Processado pela PM por participar de protestos, capitão Vinícius Sousa definiu seu novo partido
Depois de conversas com vários partidos no campo da esquerda no Espírito Santo, Vinícius Sousa, capitão da Polícia Militar e um dos líderes do movimento Policias Antifascismo ES, anunciou finalmente seu destino partidário. É mais um que entra na lista de pré-candidatos a governador, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), incluído no campo da extrema-esquerda, que tem como pré-candidata à presidência da República Vera Lúcia.
Assim como seu xará e colega de corporação e movimento, Vinícius Querzone, o capitão Sousa responde por processos abertos pela PM por participar de manifestações e expressar sua opinião. “Como cidadão, é um cerceamento de meus direitos à opinião e à manifestação. Como policial militar, é uma perseguição por minhas convicções políticas”, declarou ao Século Diário, considerando que seus direitos estão garantidos pela Constituição. “O policial não é um herói, é um trabalhador, e deve ter seus direitos respeitados”, disse em outra ocasião.
Formado em Direito com pós-graduação em Gestão Pública, Sousa tem 38 anos, é casado e pai de três filhos. Lotado em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Estado, ele estreou na política eleitoral em 2020, filiado à Rede Sustentabilidade, como candidato a vice-prefeito do município, junto à candidatura de Joana Dark (PT), com apoio também do PCdoB. Apesar de ser uma candidatura do campo progressista, aquela não se parece com a nova pré-candidatura lançada por Sousa junto ao PSTU, que aparece com muito mais radicalidade.
“Sabemos que as eleições são um jogo de cartas marcadas entre os partidos da ordem, e que mudanças reais passam pela mobilização e organização da classe trabalhadora e do povo. E aqui está a grande diferença da nossa proposta e o motivo de nos colocarmos na disputa eleitoral: falar a verdade e convocar o povo para se colocar como protagonista da história, e não mero espectador que se deixa manipular. A falsa democracia é fruto de um sistema que existe para explorar o povo!”, diz o manifesto em apoio à sua candidatura, assinado pelo PSTU, Polo Socialista Revolucionário e Revolução Brasileira.
O documento denuncia a concentração de poder político e econômico nas mãos de banqueiros e grandes empresários e propõe um governo dos trabalhadores para o Espírito Santo. “Nós, trabalhadores, devemos organizar nossas forças, promover a ruptura com esse sistema e conquistar nossa emancipação. Isso não será feito de uma hora pra outra, nem através de uma eleição, muito menos será obra de um governador do estado. Apenas a Revolução Brasileira, construída pela classe trabalhadora organizada e mobilizada, pode mudar de fato esse sistema! Mas aqui e agora podemos e devemos começar essa mudança”.
O manifesto denuncia todas as demais pré-candidaturas ao governo do Espírito Santo como “variações do mesmo projeto: a manutenção das velhas estruturas e privilégios, para não mexer com os interesses dos ricos”, colocando-se como “a única que propõe essa convocação dos trabalhadores e da juventude, e que vai apresentar um programa político de enfrentamento às raízes dos problemas da maioria do povo”.
Além de Vinícius Sousa, são pré-candidatos ao Palácio Anchieta: o atual governador Renato Casagrande (PSB); o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos); o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD); o senador Fabiano Contarato (PT); o ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede); o ex-deputado federal Carlos Manato (PL); o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil); e o ex-secretário da Fazenda de Vitória, Aridelmo Teixeira (Novo). O prazo para confirmação ou troca de candidatos vai até o dia 5 de agosto, sendo que o registro de candidaturas pelos partidos deve ser feito até 15 de agosto na Justiça Eleitoral.