Eliz Altoé arrecadou R$ 48,8 mil; coligação de Casteglione concentra nomes com mais recursos
A assistente social Eliz Altoé (PT) é a candidata a vereadora de Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, que declarou a maior receita de campanha até o momento: R$ 48,8 mil. O valor é mais do que o dobro do que foi declarado pelo segundo candidato de seu próprio partido com maior receita, Paulo Poian da Nassau, com R$ 23,9 mil.
Os dados foram coletados por Século Diário na plataforma de Divulgação de Contas e Candidaturas (DivulgaCandContas) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme as declarações dos próprios candidatos até essa quinta-feira (19). Essas informações são indicativos importantes sobre as principais apostas dos partidos para as eleições.
A segunda pessoa com maior receita de campanha da eleição proporcional de Cachoeiro também é uma mulher: a ex-secretária municipal Roselane Araújo (Podemos), com R$ 35 mil. Em seguida está o ex-vereador Alexandre Bastos (PSB), com R$ 28,5 mil.
Essas três candidaturas servem para ilustrar situações bastante distintas da campanha eleitoral. Eliz Altoé é coordenadora da Regional Sul do Centro de Defesa dos Direitos Humanos Pedro Reis (CDDH Pedro Reis) e também foi candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2016 e 2020. Na última tentativa, teve apenas 346 votos.
Do total de suas receitas, pouco mais de R$ 32 mil foram repassados pela Direção Nacional do PT; R$ 13 mil pela Executiva estadual; R$ 3,3 mil pela campanha do candidato a prefeito Carlos Casteglione (PT); e outros R$ 500 foram doação de um eleitor.
Já a pedagoga Roselane Araújo teve 913 votos em 2020 como candidata a vereadora pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ficou como suplente. Também disputou uma vaga na Câmara Municipal em 2016, pelo PT, e na Assembleia Legislativa em 2022, pelo PSB.
Ela foi secretária de Desenvolvimento Social na gestão do prefeito Victor Coelho (PSB) no início deste ano, e se preparava para entrar nas eleições novamente pelo PSB. Na última hora, migrou para o Podemos, que está com o candidato a prefeito Diego Libardi (Republicanos). Toda a receita de campanha de Roselane partiu da Direção Nacional do Podemos, o que indica que ela é a grande aposta da sigla na eleição proporcional deste ano.
Alexandre Bastos, por sua vez, é um político experiente, com cinco mandatos como vereador, tendo inclusive presidido a Câmara Municipal de 2017 a 2018. Com uma longa trajetória no PSB, ele migrou para o Partido Verde (PV) na eleição de 2020 e ficou como suplente, com 1.048 votos.
De volta ao PSB, Bastos aposta todas as fichas em um retorno à Câmara de Vereadores. Do total de receita que conseguiu até agora, R$ 11,5 mil (40%) saíram de seu próprio bolso. Não há, até agora, registro de repasses de seu próprio partido para a campanha. A candidata a prefeita governista Lorena Vasques doou apenas R$ 250, assim como fez com diversas candidaturas de sua coligação.
‘Com a Força do Povo‘
De acordo com os dados do TSE, a coligação “Com a Força do Povo” concentra, por enquanto, o maior número de candidaturas com receita na faixa dos cinco dígitos, ou seja, com mais de R$ 10 mil. A presença do menor número de candidatos pode ser uma explicação, tendo em vista que isso facilita a distribuição do “bolo”.
Outro ponto a se destacar é que o PT, por ter a maior bancada da Câmara Federal, ficou com a maior fatia do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), R$ 619,8 milhões (12,49%). A campanha de Carlos Casteglione (PT), candidato a prefeito da coligação, distribuiu cotas que variaram de R$ 3,2 mil a R$ 120 para as candidaturas da eleição proporcional da Federação Brasil da Esperança – Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido (PV).
Dessas candidaturas, alcançaram receita acima de R$ 10 mil Paulo Poian da Nassau (que colocou 10,5 mil do próprio bolso, do total de R$ 23,9 mil), Jean Carlos Milhorato (23,4 mil), Jéssica Grillo (13,8 mil), Joelma Oliveira (13,5 mil) e Lucinea (10,9 mil), todos do PT; além de Higner Mansur (10,7 mil), do PV. Nenhum outro partido ou federação chegou a tanto.
Também na coligação “Com a Força do Povo”, que inclui a Federação Brasil da Esperança e a federação formada por Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade, alcançaram receita acima de R$ 10 mil as candidatas Mary Lane (R$ 22,8 mil) e Deborah Hellen (18,2 mil), da Rede, e Agatha Benks (17,4 mil), do Psol – a única mulher trans na disputa.
Essa distribuição dos recursos também indica que o foco principal da coligação é a disputa proporcional. O PT não tem representação na Câmara de Vereadores desde a legislatura 2013-2016. Carlos Casteglione, que tem figurado em último lugar nas pesquisas de intenção de voto para prefeito, também é o candidato da eleição majoritária com menor receita, R$ 330,9 mil.
Em contraposição, Léo Camargo (PL) é o candidato a prefeito de Cachoeiro com a maior receita de campanha até o momento, R$ 1,1 milhão, mas os candidatos a vereador de sua coligação de extrema direita, “Cachoeiro Acima de Tudo e Deus Acima de Todos”, têm um volume pífio de doações. Amós Marcelino (PL), com R$ 11,5 mil, é o candidato com maior receita da coligação.
Vereadores atuais e novos postulantes
Dentre os vereadores atuais, Pastor Delandi (PSDB) é o que tem maior receita, com R$ 18,3 mil, seguido de Léo Cabeça (PSDB), com R$ 12,2 mil; Brás Zagoto (Podemos), R$ 7 mil; Arildo Boleba (PDT), R$ 6,8 mil; Vandinho da Padaria (PSDB), R$ 6,7 mil; Sandro Irmão (PDT), R$ 6,1 mil; Ary Corrêa (Republicanos), R$ 6 mil; Marcelinho Fávero (União), R$ 5 mil; Maitan (União) e Rodrigo Sandi (PDT), com R$ 4 mil; Professor Diogo Lube (PDT), 3,4 mil; Alexandre de Itaóca (PSB), R$ 3,6 mil; Paulinho Careca (Podemos), R$ 3 mil; Ely Escarpini (PSDB), R$ 2,2 mil; e Paulo Grola (Podemos), R$ 1,4 mil.
Chupeta (Republicanos) e Mestre Gelinho (PL) não declararam receitas de campanha até essa quinta-feira. Léo Camargo e Júnior Corrêa (Novo) concorrem este ano como candidatos a prefeito e vice-prefeito, respectivamente.
Outras figuras sem mandato que já conseguiram um volume de receitas maior são Parraro Scherrer (MDB), Dr. Adail (PDT) e João do Papel Filho (Podemos), os três com R$ 20 mil. No caso do radialista e apresentador de TV Parraro Scherrer, toda a sua receita tem origem na direção nacional do Movimento Democrático Brasileiro, sinalizando que ele é a principal aposta da sigla no município.
João do Papel Filho recebeu os R$ 20 mil de doação de seu pai, o conhecido empresário João do Papel. Dr. Adail, que é ex-vereador, colocou mais de 50% de sua receita do próprio bolso.
Financiamento coletivo
Século Diário identificou apenas três candidatas com doação através de plataformas de financiamento coletivo: Ágatha Benks (Psol), Jéssica Grillo (PT) e Dr. Larissa Patrão (Novo). Em todos os casos, as doações não alcançaram R$ 1 mil.
Larissa Patrão foi quem mais arrecadou dessa forma, R$ 998, apenas uma pequena parte do total de R$ 6,1 mil de suas receitas. Jéssica Grillo alcançou R$ 680 no financiamento, e Ágatha, R$ 360.