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Parlamentares capixabas se dividem entre ‘Carnaval’ e apoio a Bolsonaro

Denúncia contra ex-presidente pela PGR foi repercutida por esquerda e direita no Estado

Bruno Spada – Câmara dos Deputados / Lucas S. Costa – Ales / Victor Thomé – Ales / Jefferson Rudy – Agência Senado

“Carnaval + prisão do Bolsonaro + Oscar da Fernanda Torres. Se organizar direitinho, o Brasil pode ter boas semanas em breve.”

O comentário foi postado nas redes sociais pela deputada federal Jack Rocha, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), nessa terça-feira (18). A postagem foi feita após a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), junto a outras 33 pessoas, por crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023. O assunto foi repercutido por diversos parlamentares capixabas de esquerda e direita.

Os crimes apontados incluem organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Entre os denunciados está o major Angelo Martins Denicoli, morador de Colatina, no noroeste do Estado. A denúncia ainda precisa ser aceita pelo relator da ação do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Alexandre de Moraes, mas a expectativa é de que o julgamento ocorra ainda este ano.

Além da gozação com a situação de Jair Bolsorano, Jack Rocha postou vídeos com outros deputados comentando o assunto. A deputada estadual Camila Valadão (Psol) também comemorou a notícia postando um vídeo em que aparece sambando. “Grande dia, meu povo! Bolsonaro foi denunciado pela tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito!”, destacou.

Ainda entre os petistas, o deputado federal Helder Salomão foi outro que postou nas redes sociais sobre um assunto. “#sem anistia. Bolsonaro, chegou a sua hora”, escreveu em cima de uma foto do ex-presidente. A deputada estadual Iriny Lopes também fez coro de “sem anistia para bolsonaro e sua quadrilha golpista!”. Já Karla Coser, vereadora de Vitória mais votada nas últimas eleições, exibiu um pequeno cartaz escrito “Sem Anistia” na sessão da Câmara Municipal, nesta quarta-feira (19).

O pai de Karla, deputado estadual João Coser, destacou nas redes sociais que “o cerco está se fechando para Bolsonaro”, e o senador Fabiano Contarato classificou a denúncia como “momento histórico”, também pelo fato de incluir outros militares de alta patente.

Bolsonaristas reagem

Os bolsonaristas também marcaram posição, com a propagação da defesa do ex-presidente. O senador Magno Malta, presidente do Partido Liberal (PL) no Espírito Santo, falou em “perseguição política” e criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, responsável pela denúncia.

“Enquanto a esquerda comemora essa vitória ilusória, sabemos que a verdade sempre vem à tona. Deus é maior do que qualquer perseguição política. E não poderia deixar de expressar minha indignação com a postura de Gonet. Quando esteve no meu gabinete, mostrou-se um homem equilibrado e institucional. Hoje, infelizmente, demonstra a parcialidade que já se tornou rotina em algumas instituições. (…) Meu amigo Bolsonaro, estamos juntos nesta luta!”, escreveu.

O deputado federal Evair de Melo (PP), que tem apoio de Bolsonaro para uma possível candidatura ao Senado no ano que vem, classificou a denúncia da PGR como “mais uma clara demonstração de uso descarado das instituições para perseguição política”. Ele também repostou uma nota de repúdio assinada pelo deputado Federal Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara dos Deputados, e uma footo com o ex-presidente e a legenda “Estamos com você, Bolsonaro”.

Gilvan da Federal (PL), colega de Evair de Melo na Câmara dos Deputados, postou o trecho de uma entrevista em que Bolsonaro defende anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023. “Anistia, Já! Jair Messias Bolsonaro tem razão, precisamos restabelecer a harmonia e a democracia no Brasil. As pessoas que estão presas pelo 8 de janeiro estão presas injustamente. O mundo está de olho!”, defendeu.

O também deputado federal Messias Donato foi mais um a falar em “perseguição política”. Ele republicou a nota divulgada pela defesa de Bolsonaro e declarou apoio ao ex-presidente. “Estou com você, presidente Bolsonaro!”.

Da Asssembleia Legislativa, a maior reação de apoio partiu do deputado estadual Welington Callegari (PL). Em um vídeo nas redes sociais, Callegari argumentou que a denúncia é “mais uma tentativa de impedir que Bolsonaro participe da eleição presidencial de 2026”. Ele afirmou ainda que a PGR é omissa em supostos casos de corrupção envolvendo o governo Lula (PT), e que “a Comissão Interamericana [de Direitos Humanos – CIDH] esteve no Brasil reunindo acusações de ditadura, de censura, de abuso dos direitos humanos.”

De fato, o presidente da CIDH, Pedro Vaca, esteve no Brasil neste mês de fevereiro para apurar supostas violações apontadas pelos bolsonaristas, mas a comitiva embarcou a pedido do próprio Governo Federal. Vale destacar que o próprio Bolsonaro foi denunciado em 2020 por ativistas de direitos humanos à mesma CIDH.

Colega de Callegari no bloco de oposição da Assembleia, o deputado estadual Âlcantaro Filho (Republicanos) afirmou que “não é novidade pra ninguém que o desgoverno está desesperado por conta da desaprovação da gestão. Economia patinando, o povo acordando…Agora querem se apegar a uma denúncia contra Bolsonaro. A Democracia virou moeda de troca!”.

Outro deputado estadual de oposição, Lucas Polese (PL), respostou manchetes de jornal que supostamente indicavam não haver nenhuma prova contra Bolsonaro. Outro bolsonarista convicto, Capitão Assumção (PL) está com as redes sociais bloqueadas justamente por suspeita de envolvimento com milícias digitais bolsonaristas que espalham desinformação. Na sessão desta quarta-feira (19), se limitou a agradecer aos colegas que o confortaram por conta do falecimento de sua mãe.

O deputado estadual Danilo Bahiense também é do PL, mas não se manifestou nas redes sociais sobre o assunto. Bahiense assumiu um cargo na Mesa Diretora da Assembleia, onde está cercado por parlamentares governistas.

Não está bom para ninguém

O cenário político capixaba que tem se desenhado desde as eleições 2024 tem sido desfavorável tanto para bolsonaristas quanto para petistas e demais partidos políticas que orbitam em torno do lulismo. Nas disputas para as prefeituras do Estado no ano passado, o PL concorreu com 50 candidatos, mas só conseguiu eleger cinco, todos em cidades do interior.

O partido bolsonarista conseguiu chegar a um segundo turno para governador em 2022 com Carlos Manato, um feito e tanto num Estado acostumado a encerrar a disputa no primeiro turno, e as candidaturas para as disputas proporcionais têm apresentado bastante força. Ainda assim, as acusações de envolvimento de Bolsonaro com a trama golpista e a intransigência de suas principais lideranças tende a fazer com que eleitores migrem para outras candidaturas de direita.

Para os lulistas, o cenário é ainda pior. Em 2024, o PT não conseguiu eleger prefeitos no Espírito Santo. Com a popularidade do presidente Lula em queda, a tendência é de uma disputa eleitoral difícil em 2026.

Nem uma eventual prisão de Bolsonaro deverá ajudar muito o PT, uma vez que a extrema direita e o “centrão” continuam se fortalecendo, independente da situação de seu principal representante. Nesse cenário, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), pré-candidato a governador, pode sair beneficiado, tendo em vista que a sua afinidade ideológica com a extrema direita se dilui em um discurso mais ameno.

Mas o governador Renato Casagrande (PSB) conta com elevado índice de aprovação e tem força suficiente para fazer um sucessor. Ricardo Ferraço (MDB), Sergio Vidigal (PDT) e Arnaldinho Borgo (Podemos) são os principais nomes apontados como possíveis candidatos de situação para o governo estadual, liderando uma frente ampla que poderá contar com o PT em uma posição minoritária.

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