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Papo de RepórterCenário político muda na reta final do processo eleitoral

Rogério Medeiros e Renata Oliveira
 

A história das viagens da ex-primeira-dama Cristina Gomes fizeram um estrago na imagem de “bom moço” do ex-governador. Papo de Repórter discute o efeito das críticas a Paulo Hartung no cenário eleitoral.

Renata – Esse fim de semana temos uma rodada de pesquisas do Futura, que deve vir em socorro de Paulo Hartung; a Enquet também sai com pesquisa. Os levantamentos vão retratar o momento em que o eleitorado começa a se dar conta de que tem de votar no próximo dia 5. Deve mostrar uma tendência, mas ainda não é um resultado definitivo. Mas o eleitor entende que tem de votar e esse povo que desce agora é que é o grosso da eleição.  

 
Rogério – A meu ver a definição vem por aí. O que a gente percebe nesse momento que antecedeu à aparição destas pesquisas é o fato de Paulo Hartung estar acuado. Está todo embaraçado com essa história do dinheiro público para que a mulher pudesse viajar à vontade pelo Brasil e pelo mundo. Esse negócio das passagens se tornou o centro da discussão entre Hartung e Casagrande. PH alega que é baixaria dizer que a mulher dele viajou com dinheiro público. Mas o que é de suma gravidade, além dessa inexplicável turnê é inexplicável a questão da consultoria Éconos. Quem deu mais dinheiro para Éconos foi a Rodosol, a troco de quê? 
 
Renata – Hartung tentou revidar levantando a lebre do uso do jatinho, mas acabou se enrolando mais, porque Casagrande apresentou os dados, bem detalhados. Ele foi transparente. E ainda piorou a coisa para o lado do Paulo, porque é óbvio que ele não ia levantar só os dados da gestão dele. Aí descobriu a questão da destruição dos documentos na época do primeiro mandato do Hartung. O grupo do ex-governador mandou por aí umas fotos que seriam de destruição de documentos no governo Casagrande, mas uma coisa é mostrar a portaria, como fez o Casagrande, outra coisa é jogar foto que seriam…
 
Rogério – E você está se esquecendo que na queima dos documentos ficaram dois anos de viagens da mulher dele, porque se tem dados de seis anos, dos dois primeiros não tem. Então dá para imaginar que teve mais viagens aí que não entraram ainda nessa contabilidade. 
 
Renata – Nessa sexta-feira (19), o Hartung vai para seu jornal A Gazeta para tentar explicar o inexplicável. Falou que vai processar, que estão atacando a família, que sua mulher está sendo agredida. Tudo bem, mas até este momento, ele não explicou as viagens nos fins de semana para o Rio de Janeiro e São Paulo. Quer dizer, tentou explicar com essa história de que ela coordenava o projeto Cais das Artes e tinha encontros com os projetistas, mas no fim de semana?
 
Rogério – Quem diria que um dia viríamos o Paulo Hartung em uma situação dessa natureza, e ficou claro que ele usou a coisa pública em favor da família. E agora tenta se fazer de vítima, uma vestimenta que não cabe nele. Foi sempre conhecido pela virulência, pela difamação das pessoas que tinham coragem de enfrentá-lo, com a ajuda de seu arranjo institucional. A central de boatos agia à vontade. E o que é mais grave é que se você mexer no governo dele é oco, não tem nada…

 

Renata – Isso é verdade. Hartung fala em ocupação social, mas nos dois mandatos do ex-governador houve denúncias de violação dos direitos humanos dentro das cadeias. Os quadros interativos das escolas estão pegando poeira nos depósitos, na saúde, a imprensa era proibida de entrar nos corredores do São Lucas, enfim, não era essa a meta do governo passado, era desenvolvimentista e só, era voltado para um grupo de empresários. 

Rogério – Renata, seja qual for o resultado das eleições, digamos que Paulo Hartung ganhe, ele não será mais essa figura intocável que ele criou, vai ser um governador respingado de lama. E ele deve ter ideia do custo disso para a carreira política dele. Vai ter dificuldade para governar, porque vai ter de governar com essa nódoa, vai ser cobrado disso. Serão quatro anos, nem sei se serão oito, mas agora ele será um sujeito enlameado como aqueles que ele enlameou. Agora todo mundo passa a ver o que ele é. Tudo será diferente. Se você me perguntar quem é melhor para o Espírito Santo eu não sei, mas pior para o Espírito Santo é Paulo Hartung. 

 
Renata – Mais que mexer nesse cenário eleitoral, essa situação mexe na conjuntura política do Estado. Durante oito anos o Espírito Santo viveu um estado de exceção. Dentro da democracia, havia um só poder. Hartung elegeu deputados, cooptou lideranças de bem para a causa da chamada “reconstrução do Espírito Santo”, calou aposição, retirou da rua o movimento sindical e popular, em sua aliança com João Coser, do PT. E colocou o governador Renato Casagrande debaixo de sua asa por quatro anos, como se ele fosse um mero coadjuvante de seu governo indireto…

 

Rogério – Renata, o fator preponderante para que essa farsa fosse realizada nesta era Paulo Hartung foi a imprensa corporativa que jamais, e continua, não colocando um tracinho em cima do Paulo. Acolheu tudo que Hartung necessitava. Jogou lama em quem entrou no caminho dele e aí se multiplicou essa impunidade que gerou esse enriquecimento dele e de seu seleto grupo. 

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