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Pastor aponta perseguição e membros da IBPC questionam Convenção Batista

Usiel entregou as chaves, mas não existe nenhuma possibilidade de o templo ser fechado. “A IBPC segue normalmente”

“O que tenho enfrentado tem nome: perseguição religiosa. Os que a praticam o fazem movidos por ódio, insensatez e protagonizam vários tipos de violência”. O desabafo é do pastor Usiel Carneiro de Souza, presidente do Conselho da Igreja Batista da Praia do Canto, afastado das funções por meio de uma decisão judicial, no último dia 6, adotada em denúncia formalizada por 25 ex-integrantes da denominação religiosa.

O pastor se mantém na igreja e vem recebendo o apoio de cerca de 500 membros, que o apoiam contra apoiadores do conservadorismo, contrários ao perfil progressista do pastor, dentro da doutrina bíblica da igreja acolhedora estabelecida por Jesus Cristo.

A membresia questiona a decisão, apoiada, também, pela Convenção Batista no Espírito Santo, apontando distorções na “Declaração Doutrinária da própria entidade: “Por que a Convenção Batista no Espírito Santo, no caso do pastor Usiel, resolveu interferir na igreja local, fazendo valer a vontade de 25 pessoas, ao invés das outras 500 que demonstraram apoio a ele no culto de domingo (8) e também através de um abaixo-assinado. Não estaria a Convenção infringindo os princípios estabelecidos por ela mesma?”.

A pergunta circula entre os membros da igreja, juntamente com dúvidas sobre porque a Convenção, “ao invés de decidir e expulsar o pastor presidente, tomar a gerência e domínio desta igreja (IBPC), não toma a postura de expulsá-la de sua Associação, já que, segundo a Convenção, este pastor e igreja não estão de acordo com as doutrinas batistas?”.

A declaração doutrinária da convenção, de acordo com membros da igreja, diz que os batistas se caracterizam pela intensa e ativa cooperação entre suas igrejas, “não havendo nenhum poder que possa constranger a igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de seu Santo Espírito (…) Para a execução desses fins, organizam associações regionais e convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as igrejas; devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos”.

Em entrevista a Século Diário, o pastor Usiel esclarece que os acusadores, “ignorando claramente o funcionamento da igreja e mesmo o seu estatuto, pediram meu impedimento para atos administrativos que sequer tenho poderes para eles. Restou-me entregar a chave da sala que uso em meu trabalho pastoral e que contém livros e pertences pessoais. Já estamos preparando o recurso adequado para buscar a suspensão da liminar. Restará o julgamento do mérito”.

Para ele, as pessoas que o denunciaram “desconhecem o valor do diálogo e a importância do respeito devido ao outro. São incapazes de conceber que nenhuma discordância, especialmente em nome de Deus, justifica a violência e o uso de calúnias e mentiras”.

O pastor ressalta que não existe nenhuma possibilidade de o templo ser fechado. “A IBPC segue normalmente. Não sou o único pastor da igreja e, ainda que fosse, a igreja que temos aprendido a ser não é pastor-dependente. Os fieis entendem seu papel como cristãos e a palavra e ação de cada um é parte fundamental do que cremos ser o modo que Deus se manifesta para o bem de todos nós”.

Sobre os supostos “desvios doutrinários”, como afirma a denúncia, Usiel diz que, “para tanto, precisaria que o grupo que me acusa me esclarecesse. Pois a leitura da Declaração Doutrinaria da Convenção Batista Brasileira não traz nenhum ponto diante do qual eu esteja agindo em contradição. Eles afirmam que eu estou, mas não mostram prova alguma. Ao contrário, pelo modo como procedem, percebo que eu me conduzo com muito mais fidelidade e zelo às doutrinas e práticas batistas do que eles próprios, que não respeitam decisões democraticamente tomadas e estatutariamente amparadas”.

O pastor acredita que existe influência politica/ideológica para querer tirá-lo da igreja e explica que “não existe vida em sociedade sem política ou ideologia. Portanto é certo que ambas estão presentes. Todavia, o que não deveria haver é a manipulação da verdade e o uso de meios escusos para impor vontades. Mas confio na justiça e especialmente na providencia divina”.

Ele aponta: “Veja, por exemplo: o juiz que concedeu a liminar, Dr.Maurício Camatta Rangel, que ao meu julgar foi levado a erro pelo grupo, com suas alegações falsas e mal elaboradas, e acabou gerando prejuízo a mim e a toda comunidade cristã sob minha liderança”.

Membro da IBPC que rebate as acusações ao pastor, escreveu um texto sobre as ações da IBPC, sob o título “Deve mesmo ser uma igreja muito herética”, que diz: “Acredita na oração e prega sobre isso; acredita na graça redentora de Deus, por meio de Cristo, para todos. É acolhedora a todas as pessoas (…) uma prostituta, um casal gay, que entrar no templo, não será maldito, mas instado a louvar conosco. Uma igreja que se associa para apoiar um instituto com o nome de Maltrapilho, no bairro da Penha. Uma igreja que distribui cestas básicas aos que precisam; uma igreja que mantém uma fundação que acolhe a 230 crianças em São Pedro e planeja dobrar em 2024; uma igreja que dá liberdade política aos seus membros, mas que não permite que uns discriminem os outros por isso (…) e que não permite o uso político do púlpito. Realmente, essa é uma igreja herética”. 

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