A velha União Democrática Nacional (UDN), que apoiou o golpe militar de 1964 e serviu de base para a criação da Aliança Renovadora Nacional (Arena), está de volta e já realizou o primeiro encontro, em Campinas, São Paulo, no último sábado (24). Segue a mesma linha política ultraconservadora do PSL de Jair Bolsonaro e dos ideais militaristas de direita de sua fundação, em 1945, para fazer oposição ao regime do presidente Getúlio Vargas.
A recriação da UDN, partido extinto pela ditadura militar em 1965 com o Ato Institucional número 2 (AI-2), foi projetada desde 2016 pelo capixaba Marcus Alves, presidente do novo partido, que aguarda o registro junto à Justiça Eleitoral. A documentação exigida, inclusive as 500 mil assinaturas de filiados, está sendo concluída, segundo ele declarou ao jornal Folha de S.Paulo.
Combate à corrupção e outros chavões como a busca de “pessoas de bem” para se filiarem ao partido exprimem a forma de atuação da nova UDN, que se alinha ao presidente da República, apesar da crise que o país vive atualmente. “O Bolsonaro está no caminho certo”, disse Marcus Alves ao jornal paulista.
Marcus Alves foi presidente do PRP no Espírito Santo e ocupou a subsecretaria da Casa Civil do Governo do Estado na gestão Paulo Hartung. Foi demitido em 2017, acusado de prática de “rachid” (apropriação de parte do salário de servidor público) e de ameaçar de morte um funcionário da Assembleia Legislativa.
A denúncia foi feita pelo ex-servidor da Assembleia Francisco Felix da Costa Netto e, na época, Marcus Alves afirmou que era vítima de uma “orquestração para derrubá-lo”. De fato, em março de 2018, sindicância na Casa não encontrou provas que o incriminassem. Da mesma forma, inquérito realizado na Polícia Civil foi encerrado sem “quaisquer indícios de autoria ou de materialidade delitiva”. As duas investigações foram encerradas e Marcus declarado inocente das denúncias.
A nova UDN mantém a marca da sigla que participou ativamente do golpe de 1964, com forte apoio de militares, alinhamento com a política norte-americana, patriotismo exacerbado e conservadorismos de costumes. Atingida pelo AI-2, que extinguiu todos os partidos políticos, seus integrantes migraram em peso para formarem a Aliança Renovadora Nacional (Arena), que deu sustentação ao regime militar.
Essa medida foi adotada para legitimar ações políticas contrárias à Constituição. Para isso, o governo ditatorial acabou com os 13 partidos políticos existentes e determinou a implantação do bipartidarismo. Foram criados a Arena, da situação, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), da oposição.