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Pazolini nomeia coordenadora de políticas para população negra

Pedagoga e militante do movimento negro, Heloisa Ivone de Carvalho assume pasta que ficou dois anos vazia

No primeiro dia útil do ano de 2023, dois de janeiro, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), nomeou uma pessoa responsável para a Coordenação de Políticas dos Direitos da População Negra, vinculada à Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid). Quem assume o cargo é Heloisa Ivone da Silva de Caravalho, pedagoga, pesquisadora e doutoranda pela Ufes. Ela é coordenadora do Fórum de Mulheres Negras e militante da Unegro, entidade nacional do movimento negro.

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A pressão para que o cargo, que ficou vago na primeira metade do mandato do prefeito, fosse ocupado de fato, veio desde o início da gestão Pazolini, com cobranças do movimento negro e das vereadoras de oposição Karla Coser (PT) e Camila Valadão (Psol) – esta que deixa a Câmara este ano para assumir mandato como deputada estadual.

“A vereadora Karla fez algumas proposições mas o que demarcou um espaço importante foi o questionamento na última prestação de contas do prefeito [em 22 de dezembro de 2022]. O prefeito não respondeu sobre a questão e ainda atacou a vereadora”, lembra Wesley Lacerda, integrante do Movimento Negro Unificado (MNU). “Estamos felizes que foi indicada uma pessoa que tem compromisso com a população negra. Nosso próximo desafio é garantir que a coordenação tenha investimentos, o que é determinante para as as políticas, que são políticas que afetam a vida de toda a cidade, que tem maioria da população formada por pessoas pretas e pardas”, cobrou.

Karla Coser fez questão de ressaltar que seu mandato faz “oposição propositiva” e disse estar feliz porque o chefe do executivo municipal reconheceu que estava errado e nomeou uma responsável para o cargo. “Desde o início da gestão, o prefeito Pazolini tem muito orgulho em dizer que não está nomeando determinados cargos comissionados. A gente entende que enxugar a máquina pública é uma missão importante, porque em alguns casos existiam excessos. No entanto, ele faz isso de uma maneira que compromete a qualidade dos serviços em diversas áreas estratégicas. Uma coordenação de Direitos da Pessoa Negra é fundamental para o desenvolvimento de uma cidade, precisamos de políticas para as populações mais vulneráveis de Vitória”, disse a vereadora.

Ela declarou que é necessário que a pasta tenha à frente uma pessoa capaz de fazer com que as políticas públicas de Vitória tenham recorte racial, o que considera fundamental para avançar na equidade racial. “Fomos surpreendidos com a nomeação de um militante do movimento negro, muito respeitada. A gente fica bastante feliz”.

Para Wesley, a luta continua não só para que a coordenação tenha recursos, equipe e condições de implementar boas políticas públicas, como para que também sejam retomadas e criadas políticas e equipamentos que não são diretamente geridas pela pasta, mas atendem a população negra, como o Centro de Referência da Juventude municipal e o Núcleo Afro Odomodê.

Além disso, movimentos e ativistas ainda cobram outras nomeações e políticas por parte do executivo municipal. “Medimos o tamanho do descaso com a política de Direitos Humanos da gestão Pazolini quando na metade de sua gestão é nomeada uma pessoa para a coordenação de Direitos da População Negra”, afirma Déborah Sabará, ex-presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos e coordenadora de Ações e Projetos da Associação Gold, que trabalha na defesa dos direitos humanos, especialmente da população LGBTQIA+. “Será que antes de terminar seu mandato haverá representatividade para a coordenação de Políticas de Diversidade Sexual?”, questiona.

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