli (PT), em São Mateus; Mônica Ziviani (PL), em Vila Pavão; e Milte (PL) e Naciene (PP), em Ibiraçu, único município onde duas mulheres disputaram a prefeitura.
Nas câmaras municipais, a proporção de vereadoras eleitas foi de 14,3% e permanece abaixo da média nacional de 18% entre os vereadores eleitos no último domingo (6). O partido com mais mulheres eleitas vereadores nos municípios do norte e noroeste do Estado foi o MDB, com nove parlamentares, seguido por PSDB, com cinco.
No campo da esquerda, apenas o PT elegeu duas parlamentares, Professora Valdirene, em São Mateus, e Professora Gina, em Mantenópolis. Com poucos recursos financeiros para a campanha, as duas se tornaram as únicas vozes da esquerda em suas respectivas câmaras municipais, trazendo uma força política comprometida com a educação e os direitos das mulheres.
A presença de mulheres pretas e pardas nas câmaras municipais do norte capixaba cresceu de 50% para 52% entre 2020 e 2024. No entanto, o número de mulheres que se declaram pretas que conquistaram cargos diminuiu em comparação às eleições anteriores. Em 2020, três mulheres pretas foram eleitas: Vilma Enfermeira (PP), em Água Doce do Norte (que venceu como vice-prefeita em 2024); Ciety (PP), em São Mateus; e Rosenilde Simões Bispo (PT), em Conceição da Barra. Em 2024, as únicas mulheres pretas eleitas foram Rô do Salão (MDB), em Domingos do Norte, e Professora Valdirene (PT), em São Mateus.
Exclusividade masculina
O número de câmaras municipais exclusivamente compostas por homens continua crítico, com seis cidades que elegeram apenas parlamentares homens, uma a menos do que em 2020.
Vila Valério e São Domingos foram os municípios que reverteram essa situação e ambos passarão a ter três de nove cadeiras disponíveis ocupadas por mulheres. Em Vila Valério, as novas parlamentares são brancas e ligadas a partidos do centro e direita: Edivânia Demoner (Podemos), Marinalva (PP) e Ângela Camporez (PSB). Em São Domingos, também se elegeram candidatas de partidos de centro-direita Moa (Podemos) e Andressa Siqueira (MDB), que se declaram brancas, e Rô do Salão (MDB), que se declara preta.
Cinco municípios mantiveram a composição integralmente masculina da última legislatura: Ecoporanga, Governador Bley, Pedro Canário, Rio Bananal e Sooretama. Já Água Doce do Norte e Barra de São Francisco, que contavam com apenas uma vereadora entre 2021 e 2024, não elegeram nenhuma mulher nesta eleição e entram para o grupo dos municípios sem representação feminina no legislativo.
Apenas em um município as mulheres serão maioria. A Câmara Municipal de Ponto Belo, com nove cadeiras, terá cinco preenchidas por parlamentares do sexo feminino, duas a mais do que entre 2021 e 2024, com a reeleição de Cláudia Rocha (PSDB), e Irmã Ilza (PP), e chegada de três novas vereadoras: Roze Guese (PDT), Nágila Rabelo (MDB) e Victoria Nina (PDT).
Os resultados das eleições municipais na região revelam os desafios que o Estado enfrenta para promover equidade de mulheres na política local, como o alarmante descumprimento das políticas de cotas de gênero em 16 dos 78 municípios capixabas, em proporção superior à média nacional. Além disso, a falta de exigência para cumprimento das cotas em cargos majoritários e a recente aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Anistia, que isenta partidos de multas, prejudicam a efetivação da representatividade de gênero.
Outras regiões, mesmo cenário
No sul do Estado, também não foram registrados avanços em representatividade de gênero nas prefeituras e câmaras municipais em comparação com os resultados de 2020. A região não terá mulheres no comando das prefeituras e apenas 28 foram eleitas para exerceram a legislatura – no pleito passado, foram 30.
Nos nove municípios capixabas com mais de 100 mil habitantes – Serra, Vila Velha, Cariacica, Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Guarapari, São Mateus e Colatina -, as mulheres também serão minoria nas câmaras. Apesar de um aumento de 1,2% em representatividade de gênero, com 18 mulheres eleitas nessas cidades, três a mais do que o pleito passado, elas representam apenas 10,65% do total de 169 cadeiras, um índice inferior à média nacional de 18%.