O voto favorável à reforma da Previdência dos deputados federais Felipe Rigoni (PSB) e Tábata Amaral (PDT-SP), contrariando determinação de seus partidos, foi perfeitamente normal, dentro da cartilha formatada pelo grupo RenovaBr, ao qual os dois parlamentares são ligados. Esse movimento é parte de um projeto de grandes empresários em alterar o perfil da classe política brasileira, a fim de adequá-la a uma visão corporativista de mercado.
Se de um lado o voto de Rigoni e Amaral provocou polêmica e ameaça de punição pelos partidos, de outro é visto como os primeiros frutos da agenda montada de acordo com os interesses do corporativismo empresarial.
Em 2018, o RenovaBr serviu de base para a candidatura presidencial do apresentador de TV Luciano Huck, com o então governador Paulo Hartung como vice. Sem condições de se concretizar, o projeto se transformou num programa de bolsas para formação de políticos e também para alimentar a candidatura Huck/Hartung em 2022.
Atualmente com nove deputados federais, um senador e uma abrangência partidária que envolve PSL, PDT e PSB, e uma cartilha alinhada com as pauta econômica do governo, o RenovaBr acolheu, desde o início, a reforma da Previdência, confirmada por declarações à imprensa pelo seu fundador, o empresário Eduardo Mufarej.
“Não há muita convergência na pauta de costumes, mas tende a ter bastante na econômica, especialmente sobre a necessidade da reforma da Previdência”.
Apresentado como um fator de renovação no modo de fazer política, o RenovaBr, no entanto, tem os objetivos questionados, considerando o nível de envolvimento do setor empresarial, cuja influência no Congresso é vista como excessivamente prejudicial ao país.
Com a ampliação da chamada política de mercado, o papel do Estado como condutor da economia será drasticamente reduzido, provocando perdas à população, principalmente na área social.
Os debates durante a votação da Reforma da Previdência dão uma demonstração desse poderio, com maiores facilidades de aprovação de seus projetos no parlamento.