Extinção do partido tucano está em negociação a nível nacional
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que já foi considerada uma das siglas mais poderosas da política nacional pós-redemocratização, enfrenta uma grave crise que se arrasta há anos, e que deverá levá-lo à extinção em breve. Segundo informações da imprensa nacional, há negociações em curso para uma possível fusão com outros partidos, como o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Social Democrático (PSD), mas a incorporação ao Podemos seria a alternativa mais próxima de se concretizar.
Caso isso se confirme, o Podemos estadual, que já é grande, vai ficar ainda mais poderoso. Na Assembleia Legislativa, a sigla é representada pelos deputados Alexandre Xambinho e Allan Ferreira, e passaria a contar com a presença dos hoje tucanos Vandinho Leite e Mazinho dos Anjos. Além disso, serão incorporadas mais três prefeituras capixabas ao total de 11 conquistadas pelo Podemos em 2024 , com as chegadas dos prefeitos Kleber Medici (Santa Teresa), Joadir Lourenço (Laranja da Terra), Marcos Guerra (São Roque do Canaã) e Doutor Lucio (Mantenópolis), todos eles filiados ao PSDB atualmente.
Nesse contexto, o grande beneficiado com essa movimentação a nível estadual tende a ser o deputado federal Gilson Daniel, presidente do Podemos no Estado. Desde a desfiliação do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, ocorrida no ano passado, Daniel “reina” sozinho na sigla.
Um dos sinais de que pretende manter o poder centralizado em si pode ser lido a partir de uma entrevista publicada nesta sexta-feira (7) pelo colunista Vitor Vogas, do portal ES360. Gilson Daniel informou que o Podemos não vai fazer parte do secretariado estadual, mas isso não se deve a um rompimento com o governador Renato Casagrande (PSB). Gilson confirmou que gostaria, ele mesmo, de ser secretário, mas, uma saída dele ou do também deputado Victor Linhalis da Câmara Federal abriria vaga para o suplente do Podemos, Coronel Ramalho, que migrou para o Partido Liberal (PL) e abraçou o bolsonarismo nas eleições 2024, disputando em Vila Velha contra Arnaldinho Borgo, prefeito reeleito do Podemos.
O Podemos poderia indicar qualquer outro filiado para ser secretário. O Progressistas (PP), por exemplo, pediu ao governador que Marcus Vicente, ex-deputado federal, fosse substituído na Secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb) por Marcos Aurélio Soares, ex-vereador de João Neiva, no norte do Estado. Mesmo com uma trajetória política mais modesta, Marcos Aurélio é da confiança do presidente estadual do PP, o deputado federal Da Vitória.
No caso de Gilson Daniel, com a decisão de não indicar ninguém para o secretariado de Casagrande, ele parece dizer que “se não posso ser eu o secretário, então ninguém mais do Podemos vai ser”. Na entrevista, Daniel destacou, ainda, que se considera um político de “Executivo”, e que o Podemos é o único partido com dois possíveis candidatos a governador na lista Casagrande: ele mesmo e Arnaldinho Borgo.
Outros fatores também não podem ser desconsiderados. Um deles é a possibilidade de a própria extinção do PSDB não vingar, tendo em vista que há movimentos entre filiados a nível nacional para tentar reverter a situação. Além disso, há políticos tucanos abandonando a sigla antecipadamente, insatisfeitos com o rumo das negociações, e o mesmo pode acontecer no Espírito Santo.
Ou seja, não é possível cravar que o Podemos e Gilson Daniel se beneficiariam automaticamente de uma eventual incorporação do PSDB. Além do mais, em qualquer cenário, o poder do deputado federal também tem as suas limitações. Nas eleições municipais de 2024, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, ele não conseguiu conter o movimento de Allan Ferreira em apoio ao candidato a prefeito Diego Libardi (Republicanos), que faz parte do campo de oposição à gestão de Renato Casagrande.
De todo modo, por enquanto, Gilson Daniel e seu partido podem dizer que as perspectivas são boas.
